26.10.08

Professores do Agrupamento de Escolas do concelho de Vila do Bispo requerem a suspensão da aplicação do Modelo de Avaliação dos professores

Professores do Agrupamento de Escolas do Concelho da Vila do Bispo requerem suspensão da avaliação, cujo documento foi divulgado em Conferência de Imprensa. Transcreve-se o documento:



Os professores do Agrupamento de Escolas do Concelho da Vila do Bispo reunidos em Plenário no dia 21 de Outubro de 2008, pelas 18 horas, consideram o seguinte, tendo em conta o desenrolar do processo de avaliação do desempenho:

Todos os professores apoiam uma avaliação de desempenho que sirva para a efectiva melhoria das aprendizagens dos alunos e para uma verdadeira valorização do seu trabalho de professores e educadores – o que não acontece com o presente modelo.

Todos os professores consideram que os resultados dos seus alunos não dependem exclusivamente do trabalho individual de cada professor, ainda que dedicado e persistente mas, e também, do conselho de turma (tal como preconiza a legislação em vigor) e sobretudo do contexto económico, social e cultural de cada aluno.

Os professores avaliadores não sentem legitimidade científica e pedagógica para procederem à avaliação do trabalho dos seus pares, atendendo à diversidade disciplinar criada pelos novos mega departamentos e à falta da respectiva formação em supervisão pedagógica.

Os professores estão de tal maneira submergidos no processo de avaliação, que se encontram sem tempo para se dedicarem aos seus alunos como antes, embora trabalhando muitas mais horas que as 35h de lei, sem qualquer reconhecimento salarial ou profissional.

A componente de trabalho individual dos professores deixa muito pouco tempo para a preparação das aulas e restantes tarefas dirigidas aos alunos. A obrigatoriedade de permanência na escola durante muitas horas semanais, em condições precárias de trabalho, impede que as tarefas mais importantes dos professores sejam feitas de forma eficaz.

Os professores consideram que o ME não cumpriu a sua parte neste processo, já que, entre outros factos, não conseguiu pôr no terreno os necessários inspectores para a avaliação dos coordenadores, tal como preconizou.

Os professores consideram pois necessário um tempo de preparação, reflexão e esclarecimento das seguintes dúvidas:

Como é possível começar a avaliar se a formação ainda não terminou ou em muitos casos começou sequer ?

Como é possível avaliar cientificamente professores de áreas diferentes do avaliador ?

Devem, sim ou não, ser incluídos indicadores de medida na definição dos objectivos individuais ?

Como é que os objectivos de acordo com a lei, podem ser “referência essencial” na classificação dos professores ?

Como é que os professores podem avaliar imparcialmente os seus alunos, quando são parte interessada nessa avaliação, nos termos do Código de Procedimento Administrativo ?

Porque é que a avaliação externa influencia a avaliação de desempenho, quando apenas algumas disciplinas e ciclos são sujeitas a exame ou prova nacional ?

Como gerir os elementos não observáveis na observação de aulas ?

Como se avalia a relação com a comunidade ?

Como se pode avaliar doze colegas de departamento quando o avaliador apenas dispõe de três horas lectivas no seu horário de trabalho ?

Como é que um avaliador que já cumpre horário em duas partes do dia, manhã e tarde, vai avaliar colegas que apenas leccionam à noite ?

Não havendo tempo para cumprir todas as tarefas de professor e avaliado ou avaliador, o que é prioritário, as tarefas dirigidas aos alunos ou as da avaliação ?

Como é que a classificação, de acordo com as recentes intenções manifestadas pelo ME em matérias de concurso docente, pode vir a condicionar a graduação profissional ?

Como é que um processo que se pretende comum a todos os professores pode assumir carácter tão diverso de escola para escola ?

Como é que uma educadora não titular, mas em situação de equiparada a titular, pode avaliar uma colega titular de um Conselho Executivo, órgão que também tem a incumbência de a avaliar a ela ?

Os professores requerem pois a suspensão do processo de avaliação do desempenho docente até verem esclarecidas todas as dúvidas acima mencionadas, pela incapacidade de todos em continuarem a ser professores e executores deste processo sem grave prejuízo das suas tarefas mais importantes e relevantes.

