28.2.05

Dumping social e dumping ambiental

Fala-se em dumping social quando os preços baixos dos bens resultam do facto das empresas produtoras estarem instaladas em países onde não são cumpridos os direitos humanos mais elementares, assim como direitos dos trabalhadores internacionalmente reconhecidos, nomeadamente aqueles que estão previstos pela Organização Internacional do Trabalho, pelo que os custos sociais da mão-de-obra são extremamente baixos permitindo consequentemente uma descida artificial dos preços produzidos em condições laborais ilegítimas e que vão contra a dignidade humana.


Fala-se em dumping ambiental quando os preços baixos dos bens resultam do facto das empresas suas produtoras estarem instaladas ( ou terem-se instalado) em países cuja legislação não exige o cumprimento de normas de defesa do ambiente, nem seguem os habituais padrões de qualidade do ambiente existentes nos países desenvolvidos, pelo que tais empresas economizam custos ao não efectuarem investimentos no domínio ambiental a que estariam obrigadas se estivessem instaladas em países desenvolvidos.

Escusado é dizer que tanto o dumping social como o dumping ambiental constituem as razões mais fortes ( e frequentes) para a deslocalização das empresas, isto é, a transferência das suas instalações de fabrico e produção de uns países onde os direitos dos trabalhadores, a qualidade de vida e o ambiente são melhor salvaguardados para outros países onde tal não acontece.


A prática do dumping está pois relacionada com a situação na qual produtos de um determinado país são introduzidos no comércio de outro país a um preço inferior ao valor ( preço) que seria normal se fossem respeitadas as normas laborais e ambientais. Assim o preço do bem importado é inferior ao preço do bem se este fosse fabricado no país cumpridor daquelas normas.

O dumping representa, por si mesmo, uma prática prejudicial e condenável, estando vinculado com outras práticas desleais de comércio como o underselling e o preço predatório.

A bicicleta é subversiva!

A bicicleta é subversiva! Quem diria?...


(tradução livre do texto sob o título” Vicissitudes das bicicletas” de Fernando Buen Abad Dominguéz e editado em www.barriocarmen.net)

Apesar de marginalizadas pela cultura do automóvel, as bicicletas não desistem de se afirmarem nas sociedades ocidentais contemporâneas. É certo que não poucas vezes desempenham a função de simples brinquedo, há muito tempo guardado no mundo dos sonhos infantis, que é oferecido como prenda no Natal, por ocasião de outras festas…ou então, como simples artefacto desportivo capaz das maiores façanhas olímpicas ou de simples e relaxantes passeios matinais.
Espantosamente acabam sempre por ficar estacionadas nos mais estranhos lugares, talvez como recordação de uma certa culpa por uma vida e uma ginástica perdida. Mas a verdade é que a bicicleta contém todo um outro potencial nas específicas circunstâncias das nossas cidades em termos de distância, clima e educação. Na realidade, nas condições económicas, políticas e culturais que as sucessivas crises nos lançaram, assim como por imperativos de ordem ecológica, urbanística e de saúde pública, a bicicleta bem pode ser a resposta e solução para um sem número de problemas relacionados com os transportes.
Na balança das vantagens e inconvenientes das bicicletas move-se naturalmente toda a força de inércia que prende as pessoas anónimas a determinadas variáveis difíceis de se alterar. Mas não é menos verdade que na balança movem-se poderosíssimas inércias artificiais engendradas por projectos económico-ideológicos empenhados a impedir o desenvolvimento da mais barata solução do problema económico e social que é o transporte. Com efeito, o custo e as vantagens da bicicleta deixam os outros tipos de veículos a milhas de distância. O que a torna perigosa e subversiva.
Enquanto as grandes empresas de automóveis se embriagam com records de vendas dos seus veículos, e os políticos mancomunados com os empreiteiros se afadigam a esventrar as terras construindo auto-estradas, estradas principais e secundárias, a bicicleta aguarda a sua vez para pôr em cheque uma estrutura económica e social em vias de se desmoronar.

O maior desafio da bicicleta não é no entanto, só de carácter técnico ou económico. Ela enfrenta ainda o poderoso fetiche publicitário que converteu o automóvel em símbolo do status social, isto é, da condição social do seu proprietário ou usuário. Enfrenta pois o poder ideológico de um sinal de classe.
Por mais esforços que se façam a ideia da democratização do transporte automóvel e do desenvolvimento do transporte público têm minado o potencial da bicicleta, sem negar evidentemente as vantagens de um e do outro.
É bom que se note, porém, desde que Blanchard e Masurier idealizaram a sua Celerífiro em 1779, antecedente da bicicleta moderna, mais os contributos de Macmillan em 1839, até às bicicletas de carbono ultraligeiras para funções com alto rendimento, passando pelos tandem, side cars, triciclos, etc,etc, a procura de sistemas de transporte com custos baixos e com maiores benefícios inquestionáveis para a saúde, nunca parou. Imagine-se até que, recentemente, alguém inventou com algum laivo surrealista, bicicletas fixas com um só roda para efeitos de ginástica pessoal e de beleza física.

Com as suas vantagens e benefícios a frágil bicicleta questiona e interpela o urbanismo, a arquitectura, os programas políticos e até, pasme-se, a moral. Não foram poucas as objecções moralistas quando as mulheres pretenderam também andar de bicicleta Para os olhos dos conservadores da época era algo de obsceno ver uma mulher montada num meio de locomoção, desenvolvendo movimentos musculares a bordo de uma simples bicicleta.

Virtualmente todo o espaço pode ser utilizado por uma bicicleta, sem necessidade de reservar vias especiais para o seu uso. Desgraçadamente não existe qualquer regulamentação ou legislação que favoreça o uso da bicicleta. E isto apesar das virtualidades socializadoras que a bicicleta pode encerrar entre os seus utilizadores. Com efeito, a bicicleta estimula o passeio, facilita a circulação e o acesso a zonas saturadas de tráfico automóvel, diminui radicalmente os custos energéticos, os custos em estacionamentos e parkings, e elimina toda a burocracia que gira em torno do todo-poderoso carro. No fundo, a bicicleta é perigosa.

Uma boa bicicleta envolve sempre, pelo menos, duas pessoas. Uma cultura da bicicleta mobilizaria a história. Com tracção humana.

Consultar mais em :
www.barriocarmen.net/fernandobuenabad

A essência da guerra ( por Orwell)

«A essência da guerra é a destruição, não necessariamente de vidas humanas, mas do produto do trabalho humano. A guerra prefigura a forma ideal de despedaçar, de lançar na estratosfera ou de afundar nos abismos marítimos produtos que, de outro modo, poderiam servir para dar às massas um conforto excessivo, e por conseguinte, a longo prazo, torná-las extremamente lúcidas. Mesmo que o armamento não chegue a ser de facto destruído, o seu fabrico, ainda assim, ocupa, na prática, forças de trabalho sem nada produzir que possa ser consumido.
Se todos tivessem igual acesso ao lazer e à segurança, a grande maioria dos seres humanos, que normalmente vivem embrutecidos pela pobreza, instruir-se-iam e aprenderiam a pensar pela sua própria cabeça; a partir daí, cedo ou tarde concluiriam que a minoria privilegiada não desempenhava qualquer função, e acabariam com ela.»

George Orwell, 1984,ed. Antígona

Cuidado! As palavras enganam....

Cuidado! As palavras enganam: ocultam a realidade...

Sim, é preciso ter cuidado com as palavras. As palavras podem induzir muitas vezes a enganos e levar a interpretações erróneas. Exemplos?

Por exemplo:

E se, afinal, os liberais no governo e no poder, em vez da Ordem Social que tanto gostam de falar, fossem os verdadeiros defensores da Desordem Social?
E se os anarquistas, apesar do aparente significado de anarquia ser sinónimo de desordem, serem eles realmente os arautos da Ordem Social?

E se os militares de todos os exércitos fossem os verdadeiros terroristas, aqueles que semeiam o perigo e a ameaça de terror sobre países e populações indefesas, enquanto os supostos terroristas, e acusados como tal, mais não fossem que simples campónios a defenderem, com machados e enxadas tecnologicamente actualizadas, as suas terras e os seus valores ancestrais?

E se os verdadeiros professores e pedagogos já não se encontrassem hoje nas escolas a ensinar alunos, mas antes nos balneários e nos relvados dos estádios a prepararem afanosamente os seus pupilos para serem cada vez melhores em cada semana, em cada prova e em cada teste que semanalmente os jogadores tiverem que se submeter? Enquanto nas escolas o que existem são sim autênticos treinadores e adestradores que domesticam os jovens na disciplina social da competição e do individualismo selvagem do mercado de trabalho?

E se aos que actualmente chamamos de desportistas não fossem aqueles que nós vemos na Sport TV, mas antes exímios actores do Espectáculo semanal e lucrativo , enquanto os verdadeiros desportistas, em vez de se encontrarem nos relvados, estão antes nas praias, nos jardins, nas ruas?

E se aquilo a que chamamos TV é, afinal, de contas uma verdadeira fábrica de cidadãos apáticos e estúpidos, tão sofisticada e tão poderosa, que mal a conseguimos associar à indústria e à produção em série, enquanto os recintos em que foram instaladas as modernas e tecnologicamente avançadas indústrias são verdadeiros parques tecnológicos de entretenimento para quem circular, dentro deles, diariamente.

E se os padres e moralistas fossem, afinal, os verdadeiros pecadores da imoralidade, enquanto as mulheres endiabradas e todos os homens acusados de blasfémia e que são condenados à excomunhão são os verdadeiros sacerdotes da Religião Celestial do Sublime, um ideal que todo o ser humano pretende alcançar?

Por tudo isso é que preciso, talvez, uma Revolução nas Palavras como condição prévia para a Revolução Social

27.2.05

As primeiras lutas ecológicas em Portugal

Apresenta-se a seguir uma breve listagem das primeiras lutas ecológicas que se travaram em Portugal:


*-As lutas travadas pelos agricultores e pela população local contra o projecto do complexo da Refinaria de Sines - elaborado pelo Gabinete da Área de Sines que reunia à época a nata dos tecnocratas do país - e a consequente urbanização e destruição dos ecossistemas locais e todo o habitat da região.
Tratava-se de um projecto gigantesco e megalómano aprovado pelo Governo fascista de Caetano em 20/4/1971
No jornal de Beja "O Camponês" escrevia-se no início de 1975: "Centenas e centenas de hectares das melhores terras com hortas, pomares e arrozais estão ao abandono há mais de 2 anos pela expropriação feita pelo Gabinete da Área de Sines. Camponeses, muitos dos quais com mais de 60 anos, que sempre e durante toda a sua vida trabalharam a terra, foram obrigados a deixá-la e procurar o sustento em trabalho como a construção civil, que está fora das suas possibilidades. Camponeses pobres, forçados pela chantagem e a pressão contínua, que os obriga a vender as suas terras por preços que não lhes permite adquirir sequer uma habitação condigna"

* As lutas das populações ribeirinhas do Rio Alviela, desde 1969, contra a sua poluição e a intoxicação alimentar de que são vítimas e a criação da C.L.P. A. (Comissão de Luta Contra a Poluição do Alviela) em Julho de 1973

* A contestação contra a eucaliptização da Serra da Ossa levada a cabo pela empresa de celulose Socel

* As lutas e contestação popular contra a poluição provocada pela celulose de Cacia e da poluição do Rio Vouga ( em 1958 500 habitantes de Cacia fizeram um abaixo-assinado).

* A contestação em 1973 da população de Constância e da Praia do Ribatejo contra a instalação da fábrica de Celulose Caima Pulp na confluência do Zêzere e do Tejo

* A contestação dos pescadores do Estuário do Sado contra a crescente poluição marítima

* Contestação popular da aldeia de Runa, Torres Vedras, antes do 25 de Abril, contra a a poluição do seu rio Sizandro.

* Contestação do povo de Maceirinha, Leiria, contra as poeiras de cimento que caíam ininterruptamente sobre as casas e a população vindas da fábrica de Cimento situada naquela localidade

*Contestação popular contra o complexo cimenteiro da vila de Souzelas, nos arredores de Coimbra

*Contestação popular contra a poluição por arsénico na Mina do Pintor em Nogueira do Cravo, entre Oliveira de Azeméis e S. João da Madeira

* Contestação luso-galega contra a celulose planeada para o município de Toén, Pontevedra nas margens do Rio Minho

* Contestação da população do Barreiro à poluição atmosférica provocada pelas industrias instaladas no concelho, com um abaixo-assinado de 1971

*Luta popular anti-nuclear em15 de MARÇO DE 1976 em Ferrel, Peniche, contra uma projectada central nuclear, luta prosseguida em 28 de Março de 1976 quando é criada a CALCAN ( Comissão de Apoio à Luta contra a Ameaça Nuclear)

Como é que os capitalistas se mantêm no Poder...ou como é que o Poder político-económico se reproduz.

