13.11.05

Apostasia colectiva em Sevilha


No passado Sábado 8 de Outubro cerca de 200 pessoas reuniram-se na Alameda de Hércules em Sevilha, de onde partiram em direcção ao Palácio arcebispal a fim de aí entregar uma 140 petições de apostasia.
Sob o lema «Apaga y vámonos» a assembleia Pró-Apostasia APAGA convocou esta saída colectiva da Igreja Católica na qual estive presente um conjunto muito heterogéneo de pessoas que partilhavam todas a mesma vontade festiva de abandonar voluntariamente a Igreja
Em frente ao Palácio de las Sirenas, local da convocatória, foi montada uma mesa informativa de como realizar uma apostasia, assim como forma distribuídos formulários, guias e folhetos. Não faltaram também adereços elegantes e foi possível observar como as pessoas vinham festivamente vestidas para um momento tão especial como é o acto da sua apostasia.
O cortejo dos apóstatas decorreu com música e canções num ambiente convivial de grande alegria. A dado passo um grupo de fascistas começou a lançar insultos e provocações aos quais respondemos com canções sobre a liberdade cantadas em uníssono.
À chegada ao Palácio Arcebispal uma comissão representativa do cortejo apóstata entregou os requerimentos de apostasia a um elemento da Viçaria, tendo-se solicitado às pessoas para contactarem com a APAGA caso o Bispado não desse resposta aos seus requerimentos no prazo de algumas semanas.
O acto foi noticiado favoravelmente por alguns meios de informação local, com algumas excepções, mais que previsíveis. De forma geral, o acto de apostasia colectiva teve um bom acolhimento junto da população, tendo valido a pena a sua realização para que todos saibam e conheçam como realizar a sua apostasia.
Mais a mais e face às denúncias recebidas de que o Arcebispado costumava levantar obstáculos para a concretização da vontade dos interessados em abandonarem a Igreja Católica e tornarem apóstatas, o próprio Arcebispo de Sevilha teve necessidade de vir para a comunicação social desmentir tais entraves e declarar que os trâmites burocráticos serão aligeirados tornando mais expedito e rápido o acto administrativo da apostasia, o que representa sem dúvida uma grande vitória para o movimento de apostasia.
Recorde-se que a APAGA mantém um serviço de informação apóstata no gabinete dos direitos sociais localizado no Centro Vecinal Pumarejo (Plaza del Pumarejo) e prepara já uma nova apostasia colectiva para o início do ano de 2006. Temos também conhecimento que grupos de interessados, residentes em Huelva, Códoba, Granada, Málaga, Barcelona e Madrid se preparam para levar a efeito acções semelhantes.

Madame la misère (de Léo Ferré))

A Senhora Miséria ( letra e Música de Léo Ferré)


Madame la misère écoutez le vacarme
Que font vos gens le dos voûté la langue au pas
Quand ils sont assoiffés il ne soûlent de larmes
Quand ils ne pleurent plus il crèvent sous le charme
De la nature et des gravats

Ce sont des suppliciés au ventre translucide Qui vont sans foi ni loi comme on le dit parfois Régler son compte à Monseigneur Ephéméride Qui a pris leur jeunesse et l’a mise en ses rides Quand il ne leur restait que ça

Madame la misère écoutez le tumulte
Qui monte des bas-fonds comme un dernier convoi
Traînant des mots d’amour avalant les insultes
Et prenant par la main leurs colères adultes
Afin de ne les perdre pas

Ce sont des enragés qui dérangent l’histoire Et qui mettent du sang sur les chiffres parfois Comme si l’on devait toucher du doigt pour croire Qu’un peuple heureux rotant tout seul dans sa mangeoire Vaut bien une tête de roi

Madame la misère écoutez le silence
Qui entoure le lit défait des magistrats
Le code de la peur se rime avec potence
Il suffit de trouver quelques pendus d’avance
Et mon Dieu ça ne manque pas

Telhados verdes são pulmões para as cidades

Fonte:
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,1772334,00.html



Há bastantes vantagens na criação dos chamados "telhados verdes" em espaços urbanos densamente habitados.

"De facto, as áreas verdes do município do Rio de Janeiro somam 27,51% do total da área da cidade. Ora considerando que o índice de área verde ideal para cada ser humano é de 12m2/habitante, o Rio estaria muitíssimo bem, com nada menos que 57,4m2/habitante. No entanto, observa-se a presença de ‘ilhas de calor’ em determinados pontos da cidade, provocadas pela falta de vegetação. Por mais que se tenha uma área verde dentro de um município, a sua concentração em determinadas regiões só é benéfica para quem mora próximo", explica a arquicteta Sylvia Rola, que desenvolve na Universidade Federal do Rio de Janeiro um projecto de pesquisa sobre sistemas de «naturação»