Lista de Escolas que já pediram a suspensão do actual Modelo de Avaliação dos professores

RESISTÊNCIA NAS ESCOLAS

LISTA DE ESCOLAS QUE, DE NORTE A SUL DO PAÍS, RECLAMAM PELA SUSPENSÃO DO ACTUAL MODELO DE AVALIAÇÃO, POR FERIR A QUALIDADE DO ENSINO E DA EDUCAÇÃO E A DIGNIFICAÇÃO DA CARREIRA DOCENTE


Lista Actualizada a 26 de Outubro


Agrupamento de Escolas de Armação de Pêra / Algarve
Agrupamento das Escolas de Ourique / Alentejo
Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Poiares
Agrupamento de Escolas de Vouzela
Agrupamento de Escolas de Forte da Casa / Lisboa
Agrupamento Vertical Escolas de Azeitão
Escola Secundária Jaime Magalhães Lima / Aveiro
Escola de Aradas / Aveiro
Escola Secundária D. João II / Setúbal
Escola de Arraiolos
Escola Secundária c/ 3ª ciclo Manuel da Fonseca / Santiago do Cacém
Escola Secundária c/ 3º ciclo Rainha Santa Isabel /Estremoz
Escola B1 de Sta Marisa de Beja - Demissão do Conselho Executivo e de todos os Órgãos intermédios
Escola Alice Gouveia / Coimbra
Escolas do Concelho de Chaves
Escola Secundária da Amadora / Sintra
Escola EB23 DR. Rui Grácio / Sintra
Escola Secundária Ferreira Dias / Cacém
Escola secundária c/ 3ª ciclo Camilo Castelo Branco / Vila Real
Escola Secundária Dr. Júlio Martins / Aveiro
Escola Jaime Magalhães / Aveiro
Secundária Alcaides de Faria / Barcelos
Departamento de Expressões da Escola Eugénio de Castro / Coimbra
Departamento de Expressões da Escola Secundária Filipa de Vilhena / Porto
Departamento de História, Filosofia e E.M:R. da Escola Secundária de Odivelas
Declaração da Demissão de Avaliador do Prof. José Maria Barbosa Cardoso,
Declaração de Demissão da maioria dos professores Avaliadores n/ Coordenadores, da Escola Secundária Camões.

"L Brano de San Martino" - Passeio de Burro e Magusto (de 7 a 9 de Novembro) em Vimioso e Miranda do Douro - S. Joanico - Paradela

INSCRIÇÕES:
http://www.aepga.pt/portal/PT/111/EID/74/DETID/9/default.aspx

http://www.aepga.pt/portal/PT/60/default.aspx


Venha passear entre castanheiros centenários, colher castanhas e participar num magusto e arraial tradicional ao som da gaita-de-foles mirandesa. Escolha a companhia de um burrico das Terras de Miranda e venha conhecer os mais belos trilhos do Parque Natural do Douro Internacional e as aldeias típicas do concelho de Vimioso.

De 7 a 9 de Novembro de 2008 - "L Brano de San Martino"

Vimioso e Miranda do Douro - S. Joanico - Paradela

Passeio de Burro e Magusto Tradicional



“Que lindos outeiros
e ao longe a montanha
que bons castanheiros
que bela castanha.

E a terra fria
com soutos e fontes
que bela castanha
a de Trás-os-Montes.

Por entre os arbustos
do monte já velho
fumegam magustos
há lume vermelho.

A gente da aldeia
de roda à porfia
dançando semeia
canções de alegria.

Que vida tamanha
por esses outeiros
que bela castanha
que bons castanheiros”



PROGRAMA

Dia 7 de Novembro
Aldeia de S. Joanico, Vimioso

21h00 – Recepção dos participantes no salão do povo, na aldeia de S. Joanico

21h30 – Projecção de um filme

Dia 8 de Novembro
Aldeia de S. Joanico, Vimioso

09h30 – Concentração dos participantes no centro da aldeia de Angueira

10h00 – Inicio do passeio de Burro e BTT até à aldeia de Serapicos

13h00 – Almoço-convívio (aldeia de Serapicos)

15h00 – Continuação do passeio até à aldeia de S. Joanico

19h30 – Jantar Micológico em S. Joanico

20h30 – Magusto e Arraial Tradicional pela noite dentro com “Velha Gaiteira”
(http://www.myspace.com/velhagaiteira)

Dia 9 de Novembro
Aldeia de Paradela, Miranda do Douro

9h30 – Concentração dos participantes no centro da aldeia de Paradela

10h00 – Inicio do Passeio de Burro e BTT de Paradela até à capela de S. Martinico

13h00 – Almoço campestre junto da capela de S. Martinico, seguido de arraial ao som da gaita, caixa e bombo

16h00 – Partida dos participantes


O preço inclui:
- O almoço, jantar e o magusto de Sábado;
- O almoço de Domingo;
- Aluguer do burro em grupo.

Sócios: 35 euros
Não sócios: 50 euros


Informações complementares:
As dormidas, inclusive a reserva, ficam a cargo de cada participante.

Para mais informações, contacte:
Miguel Nóvoa (96 6151131)
Joana Braga (96 0050722)

INSCRIÇÕES:
www.aepga.pt/portal/PT/111/EID/74/DETID/9/default.aspx

Pensamento Crítico Contemporâneo (2ª edição) - ciclo de conferências em Lisboa no espaço «Fábrica Braço de Prata» a partir de 1 de Novembro



PENSAMENTO CRÍTICO CONTEMPORÂNEO - SEMINÁRIO DE INTRODUÇÃO (2ª EDIÇÃO)

Local:
Fábrica de Braço de Prata
http://www.bracodeprata.com/
Rua da Fábrica do Material de Guerra, nº1 em LISBOA
(em frente aos Correios do Poço do Bispo).