Breve explicação sociológica sobre a Reprodução Social


As sociedades estão estratificadas em classes sociais de tal modo que se pode falar em pirâmide social, uma vez que a maior parte da população encontra-se na base da pirâmide, enquanto apenas um pequeno número de pessoas fazem parte da elite económica e política que governa a sociedade.

Perguntar-se-á então como é possível que esta estrutura de classes se mantenha ao longo do tempo sabendo que a maioria da população se encontra subordinada, se não mesmo submetida a um pequeno grupo de governantes.

A resposta é dada pela sociologia.


Com efeito, a classe dominante, que é minoritária, governa a sociedade e só se mantém graças à ideologia (= conjunto de ideias) dominante que consegue impor a todos os restantes elementos da sociedade. É essa ideologia dominante que explica e legitima o poder da elite económica e política.

Por exemplo: o antigo poder dos reis só se conseguia manter e reproduzir-se ao longo de séculos uma vez que a sua ideologia era interiorizada pelas classes inferiores, que faziam suas as idéias que lhe eram transmitidas e incutidas: nesse caso a explicação que era vendida às pessoas era que o rei é o soberano por efeito de um poder natural ou sobrenatural.

E as pessoas interiorizavam resignadamente essa ideologia dominante.

Hoje em dia passa-se a mesma coisa, apenas se mudou a fonte de legitimidade do poder.

Assim, só na medida em que a classe dominante consegue convencer as classes inferiores que só ela ( a classe dominante) pode ter poder económico e político, estará ela em condições de se manter no topo da pirâmide social.

Actualmente, a fonte de legitimidade que se pretende incutir para legitimar e justificar o poder das classes dominantes é o fato destas terem capital (= é a posse de capital que legitima o poder da elite económica) ou de terem sido eleitas democraticamente (= é o número de votos que confere legitimidade aos governos, sem cuidar evidentemente se os votos são ou não resultado de uma decisão esclarecida)


Esses critérios de legitimação para se ter poder económico ( = ter capital) e político (= ter votos) são perfeitamente arbitrários e aleatórios - sim, porque quem me garante que é quem tem mais dinheiro ou quem tem votos que está em melhores condições para governar????

E porque não mudar o critério para quem tem mais inteligência?
Ou para quem tenha mais músculos?
Ou para quem saiba fazer melhores poemas?


Só no dia em que as classes inferiores não aceitarem engolir resignadamente essa ideologia dominante é que a legitimidade política e económica das classes dominantes entrará em crise.

Nesse dia, provavelmente, qualquer outro grupo social que queira conquistar o poder terá que, simultaneamente, impor a sua ideologia, convencendo a população da base da pirâmide social da sua legitimidade em apoderar-se do poder.

Nesse momento aparecerá uma nova ideologia dominante, para servir de base e cimento à também nova classe dominante.


Há ainda , evidentemente, a hipótese libertária de cada um tomar em mãos a sua própria vida em cooperação com os seus e a natureza.

24.2.05

Viver sem telemóvel, para salvaguardar o silêncio e a reflexão

Resistir às falsas urgências e temporalidades da vida moderna;
pela defesa do silêncio, da espera e para reinventar novos modos de vida alternativos à toda poderosa velocidade moderna.


Entrevista com o sociólogo Francis Jauréguiberry, sociólogo, investigador e professor na Universidade de Pau, França.


P -Qual é razão do seu interesse relativamente às pessoas não-utentes do telemóvel?

R – Sempre estive interessado em acompanhar e estudar todos aqueles que revelam uma vontade e um comportamento de resistência aos modos e às injunções sociais. Hoje em dia, perante a injunção generalizada de que tudo é comunicacional, alguns pessoas, em pouco número, é certo, mas de uma maneira muito significativa, rejeitam cair nessa tendência e nessa moda.

P – Nem todos os não utentes são pessoas idosas, é verdade?

R – Sim, é justamente isso que é extremamente interessante. Ao contrário de uma visão tecnicista que faz dos não utentes do telemóvel pessoas retrógradas, incapazes de acompanhar as inovações, eu tenho encontrado indivíduos que estão perfeitamente integrados no espírito dos tempo presente, que têm vidas muito activas, e que não sofrem de qualquer espécie de tecnofobia, tanto mais que muitos deles têm e utilizam os computadores ligados à Internet. Ora o que se passa é que é preciso ter algo mais que a simples vontade para rejeitar a posse e o uso de um telemóvel. A motivação tem de ser, pelo menos, muito forte. Aliás, não é propriamente o telemóvel, enquanto objecto, que é recusado por essas pessoas, mas sim a temporalidade que ele implica. Com efeito, para essas pessoas a paragem, o silêncio, a espera e o diferimento não são, de todo, aspectos negativos. Com o seu procedimento essas pessoas acabam por reintroduzir uma outra dimensão temporal ligada à maturação, à reflexão e á meditação. Muitos deles receiam que a imposição da urgência, da imediatidade venham a matar a imaginação, tal como a conversa da treta poderá substituir a troca recíproca. Não querem prejudicar o compasso de espera. E há até quem diga que o telemóvel não passa de um poderoso meio de controle. E isso não só a nível profissional como ainda na própria esfera pessoal.


P – O que é que se sabe acerca das consequências psicológicas dos telemóveis?

R – É difícil responder. Estou actualmente a fazer um estudo na Califórnia sobre os chamados «burn out», isto é, todos os que se vão abaixo por efeito de uma vida demasiado apressada, cheia de stress, e que encaram o seu dia-a-dia como se fosse um combate permanente. Certamente que não terá sido o telemóvel que esteve na origem daquele desenlace, mas foi, sem dúvida, um instrumento perfeito daquela vida conturbada que viveram. Curiosamente, quando essas pessoas se vão abaixo, elas cortam com o telemóvel. E para sair dele é indispensável retirarmo-nos do ritmo temporal, isto é, da temporalidade que ele é um simples espelho, e substituí-la por uma sincronia universal em busca de uma união em tempo real de todos os ramos da grande rede. É preciso aprender a seleccionar, a dizer não, a aceitar a solidão e o silêncio. Dá para pensar o facto de serem as pessoas que renunciam ao telemóvel, aquelas que atraem e são motivo dos nossos estudos.


(tradução da entrevista publicada no Le Monde2 de 19 de Fevereiro de 2005)

Uma montanha de lixo sepulta duas aldeias na Indonésia

Segundo uma notícia enviada ontem pela agência de notícias Reuters uma aldeia indonésia ficou soterrada depois de uma avalanche de lixo que se terá desprendido de uma enorme lixeira existente junto de duas pequenas povoações na província indonésia de Java Ocidental, e causado pelo menos 40 mortos e outro tantos desaparecidos.

O Exército espanhol recruta estrangeiros imigrantes por falta de interesse dos espanhóis na tropa

A partir do próximo mês de Abril imigrantes estrangeiros entrarão nas fileiras do exército espanhol nas Astúrias por manifesta falta de interesse revelado pelos jovens espanhóis em alistarem-se face à falta de efectivos que o Exército espanhol está sentindo segundo as palavras do general chefe da Região militar do Noroeste de Espanha, Juan Yague Martinez del Campo. O mesmo general revelou que mais imigrantes estrangeiros serão contratados nos meses seguintes para fazer face às necessidades de pessoal das Forças Armadas espanholas. Refira-se ainda que o Exército de terra na nossa vizinha Espanha conta actualmente com 49.00 elementos, muito abaixo dos 68.000 profissionais que deveria ter segundo a programação militar.

(informação veiculada pela Voz das Astúrias)

23.2.05

O conceito de «Desenvolvimento sustentável»

(origem e significado)

Nos anos 1980, surgiu um novo conceito que pretende defender o meio ambiente, ao mesmo tempo em que inscreve o homem no centro das suas preocupações.
O termo "desenvolvimento sustentável" teria sido utilizado explicitamente pela primeira vez no Building a sustainable Society, o manifesto do partido ecológico da Grã-Bretanha, escrito por Lester Brown, do Worldwatch Institute, em 1981. Seis anos depois, em 1987, a Comissão mundial sobre o meio ambiente e o desenvolvimento - presidida pelo Primeiro-Ministro da Noruega, Gro Harlem Brundtland - popularizou a ideia em seu relatório Our Common Future (O futuro de todos nós). Mas foi apenas em 1992 que os governos do mundo inteiro oficializaram o conceito de desenvolvimento sustentável, durante a Cúpula da Terra - Eco 92, realizada no Rio de Janeiro (Brasil). Em Agosto de 2002, a África do Sul recebe a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável. Por ocasião da maior conferência organizada em nome das Nações Unidas, a comunidade internacional pretende fazer o balanço do estado do Planeta e dos seus habitantes, dez anos depois dos compromissos assumidos no Rio, e definir as políticas públicas globais para as quais esses compromissos podem ser implementados em escala internacional. Se devemos o conceito de desenvolvimento sustentável em grande parte a Lester Brown, este baseou-se, para construí-lo, nas propostas que Ignacy Sachs e Maurice Strong tinham elaborado, nos anos 1970, para o que eles chamaram na época de "eco-desenvolvimento". Sachs e Strong propunham, assim, uma abordagem voluntarista a fim de realizar simultaneamente desenvolvimento económico, equidade social e prudência ecológica. Nessa perspectiva, a intervenção institucional parecia fundamental, pois ela devia assumir acções destinadas a controlar a utilização dos recursos, a empregar técnicas "limpas" de produção, e a privilegiar as necessidades ao invés das procuras nos hábitos de consumo.Strong presidiu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Stockholm, 1972), mas a ideia não chegou a firmar-se, especialmente devido à rejeição pelos países industrializados e os seus lobbies económicos, de um eventual controle de suas actividades. Foi o Clube de Roma que conseguiu fazer-se ouvir, particularmente através da publicação do relatório Os Limites do Crescimento, no qual argumentava que o mundo já tinha alcançado todo o crescimento necessário para proporcionar uma vida confortável e satisfatória aos seres humanos. Ele desaconselhava, assim, que se privilegiasse políticas orientadas para o crescimento, o Planeta não tendo capacidade para absorver maiores desenvolvimentos nesse sentido... Mas a Conferência foi finalmente encerrada com um compromisso a favor da preservação da natureza e da criação de várias agências nacionais e internacionais - dentre elas o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) - que permitissem atingir esse objectivo.O conceito de desenvolvimento sustentável foi popularizado e integrado na linguagem das Nações Unidas graças ao Relatório Brundtland, de 1987. Esse Relatório formulava a definição do conceito mais conhecida e ainda largamente aceite actualmente: "um desenvolvimento que responde às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de responder às suas". Ele estabelece também sete acções estratégicas a serem implementadas a fim de alcançá-lo: (i) aprofundar e melhorar o crescimento;
(ii) satisfazer as necessidades essenciais em termos de emprego, de alimentação, de energia, de água e de salubridade;
(iii) manter a taxa demográfica num nível sustentável;
(iv) conservar e valorizar os recursos naturais;
(v) reorientar a tecnologia para gerenciar os riscos; e (vi) integrar o meio ambiente e a economia aos processos de decisão.Em 1992, durante a Rio 92 - dirigida por Maurice Strong - esse projecto de desenvolvimento foi finalmente oficializado como cenário e eixo da política pública global. Nessa ocasião, a comunidade internacional, pela voz do maior número de Chefes de Estado e de Governos já reunido até então, adoptou principalmente uma declaração política enumerando 21 princípios que estabelecem os direitos e deveres das nações na continuidade do desenvolvimento humano e do bem-estar. Trata-se da Agenda 21, acompanhada de um plano de acção que visa fazer do desenvolvimento um procedimento social, económica e ecologicamente durável. Esse plano de acção constitui um programa que "reflecte um consenso mundial e um compromisso político no nível mais elevado da cooperação em matéria de desenvolvimento e de meio ambiente" (Agenda 21, Preâmbulo, Parágrafo 1,3).Três dimensões devem ser levadas em conta em toda estratégia de desenvolvimento sustentável:
(1) uma estratégia desse tipo pensa em termos propriamente "humanos": ela escolhe a equidade inter-estatal e inter-geracional.
(2) ela supõe também o reconhecimento de que as capacidades da economia industrial em satisfazer as necessidades humanas são limitadas pela natureza. Para que o desenvolvimento seja durável, é essencial que os recursos disponíveis sejam bem administrados, a fim de que se possa continuar a satisfazer as necessidades a longo prazo. Por este motivo,
(3) os esforços de desenvolvimento sustentável implicam a avaliação dos efeitos das actividades económicas sobre o meio ambiente, e deve buscar meios de financiamento e de melhoria das técnicas industriais que permitem preservar os recursos naturais.A chave do sucesso depende também da aplicação de três princípios que correspondem a cada uma das dimensões:
(i) o princípio de solidariedade entre as populações do mundo e entre gerações presentes e futuras; (ii) o princípio de precaução, que parte da constatação de que a Terra não sendo um laboratório, é obrigada a tomar medidas preventivas ou de abstinência quando os efeitos de uma acção sobre o meio ambiente não são conhecidos;
(iii) o princípio de participação do conjunto dos actores na tomada de decisões colectivas.Na Rio 92, a comunidade internacional também aprovou o princípio das responsabilidades comuns mais diferenciadas, em virtude do qual todos os países do mundo são responsáveis pela saúde do Planeta, mas têm papéis diferentes a desempenhar a esse respeito. Os países desenvolvidos, responsáveis pelo modelo dominante de desenvolvimento, devem fazer evoluir os seus modos de consumo e de produção, e transferir recursos, tecnologias "limpas" e capitais aos países em desenvolvimento (PED), de modo que estes possam encontrar por si mesmos o caminho para um desenvolvimento sustentável. Os PED, em contrapartida, devem aceitar transformar as suas economias e os seus modos de produção poluentes, apesar do custo elevado que isso possa significar.O conceito de desenvolvimento sustentável introduziu um sentimento de novidade na cena geo-política e intelectual internacional. De facto, a busca do desenvolvimento era tradicionalmente concebida como um esforço de industrialização e de mercantilização da economia, único modo de permitir às sociedades entrar na modernidade, melhorar as condições de vida dos seus membros, e dar aos seres humanos a possibilidade de controlar seu destino. Por seu lado, o desenvolvimento sustentável integra todas as dimensões da vida social, relacionando-as com o meio ambiente natural no qual elas se inserem. Essa abordagem integrada propõe, além disso, um diálogo intercultural susceptível de reconciliar os diferentes modelos de desenvolvimento, que desse modo se torna uma escolha política que as sociedades farão democraticamente e em coerência com suas próprias concepções sociais. O desenvolvimento sustentável - também definido de modo amplo - parece englobar o próprio sentido da vida. De facto, a agenda do desenvolvimento sustentável tornou-se tão vasta que se pode perguntar o que poderia ficar de fora dela. Debaixo desse guarda-chuva, vêm-se actualmente abordadas questões tão díspares quanto o papel das mulheres na sociedade moderna, o comércio internacional, a água potável, a redução da dívida externa, a desertificação e a desflorestação, a redução da pobreza ou a defesa dos Direitos Humanos e dos valores democráticos...