«Naturação» sob condições tropicais

Um procedimento amplamente disseminado em países escandinavos, os "telhados verdes" têm uma longa história também na Alemanha. E vão, aos poucos, conquistando adeptos na América Latina. O México, por exemplo, é um país onde a implantação de jardins nos telhados das edificações das grandes cidades desperta enorme interesse e aceitação.
"No momento, o governo mexicano estuda a criação de leis que regulamentam a «naturação» em grande escala", conta Christel Kappis, especialista do Instituto de Ciências Agrárias e Projectos em Ecologia Urbana da Universidade Humboldt de Berlim.
Além do México, os telhados verdes começam a surgir também na Bolívia (em La Paz, os primeiros projectos estão em andamento) e em Cuba, onde pesquisadores buscam soluções específicas para a naturação sob condições tropicais.
Para Sylvia Rola Bildunterschrift: a naturação no Brasil ainda "é tímida, pois várias são as incógnitas a respeito de sua adaptação à realidade biotecnológica brasileira. O principal ponto de estudo é a possibilidade de se montar um sistema usando materiais e plantas tipicamente brasileiros. Isso porque se o impermeabilizante for importado, já inviabiliza economicamente a sua aplicação em grande escala".
Visando fomentar o intercâmbio científico em relação aos "telhados verdes", foi criada pela Universidade Humboldt de Berlim, com financiamento da União Europeia, uma rede de cooperação entre instituições académicas dos dois continentes. No projecto estiveram envolvidos pesquisadores de universidades da Alemanha, Brasil, Espanha, Grécia, Bolívia, Cuba, México e Equador.
Através de experimentos práticos (learning by doing), foram criados grupos de trabalho voltados para a pesquisa sobre o melhor tipo de vegetação a ser utilizado em cada "telhado verde nacional". Desde então, conta Kappis, existe um intercâmbio informal entre especialistas de todas estas universidades.
Com apoio técnico da Universidade Humboldt, por exemplo, foi formada a Rednatur (Red Latinoamericana de Naturación). A ideia é criar ainda uma plataforma na internet, na qual poderão ser publicados os resultados das pesquisas relacionadas à naturação nos dois continentes.


Criação de corredores verdes

Bildunterschrift: As vantagens dos "telhados verdes" para o espaço urbano são diversas, diz Rola: "O sistema de naturação é como uma alternativa real para sanar não só problemas como as ilhas de calor, mas também de poluição atmosférica, redução do calor transmitido para o interior das edificações. A naturação urbana trata de transformar em biótopos os edifícios e espaços urbanos, a fim de que, unidos através de corredores verdes, eles facilitem a circulação atmosférica e melhorem o microclima da cidade".



Além de reduzirem o consumo de energia, provocando um decréscimo no uso do ar condicionado em regiões quentes, os telhados verdes também são capazes de isolar o frio em regiões com Invernos rigorosos.
Sob um telhado coberto de vegetação, as baixas temperaturas demoram mais para chegar aos espaços internos. Um facto de pouca ou nula importância para o Brasil, mas essencial para os países europeus e para determinadas regiões montanhosas no México e na Bolívia.
O aumento do volume de plantas no espaço urbano, explica a pesquisadora Rola, acaba afectando de forma benéfica o microclima das cidades. Além disso, para as regiões de chuva intensa, as áreas naturadas podem servir de retentoras da água de chuva, prevenindo, desta forma, a ocorrência de enchentes.
E esta retenção significa uma economia para o consumo de água, uma vez que se garanta a potabilidade desta água, através dos devidos sistemas de colecta e armazenamento.
Bildunterschrift: Um dos problemas vistos pela população em geral em relação aos "telhados naturados" são os cuidados exigidos para que eles se mantenham em funcionamento. Quando se fala em área verde sobre uma edificação urbana, por exemplo, pensa-se automaticamente em jardins ou terraços, usados como "ilhas verdes" em meio às selvas de concreto.
"Tais jardins são possíveis, mas requerem muito trabalho para serem criados e cuidados, além de serem relativamente caros", observa a especialista Kappis.
Para este tipo de "telhado intensivo", tanto o processo de impermeabilização quanto o de drenagem são bastante onerosos. "Nos projectos de pesquisa na América Latina, nós especializamo-nos noutro tipo de telhado naturado, ou seja, nos chamados sistemas de vegetação extensiva", diz Kappis.
Estes sistemas, que requerem menos cuidados no dia-a-dia, são freqüentemente tidos como "pouco estéticos". Embora possam passar a imagem de um mato desordenado, defende a pesquisadora alemã, "o sentido e o objectivo deste tipo de sistema estão menos no uso destes espaços como jardins, mas principalmente no alto potencial destas áreas na produção de efeitos ecológicos".
Feios ou não, os "telhados verdes extensivos" contribuem para a redução do efeito de poluentes, mostrando-se como uma das poucas alternativas viáveis a serem desenvolvidas para melhorar a qualidade do ar em espaços urbanos densamente habitados.
Disseminada em países como a Alemanha e a Espanha, a naturação tem certamente um futuro promissor no Brasil. "Acreditamos que a consciência ambiental se vai solidificar também em países latino-americanos. Principalmente quando se podem sentir os efeitos económicos de procedimentos como a naturação", conclui Christel Kappis.
Para isso, pesquisadores se debruçam sobre o tema dos dois lados do Atlântico. "Buscando respostas às demandas ambientais e tentando redireccionar as cidades para o desenvolvimento sustentável. Para que se possa criar uma maior integração entre espaço urbano, cidadão e natureza", finaliza a arquitecta Sylvia Rola.

Soraia Vilela


http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,1772334,00.html