Texto extraído de:
http://www.mondialisations.org/php/public/art.php?id=3919&lan=PO

22.2.05

Defendamos a paisagem contra a poluição visual dos painéis publicitários!

Infelizmente já é um hábito, quando nos deslocamos para qualquer parte quer por afazeres profissionais quer por simples passeio, encontrarmos o nosso horizonte visual invadido por placards publicitários com dimensões gigantescas que não só nos agridem (obrigando-nos a ler a sua mensagem insidiosa) como nos impedem de fruir naturalmente a paisagem.
E como se isso não fosse suficiente acontece que não raras vezes a instalação, colocação e montagem desses painéis (também conhecidos por outdoors) não cumprem com as normas ambientais, as normas de licenciamento nem ainda as regras que regulam a actividade publicitária. Ou seja: são, pura e simplesmente, ilegais.
É invocando tais motivos que várias associações ecologistas, associações de defesa do consumidor e o novo movimento social contra as agressões da publicidade, de vários países, estão a denunciar e a promover o seu desmantelamento.
O caso mais conhecido é o notável trabalho desenvolvido pela associação francesa “Paysages de France” que, em diversas regiões francesas, têm obtidos sucessivas vitórias judiciais e administrativas contra a colocação abusiva desses placards conseguindo o seu desmantelamento e retirada definitiva, não se coibindo de demandar quer os grandes anunciantes quer as próprias autarquias e autoridades administrativas que, muitas vezes, fazem «vista grossa» face à intromissão visual desses elementos dentro da paisagem.
Intromissão e poluição visual que tanto se dá na paisagem urbana, peri-urbana ou mesmo rural. Na verdade, nas nossas estradas nacionais, e até mesmo nas estradas secundárias, estão a ficar enxameadas dos símbolos e sinais da sociedade de consumo e do desperdício em que vivemos , impedindo a natural fruição da paisagem, violentando-a com elementos estranhos e mensagens agressivas.
Só para termos ideia do que foi feito em França importa referir que a «Paisagens de França» conseguiu a desmontagem de painéis e outdoors instalados pelas empresas Avenir (grupo Decaux), Cora (grupo Casino), Clear Channel (que promove os hipermercados Auchan e Carrefour), Courtepaille, Campanile, Première Classe (grupo Envergure), MacDonald’s, e até o próprio Estado francês já foi condenado pelo não cumprimento das normas que regulam a fixação publicitária pelo Tribunal administrativo de Dijon.
Foi necessário, como se verifica, a intervenção judicial e cívica de uma associação ambientalista para travar a invasão publicitária nas paisagens visuais das nossas cidades e aldeias.
Talvez fosse oportuno e importante a constituição, quanto antes, de uma associação semelhante em Portugal para combater este tipo de poluição que desfeia e torna incaracterísticas as nossas paisagens.
O que não significa que, desde já, não se lancem os alertas e as denúncias contra a ocupação e montagem deste tipo de publicidade fixa nas margens das nossas estradas e nos edifícios que ladeiam muitas das vias públicas da nossa terra.


Para mais informações, consultar:

http://paysagesdefrance.free.fr/

21.2.05

A Felicidade Interna Bruta deve substituir o Produto Interno Bruto (PIB)

A sociedade industrial impôs quase por toda a parte a noção de Produto Interno Bruto bem como o objectivo maior do crescimento económico, mas estes conceitos são vivamente criticados pelos ecologistas que defendem que tais termos pouco ou nada revelam sobre o bem estar das populações. Na verdade, a vida em sociedade não é um valor monetário e comparar os rendimentos de um índio Yanomani com os de um americano não tem qualquer sentido. Mudar o termómetro (isto é, mudar os critérios de avaliação do realidade existente) poderia sem dúvida contribui para mudar a visão do mundo de muita gente.

Se é verdade que o PIB mundial (Produto Interno Bruto ou Produto Nacional Bruto) não cessou de crescer nos últimos 50 anos, o certo é que a desigualdade crescente da distribuição das riquezas e dos rendimentos entre os indivíduos assim como a super-exploração dos recursos naturais que acompanhou aquele desenvolvimento levou-nos a um impasse social e ecológico que não tardará a mostrar-se dramático.
O mundo está doente, mas os «especialistas» entretêem-se a fazer diagnósticos sobre o crescimento económico! Ora parece Ter chegado a hora de mudar de termómetro, o mesmo é dizer mudar de critérios e modos de avaliar a realidade.

O que é o efeito Kobe?

Imaginai por um segundo um tremor de terra que faça 5.000 vítimas, 33.000 feridos, prejuízos materiais incalculáveis, uma cidade inteira em ruínas...Escolher os termos para nos referirmos a uma tal acontecimento torna-se de crucial importância: falaríamos então de uma terrível catástrofe natural, e uma enorme tragédia de dimensões e consequências humanas terríveis... Falar assim significaria, no entanto, para uma perspectiva economicista, um grande equívoco. Com efeito, a tragédia de um tal cataclismo obrigaria à reconstrução do parque habitacional, das infra-estruturas, dos milhares de Km de redes eléctricas e de saneamento, etc,etc... o que tudo somado bem poderia significar na prática que o tremor de terra acabaria por ser visto – na óptica de uma pura perspectiva económico-contabilistica - como um verdadeiro negócio de milhões: Ou seja: um inesperado estimulante para o crescimento económico!!!
O Efeito Kobbe significa, justamente, que os acontecimentos mais destrutivos, de que se possa imaginar, podem, paradoxalmente, mostrarem-se como altamente positivos para o crescimento do PIB....




O PIB ou a ditadura do mais = melhor

O PIB foi criado na maior parte dos países no pós-guerra de 1945 a fim de preparar o plano de reconstrução desses países atingidos pelos efeitos da II Guerra Mundial e consistia na operação de medição, sob a forma monetária, da quantidade de bens ou serviços produzidos num certo país durante determinado período de tempo.
Ora o que o efeito Kobbe nos mostra é que nenhuma consideração qualitativa é feita relativamente ao carácter positivo ou negativo da produção. Quer sejamos vítimas de uma inundação ( excelente para o mercado da construção civil), quer de um acidente de carro ( óptima oportunidade para os sectores do automóvel e da saúde), ou ainda de um roubo ( um facto bom, sem dúvida, para o crescimento da indústria da segurança pessoal), em qualquer destas situações o PIB tem esta estranha característica de sempre contabilizar positivamente todas as despesas... Por outro lado, e não menos estranhamente, o PIB ignora e passa completamente ao lado dos actos humanos como a gratuitidade, o benevolato e o voluntariado, assim como os trabalhos caseiros....
Ou seja: quando as praias são invadidas de derramas de petróleo como aconteceu com o Prestige na costa da Galiza, as actividades de despoluição levadas a cabo por empresas privadas são contadas positivamente para o aumento do PIB, mas já a ajuda benévola de milhares de voluntários na limpeza das praias é vista como um facto altamente negativo, uma vez que impede a realização de maiores negócios às empresas de despoluição e limpeza.
Considerado por muitos economistas como o único critério para avaliar a situação económica de um país, o PIB ignora as múltiplas dimensões da economia real, escondendo as desigualdades e as assimetrias sociais entre a população, e os custos ecológicos sobre a natureza que sempre representa um investimento industrial ou algum empreendimento económico. A poluição que daí resulta, os riscos climáticos, a destruição dos ecossistemas, o desaparecimento gradual das espécies naturais, ou o esgotamente progressivos dos recursos – tudo isso é, completamente, ignorado e ocultado pelo PIB!!!
Face ao fracasso do PIB em dar conta da verdadeira realidade económica, social e ambiental, certos autores são da opinião que a ditadura do PIB é ilegítima sobre todos os planos: moral, filosófico e político. São por isso a favor da elaboração de indicadores alternativos da conjuntura económica e do estado do Planeta, bem assim como do nível e qualidade de vida dos indivíduos concretos.
Na Grã-Bretanha, os Amigos da Terra elaboraram o Index of Susteainable Economic Welfare (ISEW), calculando em cada ano um índice de bem-estar económico sustentável
( ver o site www.foe.co.uk/campaigns/sustainable_development/progress )

livros

Não basta saber ler e escrever (...) Um espírito bem formado é um insatisfeito devorador de livros. Não apenas livros antigos, cheios de prestígio e exemplo, mas livros novos, correspondentes à nossa sede do século XX, aos nossos anseios, habilitando cada qual a tomar parte na solução dos problemas que afligem a Humanidade.

Aquilino Ribeiro

20.2.05

Junta-te aos marines: procuram-se novos recrutas para trabalhos sujos. Paga-se bem.

Os Marines dos EUA estão à procura de novos recrutas

O corpo de fuzileiros navais de EUA está à procura de novos recrutas para fazer o trabalho sujo dos ricos.

Ofereça-se para a Marinha e:

Assassine a seu bel prazer, antes de entrar para a faculdade.

Viaje para lugares exóticos e contamine os ecossistemas durante um bilião de anos com substâncias radioactivas.

Conheça pessoas indígenas desses lugares exóticos e assassine, torture, estupre, sodomize, mutile, roube, degrade, extorque e escravize as crianças deles/delas.

Saqueie museus e trafique objectos e artefactos inestimáveis.

Destrua sistemas de tratamento de água para rega, instalações de armazenamento de sementes, casas, escolas, hospitais, etc, e, depois, poderá vangloriar-se que é um grande filantropo que quer reconstruir aquele país.

Dispare para ambulâncias e para pessoas indefesas com bandeiras brancas.

Pratique tiro ao alvo em direcção a alvos humanos vivos! Ainda por cima, com munições grátis!

Detone bombas em bairros e urbanizações.

Alveje crianças, mulheres e velhos

Cometa crimes de guerra com a maior impunidade.

Torne-se um não-pensador, um robot.

Perca a sua individualidade.

Chame aos inimigos nomes e palavras racistas, sem medo de ser etiquetado de racista.

Desista dos seus direitos constitucionais.

Sujeite o seu corpo a injecções de vacinas experimentais.

Obtenha a sua foto de óbito e entregue na respectiva secção do jornal local da sua região.

Regresse a casa dentro de um caixão coberto com uma bandeira.

Receba um enterro grátis.

Seja ferido e fique numa lista de espera longa para tratamento.

Seja ferido e ouça o oficial médico a acusá-lo que está a fingir.

Receba tratamento psiquiátrico grátis por ter ido falar com o seu superior a dizer que viu os seus camaradas a serem mortos

Experimente o famoso stress post-traumático e cometa suicídio ou mate a sua mulher.

Tire proveito da miséria e das leis dos países estrangeiros e tenha sexo com prostitutas baratas com 10 anos de idade. Vanglorie-se disto com os seus amigos.

Aprenda a ser uma máquina de morte, de forma que, quando você adquirir essas competências, já poderá tornar-se num polícia-assassino, guarda prisional, autor de maus tratos sobre a sua mulher e filhos, ladrão e até capataz de alguma máfia.

100 exemplos de agressões militares norte-americanas

Breve História do Imperialismo Americano



Desde 1945 os Estados Unidos intervieram em mais de 20 países.

Desde a Segunda Guerra Mundial os Estados Unidos lançaram bombas em 23 países:
China 1945-46,
Coreia 1950-53,
China 1950-53,
Guatemala 1954,
Indonesia 1958, Cuba 1959-60,
Guatemala 1960,
Congo 1964
Peru 1965
Laos 1964-73,
Vietnam 1961-73
Cambodja 1969-70,
Guatemala 1967-63,
Granada 1983,
Líbano 1984,
Líbia 1986,
El Salvador 1980,
Nicarágua 1980,
Panamá 1989,
Iraque 1991-99,
Sudão 1998,
Afeganistão 1998
Jugoslávia 1999.


No pós Segunda Guerra os Estados Unidos ajudaram na perpetração de mais de 20 golpes de estado através do mundo; a CIA foi responsável pelo assassinato de meia dúzia de chefes de estado.


Eis um sumário da estratégia imperialista americana desde 1890:

Argentina -- 1980 - Tropas enviadas a Buenos Aires para proteger interesses económicos americanos.
Chile - 1891 -Fuzileiros Navais enviados para esmagar rebeldes nacionalistas.
Haiti - 1891 - Tropas americanas suprimiram revolta de operários negros na ilha Navassa, reclamada pelos Estados Unidos.
Havai- 1893 - Marinha enviada para suprimir o reinado independente; Havaí anexada aos USA
Nicarágua - 1894 - Tropas ocuparam Bluefields, cidade no Mar do Caribe, durante um mês.
China - 1894-95 - Marinha, Exército e Fuzileiros Navais desembarcaram durante a guerra sino-japonesa.
Coreia - 1894-96 - Tropas permaneceram Seul durante a guerra.
Panamá - 1895 - Exército, Marinha e Fuzileiros Navais desembarcaram no porto de Corinto.
China - 1894-1900 - Tropas ocuparam a China durante a Rebelião Boxer.
Filipinas - 1898-1910 - Marinha e Exército desembarcaram após a queda das Filipinas na guerra hispano-americana: 600-000 filipinos foram mortos.
Cuba - 1898-1902 - Tropas sitiaram Cuba na guerra hispano-americana: os Estados Unidos mantêm soldados na base militar de Guantanamo até hoje.
Porto Rico - 1898-até o presente - Tropas sitiaram Porto Rico na guerra hispano-americana e lá permanecem até hoje.
Nicarágua - 1898 - Fuzileiros Navais invadem o porto de San Juan del Sur.
Samoa - 1899 - Tropas desembarcaram em consequência de batalha pela sucessão no trono.
Panamá - 1901-14 - Marinha apoiou a revolução quando Panamá reclamou independência da Colômbia; tropas americanas ocuparam a Zona do Canal desde 1901, quando teve início a construção do canal.
Honduras - 1903 - Fuzileiros Navais desembarcaram e intervieram na revolução.
República Dominicana - 1903-04 - Tropas invadiram para proteger interesses americanos durante revolução.
Coreia - 1904-05 - Fuzileiros Navais desembarcaram durante a guerra russo-japonesa.
Cuba - 1906-09 - Tropas desembarcaram durante uma eleição.
Nicarágua - 1907 - Tropas invadiram e impuseram um protectorado.
Honduras - 1907 - Fuzileiros Navais desembarcam durante a guerra de Honduras com a Nicarágua.
Panamá - 1908 - Fuzileiros Navais enviados durante uma eleição.
Nicarágua - 1910 - Fuzileiros Navais desembarcam pela 2.ª vez em Bluefields e Corinto.
Honduras - 1911 - Tropas enviadas para proteger interesses americanos durante guerra civil.
China - Marinha e tropas enviadas durante repetidos combates.
Cuba - 1912 - Tropas enviadas para proteger interesses americanos em Havana.
Panamá - 1912 - Fuzileiros Navais ocupam o país durante eleição.
Honduras - 1912 - Tropas enviadas para proteger interesses americanos.
Nicarágua - 1912-33 - Tropas ocuparam o país e combateram guerrilheiros durante 20 anos de guerra civil.
México - 1913 - Marinha recolheu americanos durante revolução.
Rep. Dominicana - 1914 - Marinha luta contra rebeldes em Santo Domingo.
México - 1914-18 - Marinha e tropas intervêm contra nacionalistas.
Haiti - 1914-34 - Tropas ocuparam Haiti após uma revolução e lá se mantiveram durante 19 anos.
Rep. Dominicana - 1916-24 - Fuzileiros Navais ocupam o país durante oito anos.
Cuba - 1917-33 - Tropas desembarcam e permanecem durante 16 anos; Cuba torna-se protectorado económico.
1.ª Guerra Mundial - 1917-18 - Marinha e Exército combatem as potência do Eixo na Europa.
Rússia - 1918-22 - Marinha e tropas enviadas à Rússia Oriental para combater a Revolução
Bolchevista; o Exército realizou cinco desembarques.
Honduras - 1919 - Fuzileiros Navais em Honduras durante eleições.
Guatemala - 1920 - Tropas ocupam o país por duas semanas durante greve operária.
Turquia - 1922 - Tropas combatem nacionalistas em Smirna.
China - 1922-27 - Marinha e Exército deslocados durante revolta nacionalista.
Honduras - 1924-25 - Tropas desembarcam duas vezes durante eleição nacional.
Panamá - 1925 - Tropas enviadas para debelar greve geral.
China - 1927-34 - Fuzileiros Navais ficam estacionados durante sete anos através do país.El Salvador - 1932 - Navios de guerra deslocados durante revolta FMLN comandada por Marti.
2.ª Guerra Mundial - 1941-45 - Militares combatem potências do Eixo Roma/Berlim/Tóquio.No Dia "D", 6/6/1944, americanos e seus aliados invadem a França somente porque perceberam que os russos estavam ganhando a guerra sozinhos. Estrategicamente, a invasão foi contra a Rússia.
Jugoslávia - 1946 - Marinha na costa do país em resposta a um avião americano abatido.
Uruguai - 1947 - Bombardeiros enviados para um show de força militar.
Grécia - 1947-49 - Operações dos Estados Unidos garantem vitória da extrema direita nas "eleições".
Alemanha - 1948 - Militares destacados durante o Bloqueio de Berlim; ponte aérea durou 444 dias.
Filipinas - 1948-54 - CIA dirige guerra civil contra a revolta Filipino Huk.
Porto Rico - 1950 - Militares ajudam a esmagar rebelião de independência em Ponce.Guerra da Coreia - 1951-53 - Militares intervêm na guerra.
Iraão- 1953 - A CIA orquestrou o derrube de Mossadegh, democraticamente eleito, e restaurou o Xá no poder.
Vietname - 1954 - Os Estados Unidos oferecem armas aos franceses na batalha contra Ho Chi Minh e os vietnamitas.
Guatemala - 1954 - A CIA derruba Arbenz, democraticamente eleito, e impõe o Coronel Armas no governo.
Egipto - 1956 - Fuzileiros Navais enviados para evacuar estrangeiros depois que Nasser nacionalizou o Canal de Suez.
Líbano - 1958 - Marinha apoia o Exército de ocupação do Líbano durante sua guerra civil.
Panamá - 1958 - Tropas desembarcam após demonstrações dos panamenhos ameaçando a Zona do Canal.
Vietname - 1950-75 - Guerra do Vietname.
Cuba - 1961 - A CIA dirigiu a fracassada invasão da Baía dos Porcos, pretendendo derrubar Fidel Castro.
Cuba - 1962 - Marinha isola Cuba durante a crise dos mísseis.
Laos - 1962 - Militares ocupam Laos durante guerra civil contra guerrilhas do Pathet Lao.Panamá 1964 - Tropas enviadas e panamenhos mortos enquanto protestavam contra a presença americana na Zona do Canal.
Indonésia - 1965 - CIA orquestrou golpe militar.
Rep. Dominicana - 1965-66 - Tropas enviadas durante eleição nacional.
Guatemala - 1966-67 - Boinas Verdes invadem o país.
Cambodja - 1969-75 - Militares enviados depois que a guerra do Vietname se expandiu ao Cambodja.
Oman - 1970 - Fuzileiros Navais desembarcam preparando invasão ao Irão
Laos - 1971-75 - Americanos bombardeiam a região rural durante guerra civil do Laos
Chile - 1973 - CIA orquestrou o golpe que matou o Presidente Allende, eleito democraticamente, e ajudou na instalação do regime militar sob o General Pinochet.
Cambodja - 1975 - 28 americanos mortos na tentativa de resgatar a tripulação do Mayaquez, que tinha sido sequestrada
Angola - 1976-92 - CIA ajuda rebeldes da África do Sul na luta contra Angola marxista.
Irão - 1980 - Fracassou a tentativa americana de resgatar 52 reféns mantidos na Embaixada Americana em Teerão
Líbia - 1981 - Caças americanos abateram dois caças líbios.
El Salvador - 1981-92 - CIA, tropas e assessores colaboram na luta contra a FMLN.Nicarágua - 1981-90 - CIA e NSC dirigem a guerra contra os sandinistas.
Líbano - 1982-84 - Fuzileiros Navais ocuparam Beirute durante a guerra civil. 241 fuzileiros foram mortos em atentado ao quartel americano; Reagan retirou suas tropas para o Mediterrâneo.
Honduras - 1983 - Tropas enviadas para construiu bases em regiões próximas à fronteira.
Granada - 1983-84 - Invasão americana derrubou o governo Maurice Bishop.
Irão - 1984 - Caças americanos abatem dois aviões iranianos no Golfo Pérsico.
Líbia - 1986 - Aviões americanos bombardeiam alvos em Trípoli e cercanias.
Bolívia - 1986 - Exército americano ajuda tropas bolivianas em incursões nas áreas de cocaína.
Irão - 1987-88 - Estados Unidos intervêm ao lado do Iraque na guerra contra o Irão
Líbia - 1989 - Marinha abate mais dois jactos líbios.
Ilhas Virgens - 1989 - Tropas desembarcam durante revolta popular.
Filipinas - 1989 - Força Aérea deu cobertura ao governo durante golpe.
Panamá - 1989-90 - 27.000 americanos desembarcam para destituir o Presidente Noriega;
mais de 2.000 civis panamenhos mortos.
Libéria - 1990 - Tropas entraram no país para evacuar estrangeiros durante guerra civil
Arábia Saudita - 1990-91 - Tropas americanas destacadas para a Arábia Saudita, que era base militar na guerra contra o Iraque.
Kuwait - 1991 - Tropas intervieram no Kuwait para repelir Saddam Hussein. Mais de 130.000 iraquianos trucidados.
Somália - 1992-94 - Tropas ocupam o país durante guerra civil.
Bósnia - 1993-95 - Força Aérea bombardeia a "zona proibida aos aviões" durante guerra civil na Jugoslávia.
Haiti - 1994-96 - Marinha e tropas americanas bloqueiam o país contra contra o governo militar do Haiti.CIA restaurou Aristide no poder.
Zaire - 1996-97 - Fuzileiros Navais enviados à área dos campos de refugiados Hutus, onde a revolução congolesa começou.
Albânia - 1997 - Tropas deslocadas durante evacuação de estrangeiros.
Sudão - 1998 - Mísseis americanos destruíram centro industrial farmacêutico onde se supunha que componentes do "gás nervoso" eram fabricados.
Afeganistão - 1998 - Mísseis lançados contra supostos campos de treinamento de terroristas.
Jugoslávia - 1999 - Bombardeios e ataques com mísseis efectuados pelos Estados Unidos e OTAN conjuntamente, durante onze semanas contra Milosevic; não é conhecido o número de inocentes massacrados.
Iraque - 1998-2001 - Mísseis lançados contra Baghdad e outras grandes cidades iraquianas durante quatro dias.Jactos americanos patrulham a "zona proibida aos aviões" e prosseguem os ataques contra alvos iraquianos desde dezembro de 1998.


Estes 100 exemplos de intervenção militar americana não incluem as ocasiões em que os Estados Unidos:
(1) deslocaram militares para policiar os mares;
(2) mobilizaram a Guarda Nacional;
(3) enviaram navios de guerra às costas de numerosos países em demonstrações de força;
(4) enviaram tropas adicionais a regiões onde os americanos já estavam estacionados;
(5) realizaram operações secretas onde forças americanas não estavam diretamente subordinadas ao Comando Americano;
(6) usaram reféns para resgatar unidades;
(7) usaram pilotos americanos para tripular aviões estrangeiros;
(8) realizaram treinamento militar e programas de assessoria militar que não envolviam combate directo.

19.2.05

O Cosmopolitismo

A palavra «cosmopolitismo» vem dos termos gregos kosmos («mundo») e polis («cidade»). Em sentido amplo, também designa o interesse de alguém sobre as populações e os países estrangeiros. É tido por cosmopolita aquele indivíduo que se revela poliglota, viajante e revelando enorme curiosidade sobre diferentes culturas. Também se dizem cidades cosmopolitas aquelas urbes onde se dá uma grande mistura de culturas e nacionalidades de todo o mundo. Já num sentido mais restrito, o cosmopolitismo designa uma certa concepção política que afirma a unidade da comunidade humana e insiste no carácter convencional dos Estados nacionais. É cosmopolita, no sentido etimológico do termo, aquele que se proclama cidadão do mundo e prefere o género humano à sua pátria. O cosmopolitismo defende ainda três ideias cuja importância varia conforme os teóricos e as épocas históricas: a universalidade, a paz e a liberdade. Com efeito, o cosmopolitismo toma o mundo à escala da sua totalidade; afirma a liberdade dos cidadãos do mundo preconizando sempre a livre circulação das pessoas; e encara como um imperativo a paz, uma vez que critica os nacionalismos como responsáveis pelas guerras.
O norte-americano Garry Davis poderá incarnar esta ideia de cosmopolitismo: antigo piloto da US Air Force, e profundamente marcado pelos horrores da guerra, ele decide romper com o seu país de origem em 1948, entregando o seu passaporte americano na embaixada dos Estados Unidos em Paris, antes de acampar frente ao palácio de Chaillot, na capital francesa, onde se iria desenrolar a primeira sessão da Assembleia Nacional das Nações Unidas, e reivindicar a criação de um governo mundial.

Apesar das suas semelhanças, costuma-se distinguir em geral o cosmopolitismo e o internacionalismo de inspiração marxista. Ambos perseguem um sonho comum: uma humanidade unida vivendo em paz. Mas. Diferentemente do cosmopolitismo, o internacionalismo baseia este sonho na mobilização do proletariado que segundo a sua concepção teria um papel motor para a realização daquele objectivo. Também é verdade que o cosmopolitismo é habitualmente associado às classes burguesas. A isso não é alheio o facto do cosmopolitismo estar ligado à liberdade comercial que é encarada como favorecendo um estado internacional de paz.
O cosmopolitismo é tomado em sentido pejorativo por alguns autores nacionalistas e conservadores, que o denunciam como um perigoso produto apátrida e desenraizado que não faz senão trair a nação. “ Quem esteja por todo o lado como se estivesse em sua própria casa, ou aquele que não se satisfaz com a sua própria casa, ou que não tem sequer um país seu, torna-se cosmopolita – mal dele que se aproxime da minha pátria», escreve o poeta nacionalista alemão Ernst Moritz Arndt (1769.1869). O político nacionalista francês Joseph de Maistre não é menos meigo nas suas críticas ao cosmopolitismo. Na verdade, vilipendiado pela extrema-direita a palavra cosmopolitismo é não poucas vezes olhada com desconfiança pelas elites.

O termo cosmopolitismo tem origem na Grécia e Diógenes, o Cínico (413 a.C. – 327 a.C.) é normalmente apontado como o primeiro autor que o utilizou, quando questionado acerca de qual seria a sua pátria, ter respondido ser «cidadão do mundo». Mas deve-se principalmente aos sofistas ( professores que ensinavam a retórica no séc. XVI e XV a. C.) a ideia de cosmopolitismo. Num mundo grego dividido em numerosas cidades-estado, o seu modo de vida itinerante permita-lhes estar menos dependente dos convencionalistas próprios de cada cidade-estado. A ideia do cosmopolitismo será posteriormente desenvolvida e tematizada pelos estóicos para os quais o indivíduo se deve desenvolver enquanto pessoa singular escapando assim aos condicionalismos pré-estabelecidos, existentes em cada cidade-estado, sem prejuízo dos seus deveres de cidadão. Todos os homens participariam na razão universal, o logos, e a este título, todos seriam irmãos iguais. Mas o cosmopolitismo dos estóicos é demasiado abstracto e conduziria a um Estado mundial que pudesse permitir de facto a reunião de todos os homens e a supressão das fronteiras. O seu contributo para o cosmopolitismo reside sobretudo naquela ideia universal do homem que não está limitado pelo nascimento nem pela sua condição.
O universalismo cristão de S.Paulo e de S.Agostinho retomará esta ideia num certo sentido ao dizer que todos nós somos iguais, não tanto por sermos cidadãos do mundo, mas antes por sermos «cidadãos do céu».

Durante séculos a teoria cosmopolita desaparece para renascer, inspirada na Antiguidade Clássica, com o Renascimento e num contexto político em que numerosos principados e cidades-Estados rivais se envolvem num guerra sem quartel, ao mesmo tempo que assistimos à formação e consolidação dos modernos Estados soberanos. O filósofo holandês Erasmo (1469-1536) foi a principal e mais conhecida figura do cosmopolitismo humanista e defensor de uma monarquia universal que garantiria a paz e a tolerância.

Após um novo eclipse o cosmopolitismo é retomado por vários pensadores iluministas no século XVIII, com David Hume, Voltaire, Diderot. Mas é, sem dúvida, com Kant e a sua obra «Projecto de Paz perpétua» (1795)que se opera a melhor conceptualização de cosmopolitismo. Kant considerava que os Estados encontravam-se num estado natural que mais não é o do conflito permanente e o do direito do mais forte a prevalecer. Ora a única maneira de remediar uma tal situação seria instaurar um direito cosmopolita que regesse as relações entre Estados. Para isso Kant não preconiza um Estado supranacional, que arriscaria a tornar-se despótico, mas antes uma federação de Estados que selasse uma aliança entre os diversos povos. Os Estados preservariam a sua soberania no que aos assuntos internos dizia respeito, mas tinham respeitar o direito internacional. O direito cosmopolita regeria pois as relações entre os cidadãos de um Estado com o resto do mundo e definiria estatuto jurídico do estrangeiro consagrando nomeadamente o direito de quem quer que seja a desenvolver o comércio e a visitar todas as regiões da Terra sem que com isso pudessem ser acusados de serem inimigos.

De uma certa maneira o projecto kantiano marca o apogeu do cosmopolitismo, mas ao mesmo tempo o início do seu declínio. E se a Revolução Francesa de 1789, ao afirmar valores universais, releva de um entusiasmo cosmopolita, ela também reforça de uma forma muito forte as tendências nacionalistas e patrióticas que se acentuam a partir de então, fazendo do século XIX, não um século cosmopolita, mas antes uma época de nacionalismo, em que se regista a criação e a multiplicação de novos Estados independentes, como a polónia, a Bélgica, a Grécia,… E não é senão no século XX que o cosmopolitismo regressa em força depois dos conflitos bélicos que o sacudiram, provocando milhões de vítimas. Na realidade, foi depois do fracasso da Sociedade das nações, criada no pós-Primeira Grande Guerra, que se constituiu logo a seguir à II Grande Guerra, a Organização das Nações Unidas que assumirá para si o ideal cosmopolita ao tentar defender os direitos humanos e evitar as guerras.


A globalização alterou profundamente o papel dos Estados-nações ao evidenciar a porosidade das fronteiras inter-estatais. Cada vez se torna mais nítida a necessidade de superar os estreitos limites das perspectivas nacionais de cada Estado. Não poucos autores começam assim a tematizar e desenvolver de novo a noção de cosmopolitismo. Desde logo, o filósofo alemão Jurgen Habermas que, na linha de Kant, reformulou o modelo cosmopolita, ao registar a crise contemporânea do Estado-nação e que, no seu entender, longe de ser negativa, pode abrir possibilidades de progresso. Segundo ele só a comunicação e a intersubjectividade podem fundar uma comunidade cosmopolita, que se concretizará através da criação de um espaço público mundial.
As questões ecológicas, o respeito pelos direitos humanos, assim como os problemas económicos e sociais devem ser perspectivados à escala mundial. Habermas considera que os direitos humanos, na medida em que se referem aos próprios indivíduos em concreto, estabelecem uma comunidade cosmopolita que supera o quadro dos Estados-nações.
Outro exemplo da tematização actual do cosmopolitismo é a reflexão levada a cabo pelo sociólogo alemão Ulrich Beck na sua recente obra «Poder e contrapoder na era da globalização», em que ele preconiza o chamado « cosmopolitismo metodológico», assim chamado por ter como objectivo apreender os problemas à escala blobal e já não nos moldes desactualizados dos ultrapassados Estados-nações. Mas este cosmopolitismo metodológico não significa necessariamente a transição para um Estado mundial cosmopolita. Trata-se fundamentalmente de uma nova atitude científica, que se intensifica e se alarga a todos os níveis e em todas as interdependências, quer eleas sejam de carácter político, militar, económico ou social. Com efeito, as comunicações de massas e os riscos ambientais não conhecem fronteiras. O papel crescente de certas instituições internacionais, a criação de tribunais internacionais, bem como a própria ideia dos direitos do homem, os fluxos migratórios, as ONGs e a emergência de poderosas elites transnacionais só confirmam esta tendência cosmopolita.

E já não é novidade os movimentos sociais ganharem uma cada vez maior dimensão mundial de que é bem o exemplo a evolução do movimento anti-globalização para a defesa de que um outro mundo é possível, ao constatar que o planeta é um bem comum cujos valores não são compatíveis com a actual ordem económica.


Tradução do texto «Le cosmopolitisme” de Catherine Halpern in Sciences Humaines, nº 158, Mars 2005

Não votes nos ladrões de Bagdad (e seus cúmplices)

Não votes pela guerra
Não votes nos canalhas que apoiaram a guerra
Não votes nos cúmplices da morte inútil de tanta gente
Não votes no Bush,
Não votes nos aliados do Bush
Não votes nos ladrões de Bagdad
Não votes nos que mandam soldados e guardas para ocupar um país estrangeiro
Não votes nos herdeiros da ditadura salazarista
Não votes nos salazaristas reciclados em democratas
Não votes na seita da Opus Dei
Não votes nos que puseram o país em recessão económica
Não votes nos que lançam no desemprego milhares de trabalhadores
Não votes nos que só promovem emprego precário e contratos de merda
Não votes nos que querem degradar o ensino público para encher de lucros o privado
Não votes nos que desbaratam o dinheiro nos futebóis
Não votes nos que fazem da TV uma operação de lavagem ao cérebro
Não votes nos que são contra a liberdade de circulação das pessoas
Não votes nos que compram submarinos e fragatas e esquecem a precariedade em que vivem muitos portugueses

Não te iludas nem te enganes com a tanga deles.

12.2.05

A destruição da cultura pela guerra e pelos exércitos(o caso do Iraque )

Um milhão de livros, 10 milhões de documentos e 14.000 peças artísticas perderam-se no Iraque como consequência directa da invasão, ocupação do país pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha e exércitos de outros Estados.
Trata-se do maior cataclismo cultural desde que os descendentes de Gengis Khan vandalizaram Bagdad em 1258, nas palavras do investigador venezuelano Fernando Báez.

Ainda hoje há soldados norte-americanos ou polacos que roubam tesouros e os vendem nas fronteiras com a Jordânia ou o Kuwait, onde mercadores de arte sem escrúpulos pagam 57.000 dólares por uma tabuleta suméria, e as relíquias da antiga Mesopotâmia.

O inventário da destruição e a denúncia apresentada contra as tropas norte-americanas de ocupação mostram que estas violaram a Convenção de Haia de 1954 sobre a protecção do património cultural, tendo já custado a Fernando Báez a acusação de difamar os Estado Unidos e a recusa de ingressar neste país. Querem agora impedi-lo de entrar no Iraque para mais investigações. O acusado responde que já é tarde uma vez que possui suficientes provas (filmes, documentos e fotos) que hão-de comprovar com o tempo as atrocidades cometidas.

O autor de livros como «La destruccion cultural de Iraq» e «História Universal da la destrucción de los libros» acusa directamente os Estados Unidos de violarem a Convenção de Haia que obriga os beligerantes a proteger os bens culturais em caso de conflito armado. Tal violação acarreta sanções penais, e certamente por isso é que a Administração de Washington nunca mostrou interesse em assinar aquela Convenção, nem o Protocolo de 1999 que a actualizou. O problema é que não só são os Estados Unidos que a violaram, mas também os outros países que os acompanharam na guerra e ocupação do Iraque, alguns deles subscritores daquela Convenção.

Se é certo que, numa primeira fase, o saque se deveu a civis iraquianos, a verdade é que não só por omissão e negligência como por actos cometidos pelos seus soldados, os Estados Unidos são responsáveis pelos danos incalculáveis sofridos. E tudo isto apesar dos alertas lançados pela Unesco, pela Onu e pelo Instituto Oriental de Chicago ( e do seu principal assessor cultural, Martin Sullivan) para que se protegessem as bibliotecas, os museus e os locais de valor arqueológico.

Em Nassíria, em Maio de 2004, um ano após o fim ooficial das hostilidades, o exéricito norte-americano ao combater a milícia de Muqtada al-Sadr destruiu 40.000 manuscritos sagrados. E em Ur ( no sul do Iraque) os próprios soldados americanos, logo que souberam que Abraham teria nascido no local, resolveram retirar os ladrilhos antiquíssimos que serviam de decoração.

Alguns carabineiros italianos foram apanhados em Maio de 2004 quando tentavam exportar objectos e relíquias culturais roubadas pela fronteira do Kuwait. E também o Museu Britânico demonstrou que os soldados polacos destruira, as ruínas da antiga Babilónia, ao sul de Bagdad.
Mais recentemente descobriu-se que tropas polacas não hesitaram em entrar no Palácio de Nabucodonosor ( século VI antes de Cristo) com camiões pesados, e depois trataram de tapar os danos com areia de uma forma que tornará irrecuperável o piso original. Ainda por cima cavaram trincheiras na porta de Ishtar. Já para não falar dos inúmeros graffitis feitos pelos soldados nas paredes das ruínas e do Palácio proclamando «eu estive aqui» ou «amo Mary»!

Curiosamente um dos efeitos inesperados desta destruição cultural operada pelos exércitos capitaneados pelos Estados Unidos foi o regresso do representante americano à Unesco, que o ex-presidente Reagan decidira abandonar!!! Este regresso deve-se certamente à tentativa americana para ocultar ou atenuar as suas responsabilidades nas destruições já verificadas nos domínios artísticos, históricos e cultural.

Militares norte-americanos têm ajudado, entretanto, a polícia iraquiana a recuperar algumas peças roubadas como a Senhora de Warca, que é considerada a Mona Lisa da Mesopotâmia, um vaso onde se representa, pela 1ª vez na história da arte, o rosto humano com cerca de 5.000 anos de existência. De qualquer forma os prejuízos são incalculáveis. Só para se ter uma pálida ideia do acontecido basta referir que na Biblioteca de Bagdad foram queimados um milhão de livros, entre os quais edições antigas das Mil e Uma Noites, tratados matemáticos de Omar Khayan e obras de filosofia de Avicena e Averróis.

Dá mesmo vontade de dizer:
Os norte-americanos, inventores do livro electrónico, invadiram e ocuparam a antiga Mesopotâmia ( o Iraque actual), onde nasceu o livro, a história e a civilização, para arrasá-la.

Escolas Secundárias públicas perdem anualmente 17.000 alunos

No ano lectivo 98/99 estavam matriculados no ensino secundário público (incluindo o Ensino Recorrente, ou seja, nocturno) 342.908 estudantes.
No ano lectivo de 2001/02 registou-se uma queda para 300.000 matrículas, sendo que as projecções para este ano apontam para 278.500 inscrições.

Recorde-se que metade do universo total dos alunos matriculados, mais concretamente 44%, não concluem o ensino secundário.

Ler é... perigoso.

Toda a gente sabe que ler é tão perigoso como escrever. E é evidente que o contraste entre as letras impressas e o fundo branco provoca não poucos efeitos e faiscas como sejam:

- cultura

- espírito crítico

-educação

-inteligência

-amplitude de horizontes

-inconformismo

E, além disso, leva frequentemente as pessoas a não aceitarem nem estarem de acordo com projectos que as prejudiquem, e ao consequente desmascaramento dos políticos que os anunciam e que pretendem enganar os menos precavidos vendendo gato por lebre.

11.2.05

15 paradoxos deste mundo

(por Eduardo Galeano)


«Há no mundo esfomeados e obesos. Os esfomeados alimentam-se de lixo nas lixeiras enquanto os obesos alimentam-se de lixo nos McDonalds»


1. Metade dos brasileiros é pobre ou muito pobre, mas o Brasil é também o segundo mercado mundial das canetas Montblanc, o país que está em nono lugar nas compras dos automóveis Ferrari, e em que as boutiques Armani de S.Paulo vendem mais que as de New York

2. Pinochet, o carrasco que matou o presidente socialista do Chile, presta homenagem à sua vítima cada vez que se refere ao «milagre chileno». Com efeito, ele nunca confessou, nem sequer os governos que lhe sucederam, que um tal «milagre» se deve ao cobre, a peça-mestra da economia chilena, que Allende nacionalizou e que até á data nunca mais foi privatizada.

3. Os nossos índios nasceram na América e não na Índia, tal como, de resto, a dormideira. O milho também nasceu na América e não na Turquia.Porém, a língua inglesa chama «turkey» à dormideira e os italianos chamam «granturco» ao milho.

4. O Banco Mundial cobriu de elogios a privatização da saúde publica na Zâmbia: «Trata-se de um modelo para a África. Agora não há filas de espera nos hospitais». O jornal The Zambian Post completou a ideia: «Agora não há filas de espera nos hospitais porque as pessoas passaram a morrer em casa»

5. Há quatro anos o jornalista Richard Swift foi aos campos do oeste do Ghana onde se produz cacau barato que é vendido para a Suiça. Na sua mochila, o jornalista tinha barras de chocolate. Os agricultores de cacau nunca tinham provado chocolate, e quando o saborearam ficaram encantados.

6. Os países ricos, que subsidiam a sua agricultura a um ritmo de 1 bilião de dólares por dia, proíbem no entanto os subsídios agrícolas aos países pobres.

7. Colheita record nas margens do Mississipi: o algodão norte-americano inunda o mercado e provoca a descida generalizado dos preços.
Colheita record nas margens do Níger: o algodão africano é de tal forma pouco rentável que nem vale a pena ser colhido.

As vacas do países do hemisfério norte ganham duas vezes mais que os agricultores do hemisfério sul. O montante de subsídios para cada vaca na Europa e nos EUA é duas vezes superior à soma de dinheiro que um agricultor dos países pobres ganha ao longo de um ano de trabalho.
Os produtores do sul estão desunidos face ao mercado mundial, ao passo que os compradores do norte impõem preços monopolistas. Desde o desaparecimento da Organização Internacional do Café em 1989, e com ela o sistema de quotas de produção, o preço do café caiu a pique. Na América Central, inclusivamente, quem quer que semeie café recolhe invariavelmente a fome. No entanto, não consta que, quem quer que beba café, tenha pago menos por isso.

8. Carlos Magno, criador da primeira grande biblioteca da Europa, era analfabeto

9. Joshua Slocum, o primeiro homem que deu a volta ao mundo à vela sozinho, não sabia nadar.

10. Há no mundo esfomeados e obesos. Os esfomeados alimentam-se de lixo nas lixeiras enquanto os obesos alimentam-se de lixo nos McDonalds. O progresso não pára. Rarotonga é a mais próspera das ilhas Cook, no Pacífico Sul com índices invejáveis de crescimento económico. Não obstante, mais saliente é ainda o crescimento da obesidade entre os jovens. Há 40 anos atrás, 11% do total de jovens eram gordos. Presentemente, são todos.
Similarmente a China, desde que aderiu àquilo que se chama de economia de mercado, viu o seu menu tradicional de arroz e legumes a ser substituído por hamburgers. O governo chinês, perante tais factos, não teve outra solução senão declarar guerra contra a obesidade que se tornou, entretanto, em autêntica epidemia nacional.

11. A mais famosa frase atribuída a D.Quixote ("Ladran, Sancho, la marque que nous montons") não consta na famosa obra literária de Cervantes; também não é Humphrey Bogart que diz a célebre frase que é associada ao filme Casablanca ("Play it again, Sam"); do mesmo modo, e ao contrário do que se julga, Ali Baba não é o chefe dos 40 ladrões, mas antes o seu inimigo; finalmente, Frankenstein não é o monstro que estamos habituados, mas sim o seu inventor involuntário.

12. À primeira vista, parece incompreensível; à segunda, também: onde o progresso é maior, mais horas as pessoas trabalham. A doença resultante do excesso de trabalho leva à morte. Em japonês é chamada a Haroshi. Entretanto, os japoneses estão prestes a incorporar uma outra palavra no dicionário da civilização tecnológica: karojsatsu é o nome dado aos suicidas por hiperactividade, que são cada vez mais frequentes. (…)

Legitimamente perguntar-se-á: para que servem as máquinas se elas não servem para reduzir o trabalho humano? (…)

13. Segundo os evangelhos, o Cristo nasceu quando Herodes era rei. Ora como Herodes morreu 4 anos antes da era cristã, Cristo terá nascido pelo menos 4 anos antes de Cristo. A noite de Natal é celebrada em muitos países com material bélico. Noite de paz, noite de amor: os petardos enlouquecem os cães e deixam surdos os homens e as mulheres de boa vontade. A cruz suástica, que os nazis identificaram com a guerra e a morte, era um símbolo de vida na Mesopotâmia, na Índia e na América.

14. Quando George W. Bush propôs cortar árvores para acabar com os incêndios florestais, ele não foi bem compreendido. O presidente parecia um pouco mais incoerente que o habitual. Mas de facto ele estava a ser consequente com as suas ideias. Existem remédios santos: para acabar com as dores de cabeça, é necessário decapitar o doente, tal como para salvar o povo iraquiano é preciso bombardeá-lo.

15. O mundo é um grande paradoxo que roda no universo imenso. A esta cadência não faltará muito que os proprietários do planeta proíbam a fome e a sede para que o pão e a água não faltem!

10.2.05

Not in our name - Declaração contra a guerra e a repressão

Não Em Nosso Nome

Declaração contra a guerra e a repressão (Jan/2005)



"Nenhuma eleição, seja justa ou fraudulenta, pode legitimar guerras criminosas em países estrangeiros, torturas, violação total dos direitos humanos e o fim da ciência e da razão."


A nova declaração Não em Nosso Nome (www.nion.us) foi assinada por 10 000 pessoas e apareceu na Times a 23 de Janeiro de 2005.
A declaração foi assinada por conhecidas personalidades norte-americanas das artes, academia e política entre as quais Russell Banks, Judith Butler, Ramsey Clark, Noam Chomsky, John Cusack, Angela Davis, Daniel Ellsberg, Eve Ensler, Andre Gregory, Bill T. Jones, Barbara Kingsolver, Congressista Jim McDermott, Walter Mosley, James Stewart Polshek, Francine Prose, Wallace Shawn, Alice Walker, Immanuel Wallerstein, Cornel West, Howard Zinn

Agora que G.W.Bush foi investido num segundo mandato, que ninguém diga que o povo dos Estados Unidos consentiu em silêncio nesta vergonhosa coroação da guerra, da ganância e da intolerância. Ele não fala por nós. Ele não nos representa. Ele não actua em nosso nome.
Nenhuma eleição, seja justa ou fraudulenta, pode legitimar guerras criminosas em países estrangeiros, torturas, violação total dos direitos humanos e o fim da ciência e da razão.
Em nosso nome, o governo Bush justifica a invasão e ocupação do Iraque com pretextos grosseiramente falsos, causando destruição indescritível, horror, miséria e a morte de mais de 100.000 iraquianos. Ele manda a nossa juventude destruir cidades inteiras em nome das chamadas eleições democráticas, enquanto intimida e retira direitos de cidadania a dezenas de milhares de afro-americanos e outros eleitores na sua terra.
Em nosso nome, o governo Bush despreza tanto a lei internacional como a opinião mundial. Levou a cabo torturas e detenções sem julgamento por todo o mundo e propõe novas investidas aos nossos direitos à privacidade, à expressão e à associação na sua terra. Já despojou dos seus direitos Árabes, Muçulmanos e Sul-Asiáticos nos E.U., negando-lhes aconselhamento jurídico, estigmatizando-os e detendo-os sem motivo. Milhares foram deportados.
Enquanto são postos a circular novos "balões de ensaio" sobre invasões da Síria, Irão ou Coreia do Norte, sobre o abandono das Nações Unidas, sobre políticas de "detenção vitalícia", nós dizemos que em nosso nome não aceitamos que se cometam crimes contra nações ou indivíduos considerados como obstáculos no caminho do objectivo de supremacia mundial inquestionável.
Poderíamos imaginar há alguns anos que princípios básicos como a separação da igreja e do estado, os processos judiciais justos, a presunção de inocência, a liberdade de expressão e o habeas corpus seriam postos de lado tão facilmente? Agora, qualquer um pode ser declarado "inimigo a combater" sem reparação significativa, ou opinião independente, por um presidente que está a concentrar poderes no ramo executivo. O seu escolhido para o lugar de Procurador-Geral da República é o arquitecto legal da tortura que foi levada a cabo em Guantanamo, Afeganistão e Abu Ghraib.
O governo de Bush pretende impor uma versão política tacanha e intolerante de fundamentalismo Cristão como programa de governo. Já não sendo marinal ao poder, este movimento extremista aspira a despojar as mulheres dos seus direitos reprodutivos, a excluir da vida pública gays e lésbicas e reenviá-los para a clandestinidade. Pretende misturar experiência espiritual e verdade científica. Nós não vamos entregar aos extremistas o nosso direito a pensar. A SIDA não é um castigo de Deus. O aquecimento global é um perigo real. A evolução deu-se. Cada um deve ser livre de encontrar sentido e sustento em qualquer forma de crença espiritual ou religiosa por si escolhida. Mas a religião nunca pode ser obrigatória. Estes extremistas podem pretender construir a sua própria realidade, mas não lhe consentiremos que façam a nossa.
Milhões de nós trabalhámos, falámos, marchámos, recenseamo-nos, pagámos impostos, votámos, fizemos todo o possível por derrotar o governo de Bush nas últimas eleições. Foi um esforço massivo, produzindo nova energia, nova organização e novo empenhamento na luta pela justiça. Seria um terrível erro se deixássemos que o malogro de não termos conseguido impedir a reeleição de Bush, nos levasse ao desespero e à inacção. Pelo contrário, esta mobilização em grande escala de pessoas empenhadas num mundo mais justo, mais livre e mais pacífico tem de avançar. Não podemos nem iremos esperar até 2008. A luta contra o segundo governo de Bush tem de começar agora.
O movimento contra a guerra do Vietname nunca ganhou uma eleição presidencial. Mas bloqueou comboios de tropas, fechou centros de instalações, desfilou, falou às pessoas porta a porta -- e ajudou a acabar com uma guerra. O Movimento pelos Direitos Cívicos nunca se ligou a um candidato presidencial; sentou-se na rua, fez rodas pela liberdade, travou batalhas legais, encheu prisões e mudou a face de uma nação.
Temos de mudar a realidade política deste país mobilizando as dezenas de milhar que compreendem com a cabeça e com o coração que a "realidade" do regime de Bush não é senão um pesadelo para a humanidade. Isto requer coragem e criatividade, acções de massas e actos individuais de coragem. Temos de nos juntar sempre que pudermos e actuar sozinhos sempre que seja necessário.
Recebemos inspiração dos soldados que recusaram lutar nesta guerra imoral. Aplaudimos os bibliotecários que recusaram entregar as listas das nossas leituras, os alunos das secundárias que exigem que lhes ensinem a evolução, aqueles que trouxeram a público as torturas do exército dos E.U. e os protestos massivos que deram voz à oposição internacional à guerra do Iraque. Estamos ao lado de pessoas comuns que levam a cabo actos extraordinários. Tentamos criar uma comunidade de apoio aos actos corajosos de resistência. Estamos com as pessoas que em todo o mundo lutam todos os dias pelo direito a criar o seu próprio futuro.
É nosso dever impedir o regime de Bush de seguir este rumo desastroso. Acreditamos que a história nos julgará severamente se deixarmos de agir com decisão.



Mais de dez mil pessoas assinaram esta declaração.Entre os signatários iniciais encontram-se:

James Abourezk, antigo senador dos EU
Janet Abu-Lughod, professora emérita, New School
As`ad AbuKhalil, California State University, Stanislaus
Michael Albert
Edward Asner
Ti-Grace Atkinson
Michael Avery, presidente da National Lawyers Guild
Russell Banks
Amiri Baraka
Rosalyn Baxandall, administradora da American Studies/Media and Communications, State University of New York at Old WestburyMedea Benjamin, cofundador de Global Exchange and Code PinkPhyllis BennisLarry Bensky, Pacifica radioMichael BergJessica Blank and Erik JensenWilliam Blum, escritor, US foreign policySt. Clair BourneJudith Butler, escritora e professora, University of California at BerkeleyJulia Butterfly, directora de Circle of Life FoundationLeslie Cagan, coordenador nacional de United for Peace and JusticeKathleen & Henry ChalfantNoam Chomsky, MITRamsey Clark, antigo Procurador-Geral dos EUMarilyn Clement, coordenador nacional Campaign for a National Health Program NOWRobbie Conal, artistaPeter CoyoteJohn CusackAngela DavisDiane di Prima, poetRonnie Dugger, co-fundador de Alliance for DemocracyMichael Eric DysonNora Eisenberg, autora de War at Home and Just the Way You Want MeDaniel Ellsberg, ex-funcionário dos Departamentos de Defesa e do EstadoEve EnslerLawrence FerlinghettiCarolyn ForchéMichael FrantiBoo FroebelPeter GeretyJorie Graham, Harvard UniversityAndré GregoryJessica Hagedorn, escritoraSuheir HammadSam Hamill, Poets Against the WarDanny Hoch, argumentista/actorMarie HoweAbdeen M. Jabara, antigo president do American-Arab Anti-Discrimination CommitteeJim Jarmusch, produtorBill T. JonesRickie Lee JonesBarbara KingsolverC. Clark Kissinger, Refuse & Resist!Evelyn Fox Keller, Professora de História da Ciência, MITHans Koning, escritorDavid KornDavid C. KortenRabbi Michael Lerner, editor, TIKKUN magazine & Rabbi, Beyt Tikkun Synagogue , SFPhil Lesh, Grateful DeadStaughton LyndReynaldo F. Macías, administrador de National Association for Chicana & Chicano StudiesDave MarshMaryknoll Sisters, Western RegionJim McDermott, Membro do Congresso, State of WashingtonRobert Meeropol, director executivo de Rosenberg Fund for ChildrenAnn MessnerRobin Morgan, escritor e activistaWalter MosleyJill Nelson, escritorOdettaRosalind Petchesky, Distinto Professor de Ciências Políticas, Hunter College & the Graduate Center - CUNY
Jeremy Pikser, argumentista (Bulworth)Frances Fox Piven
James Stewart Polshek, arquitecto
William Pope LFrancine Prose
Jerry Quickley, poeta
Michael Ratner, presidente do Center for Constitutional Rights
David Riker, produtor
Larry Robinson, Presidente da Câmara de Sebastopol, CA
Stephen Rohde, advogado
Matthew Rothschild, editor, The Progressive magazine
Luc Sante
James Schamus
Roberta Segal-Sklar, director de comunicações de National Gay and Lesbian Task ForceF
rank Serpico
Wallace Shawn
Gregory Sholette
Zach Sklar
Peter Sollett
Starhawk
Tony Taccone
Alice Walker
Naomi Wallace
Immanuel Wallerstein
Leonard Weinglass
Peter Weiss, presidente Lawyers Committee on Nuclear Policy
Cornel West
C.K. Williams, poeta, Princeton University
Saul Williams
Krzysztof Wodiczko, director do Center for Advanced Visual Studies, MIT
Damian Woetzel, bailarino principal, New York City Ballet
David Zeiger, Displaced Films
Zephyr
Howard Zinn, historiador



As Farpas (excerto)

«O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Toda a vida espiritual, intelectual, parada. O tédio invadiu todas as almas. A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce. As falências sucedem-se. O pequeno comércio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos operários é lamentável. O salário diminui. A renda também diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. Neste salve-se quem puder a burguesia… explora. A ignorância pesa sobre o povo como uma fatalidade. A intriga política alastra-se. O país vive numa sonolência enfastiada.»

( transcrição do início do primeiro livro das Farpas, escrito por Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão e publicado no dia 17 de Junho de 1871)

A pedagogia de Montessori

Maria Montessori (1870-1952), foi a primeira médica italiana. Leccionou Higiene no Colégio das Mulheres de Roma e Antropologia, também em Roma, na Universidade, durante 4 anos, de 1904 até 1908. Montessori considerava o ensino do seu tempo monótono e repressivo. Pretendia criar ambientes de liberdade, capazes de permitirem a livre expressão das capacidades infantis. Funda a "Casa dei Bambini", (Casa das Crianças), a primeira em 1906, em Roma. Publica em 1909 Il Metodo della Pedagogia Scientifica, e em 1913 organiza em Roma o I Congresso Internacional do Método. O seu método de ensino espalhou-se rapidamente um pouco por todo o mundo.


Sete aspectos fundamentais balizam o método Montessori:

1º Promover o conhecimento científico da criança;
2º Estabelecer um ambiente de liberdade e respeito pela criança;
3º O ambiente educativo deve ser esteticamente belo;
4º A criança deve ser activa;
5º A criança deve poder auto-educar-se;
6º A criança deve corrigir-se, não cabendo a correcção ao professor;
7º O professor deve, essencialmente, observar.

Note-se que se lhe atribui a ideia da miniaturização do mobiliário.Existe material para a educação motriz, sensorial e da linguagem. Executam-se exercícios manuais simples como a jardinagem bem como a ginástica e movimentos rítmicos. O asseio pessoal é mantido.

Nos seus jardins, as crianças chegavam de manhã, comiam duas refeições, tomavam banho regularmente, tinham acesso a cuidados médicos. Ao fim da tarde, deixavam o jardim. Ao lembrarmos os aspectos fundamentais das propostas de Maria Montessori entendemos por que razão, durante um longo período do Século XX português, este tipo de propostas não teve aceitação, apesar de Luísa Sérgio ter escrito sobre ele, nos anos 20. Há poucos anos, em muitas aldeias portuguesas, as crianças não comiam duas refeições; hoje, tais fenómenos transferiram-se para as cidades. Mas isso é já outra questão.

Retirado de:
http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=3670

Lutas sociais dos assalariados

Cerca de 70 trabalhadores das Confecções Oliveira & Borges,Lda de Vila das Aves no concelho de Santo Tirso iniciaram uma greve pelo pagamento dos seus salários em atraso e para denunciar a fuga do patrão que, desde o início de Fevereiro, se encontra em parte incerta.
Também os trabalhadores da Casa do Douro se manifestaram em Vila Real junto dos candidatos do PSD, quando este se dedicavam a fazer campanha eleitoral, protestando contra o não cumprimento de compromissos governamentais assumidos pelo governo PSD/PP relativos ao apoio e financiamento à Casa do Douro.
Médicos do Centro Hospitalar de Coimbra continuam em greve reivindicando o pagamento de horas extraordinárias em atraso.
Por sua vez os trabalhadores da Indesit realizaram uma concentração pública para denunciar o despedimento colectivo de 100 trabalhadores por esta empresa italiana sob pretexto de deslocalizarem as suas instalações para outros países.

Como se vê por estes exemplos, a luta dos trabalhadores assalariados pela defesa dos seus direitos ( direito ao trabalho e direito à remuneração) é uma constante face à desregulamentação neoliberal da actual fase do processo de acumulação do capital.



A capital da Etiópia, Addis-Abeba, celebrou o culto de Bob Marley ao som de reggae

Cerca de 300.000 pessoas assistiram no Domingo passado (6/2/2005) ao concerto gigante organizado para festejar o 60º aniversário da morte em 1981 do músico jamaicano Bob Marley (1945-1981) que escolhera a Etiópia do Imperador Hailé Sélassié para a «Terra Prometida» dos descendentes de escravos africanos.

Para os rastas Hailé Sélassié, Imperador etíope, era o «Rei dos reis», leão conquistador da tribo de Judah, eleito de Deus, imperador da Etiópia, e considerado como o Messias negro.

Bob Marley desejava – a acreditar nas letras das suas canções e como afirma um dos princípios do movimento rastafariano, de que ele era o mais célebre adepto - participar no grande regresso dos descendentes de escravos à Etiópia, vista como a «Terra Prometida» africana, se um cancro não o tivesse ceifado aos 36 anos. Mas, talvez, hoje o cantor jamaicano não deixasse de se divertir pelas faustosas cerimónias organizadas para celebrar o 60º aniversário do seu desaparecimento na Meskel Square, a maior praça de Addis Abeba, capital dessa mítica Etiópia.

A praça imensa adequa-se bem aos concertos como este, e que a viúva do cantor, Rita Marley, decidiu organizar, convidando artistas da Jamaica, da Etiópia e de todo o continente negro, a fim de comunicar com o resto do mundo sob o tema da unidade de África (Africa Unite, segundo o título de uma sua célebre canção inserida no seu álbum mais politizado de 1979, Survival ). A iniciativa inclui ainda debates, exposições, projecções, e até uma partida de futebol que o músico era um ferrenho adepto.

Antes de ser um herói, Bob Marley fou um rebelde: esteve preso na prisões jamaicanas e teve de exilar-se depois de uma tentativa de assassinato. Mas também é verdade que admirava o Imperador da Etiópia, Hailé Selassié que, tal como todos os rastas, era visto como um deus vivo. O próprio Imperador visitará a Jamaica e, compadecido com as miseráveis condições de vida do povo, ofereceu terras etíopes a quem decidisse pôr em prática o mandamento do «regresso a África». A comunidade aí constituída não ultrapassou, no entanto, a fasquia dos mil, tendo sido sempre vista com desconfiança e antipatia pelas poderosas comunidades cristãs coptas e muçulmanas que sempre rejeitaram a pretensa divindade de Selassié, tal como o uso sacramental da marijuana, «a erva da sabedoria».

Bob Marley tornou-se entretanto um ícono mundial do Terceiro Mundo, com rentabilidade comercial assegurada que fez ( e continua fazendo) as delícias à indústria discográfica

Bob Marley era conhecido pelas suas atitudes machistas e violentas que, uma vez atingida a fama, levo-o a ir viver logo para uma mansão em Kingston longe da mulher e rodeado de amantes.

Rita Marley escreveu há alguns anos atrás uma autobiografia «No woman, no cry» que traduz bem todo o ambiente em que o casal vivia, e as características da personalidade difícil de Bob Marley.



9.2.05

O nepotismo está no sangue dos young global leaders

No último Fórum económico mundial de Davos (2005) foram apresentados os futuros young global leaders que dirigirão num futuro não muito remoto os destinos do planeta. E quem são afinal estes promissores jovens dirigentes? Há que consultar a lista, mas uma simples amostra pode-nos elucidar e poupar tempo.
Então vejamos algumas dessas jovens apostas: comecemos por Jonathan Soros ( nada mais nada menos que o filho do multimilionário especulador George Soros); prossigamos com Miguel Forbes ( o pequeno rebento da família da conhecida revista de negócios Forbes); acrescentemos à lista Aditya Mittal ( o jovem filho de 25 anos do barão do aço Lakshmi Mittal), Tony O’Reilly Júnior ( o herdeiro de Sir Anthony O’Reilly, o conhecido magnate irlandês) e ainda Aerin Lauder ( neta do legendário Estée Lauder). Neste catálogo não podia faltar obviamente Nathaniel Rothschild ( filho querido de papá Lord Rothschild), nem sequer os descendentes reconhecidos das realezas da Noruega, Suécia e Holanda, entre outras.

Resta acrescentar que os autores de tal promissora selecção mundial foram Arthur O. Sulzberger (director do New York Times), que herdou a espinhosa tarefa do seu pai, e James Murdoch, descendente directo do conhecido patrão com o mesmo apelido do poderoso grupo de media, com tentáculos em muitos países.

http://www.younggloballeaders.org/




4.2.05

Arte contra os muros: Tijuana converte em arte o seu muro da vergonha

A cidade mexicana Tijuana, uma cidade na fronteira entre México e os Estados Unidos, vai marcar presença na ARCO (Feira internacional de Arte Contemporânea de Madrid) que se realiza anualmente e cuja edição de 2005 está prestes a abrir as portas (em 9 de Fevereiro)
Com efeito, as obras de 39 artistas da cidade de Tijuana serão expostas ao longo de 2,2 Km através de uma reprodução do muro que rodeará todo o recinto da Feira.
Recorde-se que o muro de Tijuana foi construído pelas autoridades norte-americanas para combater a imigração dos mexicanos e dos americanos do sul






Portugal tem a mão-de-obra mais barata…

Qual é o preço de 1/hora de trabalho assalariado?

Para que se saiba quanto se é explorado em Portugal, e como o rendimento é tão mal distribuído no nosso país, que também é o país onde se trabalha mais com maior número de horas de trabalho!!!!

O custo de trabalho em Portugal ascendia aos 8,13 euros/hora em 2000, o valor mais baixo entre os países da União Europeia. Os dados são do Eurostat.

Segundo um estudo do Eurostat, o custo médio horário da mão-de-obra na indústria e nos serviços variava, em 2000, entre os 8,13 euros em Portugal e os 28,56 euros na Suécia. A média europeia era de 22,70 euros/hora.

Depois de Portugal, os custos laborais mais baixos pertencem à Grécia (10,40 euros/hora), Espanha (14,22 euros/hora) e à Irlanda (17,34 euros/hora). Os custos mais elevados, por sua vez, ocorrem na Suécia e Dinamarca (ambos com 27,10 euros/hora) e na Alemanha (26,54 euros/hora).

O Eurostat salienta, ainda, que o custo de mão-de-obra em Portugal, durante o período em análise, chegou a ser mais barato do que em alguns países recentemente integrados na UE. O Chipre (10,74 euros/hora) e a Eslovénia (8,98 euros/hora) são dois exemplos apontados.

Porém,o custo médio por hora de trabalho dos países que acabaram de aderir à EU (República Checa, Eslováquia, Hungria, Eslovénia, Polónia, Malta, Chipre, Lituânia, Estónia, Letónia) situava-se nos 4,21 euros.

fonte: TSF



3.2.05

A Exxon faz batota

A empresa norte-americana Exxon financia a campanha para descredibilizar o movimento ecologista e levantar dúvidas sobre a validade científica das conclusões relativas às alterações climáticas induzidas pela economia industrial. Desde 1998 a Exxon já destinou 12 milhões de dólares para esse efeito na esperança de retardar e impedir a ratificação pelos Estados Unidos do protocolo de Kyoto.

O cyberprojecto de Joch On Amy Balkien traduziu-se em construir um site que expusesse a toda a gente as ligações perigosas da Exxon com variadíssimos centros de decisão quer no mundo financeiro quer no mundo político, passando pelos media e gabinetes de peritos que elaboram os relatórios e pareceres técnicos destinados a avaliar o impacte ambiental das emissões de poluição atmosférica.

Consultar:
www.exxonsecrets.org

...e mais directamente:http://www.exxonsecrets.org/html/listorganizations.php



A nova arma de destruição maciça dos Estados Unidos: a manipulação do clima para fins militares

Manipulações do clima por parte do Exército dos Estados Unidos: o programa Haarp


A atenção que o Departamento de Defesa norte-americano está a dar ao arsenal das armas climáticas ainda não é objecto de debate e denúncia por parte da opinião pública internacional. E se é certo que a recusa firme por parte da Administração Bush em ratificar o Protocolo de Kioto tem sido criticada por todo o lado, a verdade é que o tema da manipulação e modificação do clima com fins militares não tem sido suficientemente escalpelizado, apesar de constituir hoje em dia uma verdadeira arma de destruição maciça.

A Força Aérea norte-americana tem capacidade de manipular o clima tanto para fins pacíficos como para fins militares. Isto inclui a capacidade para provocar inundações, furacões, secas. Nos últimos anos o Departamento de Defesa reservou grandes montantes para o desenvolvimento e aperfeiçoamento destes sistemas.
«A modificação do clima formará parte da segurança doméstica e internacional e poderá ser realizada unilateralmente. Pode ser utilizada ofensiva e defensivamente, ou para propósitos dissuasivos. A habilidade para gerar precipitações, neve, tormentas ou modificar o espaço exterior... ou a produção de climas artificiais tudo isso constitui parte de um conjunto de tecnologias que podem incrementar o conhecimento tecnológico, a riqueza e o poder dos Estados Unidos, e degradar os seus adversários. (US Air Force, emphasis added. Air University of the Use Air Force, AF 2025 final report, www.au.af.mil/au/2025)

É desnecessário dizer que o tema é tabu. Os analistas militares e os metereológos mantêm-se mudos. Fala-se muito do aquecimento global do planeta, mas nem uma palabra sobre o principal programa norte-americano da guerra climática: The High-Frequency Active Auroral Research Program (Haarp), com sede em Gokona, Alaska, e gerido conjuntamente pela Força Aérea e a Marinha de Guerra.
Este programa existe desde 1992. E é parte de uma nova geração de armas concebidas no âmbito da Iniciativa de Defesa Estratégica, e de que é responsável o Air Force Research Laboratory’s Space Vehicles Directorate. Trata-se de um conjunto de antenas com capacidade de criar modificações na ionosfera ( o nível superior da atmosfera)
Nicholas Begich, activista contra o programa HAARP descreve-o:
«É uma superpoderosa tecnologia de emissão de gazes de ondas radiais que elevam as aéreas da ionosfera concentrando um gás que aquece certas áreas…
Ondas electromagnéticas irrompen n aterra e afectam tudo, quer seres vivos ou nao» www.globalresearch.ca/articles/CHO201A.html)
O cientista de renome mundial, Dr. Rosali Bertell, refere-se ao HARRP como u gigante aquecedor que pode causar importantes alterações na ionosfera
Para Richar Williams, físico e consultor do David Sarnoff Laboratory, em Princeton, «o HARRP é um acto de barbárie; os efeitos do seu uso podem prolongar-se por muitos anos…»
Para além disso, o HARRP serve para alterar o sistema de comunicações e de radar do inimigo, pode ainda provocar apagões em regiões inteiras, interrompendo o fluxo de corrente de energia eléctrica.
A manipulação climática , segundo os observadores, pode ser a arma «preventiva» por excelência Tanto pode ser utilizada contra países inimigos como contra países amigos, sem o seu consentimento. Para além disso, quem possuir esse conhecimento técnico ( como fazer um ataque «climático») poderá usar essa «informação privilegiada» para obter proveitos próprios a nível económico e financeiro.

Resumo e excertos de um artigo de
Michael Chossudovsky