1 de Novembro de 2008 a Fevereiro de 2009

Aos Sábados, das 16h às 19h

Inscrições [lugares limitados]: cursopcc@gmail.com

ORGANIZAÇÃO
UNIPOP NÚMENA

APOIO
Le monde diplomatique – edição portuguesa

No próximo dia 1 de Novembro de 2008 inicia-se em Lisboa a segunda edição do Seminário de Introdução ao Pensamento Crítico Contemporâneo

Tomando como eixo um amplo conjunto de autores contemporâneos e as correntes e sensibilidades que os atravessam, este seminário pretende mapear algumas das principais problemáticas que hoje desafiam um pensamento crítico. Desenrolando-se ao longo de dez sábados, o seminário decorrerá num lugar privilegiado na cidade de Lisboa: a Fábrica de Braço de Prata.
Em cada sábado serão abordados dois autores. Na primeira parte de cada sessão serão apresentadas duas comunicações, que estão a cargo de um conjunto de convidados que vai da Filosofia ao Jornalismo, passando pela História, a Antropologia, a Sociologia, os Estudos Literários e a Musicologia. Na segunda parte haverá oportunidade para debate entre todos os participantes no seminário.
O seminário tem um objectivo introdutório e destina-se ao público em geral, dispensando qualquer tipo de formação académica prévia. Serão disponibilizados materiais de leitura que permitirão uma melhor preparação das sessões e materiais de leitura para que cada pessoa possa posteriormente aprofundar o seu conhecimento sobre os autores e os temas tratados no seminário.
A moderação das sessões estará a cargo dos coordenadores do seminário. Em relação à primeira edição do seminário, esta segunda edição ocupar-nos-á por mais um sábado. Os autores debatidos serão na sua maioria os mesmos que estiveram em foco na primeira edição do seminário, acrescentando-se porém à lista anterior os nomes de T.W.Adorno, André Gorz, Néstor Garcia Canclini e Cornelius Castoriadis.


PROGRAMA

1 NOV
Guy Debord por Ricardo Noronha
Jacques Rancière por Manuel Deniz Silva

8 NOV
Pierre Bourdieu por Nuno Domingos
Michel Foucault por Jorge Ramos do Ó


29 NOV
Georg Simmel por José Luís Garcia
André Gorz por José Nuno Matos

6 DEZ
Jacques Derrida por Silvina Rodrigues Lopes
Giorgio Agamben por António Guerreiro

13 DEZ
Benedict Anderson por João Leal
Edward Said por Manuela Ribeiro Sanches

10 JAN
Néstor Garcia Canclini por Paulo Raposo
Antonio Negri por José Neves

17 JAN
E.P.Thompson por Fátima Sá
James Scott por José Manuel Sobral

24 JAN
Chomsky e/ou Feyerabend por Rui Tavares
Cornelius Castoriadis por Miguel Serras Pereira

31 JAN
Gilles Deleuze por Nuno Nabais
Theodor W. Adorno por João Pedro Cachopo

7 FEV
Slavoj Zizek por Nuno Ramos de Almeida
Alain Badiou por Bruno Peixe


PREÇO DO CURSO: 25€ 15€ estudantes do 1º ciclo do Ensino Superior.

No final do seminário, será conferido um certificado de participação a quem solicitar.
Quem pretender apenas inscrever-se numa sessão determinada e não na totalidade do curso, terá que pagar um preço de 4€ por sessão. A inscrição avulsa numa determinada sessão efectua-se no próprio dia, na Fábrica de Braço de Prata, junto ao secretariado do Seminário.

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BREVE APRESENTAÇÃO DOS CONFERENCISTAS

António Guerreiro é crítico literário. Escreve regularmente no semanário Expresso. Encontra-se a realizar uma tese de doutoramento na Faculdade de Letras sobre Walter Benjamin.

Bruno Peixe é investigador da Númena – Centro de Investigação em Ciências Sociais e Humanas, onde tem trabalhado para a Rede Europeia de Informação sobre Racismo e Xenofobia (RAXEN) da Agência de Direitos Fundamentais da União Europeia.

Fátima Sá é historiadora, professora no ISCTE, onde lecciona matérias relativas à História dos Movimentos Sociais e à História da Cultura Popular. Publicou recentemente, com Maria Alexandra Lousada, uma biografia de D. Miguel. Em 2002 publicou Rebeldes e Insubmissos – Resistências Populares ao Liberalismo, 1834-1844.

João Leal é antropólogo, professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde lecciona, entre outras, uma cadeira sobre nacionalismo e etnicidade. É também investigador do Centro em Rede de Investigações em Antropologia. Entre outros trabalhos, publicou Etnografias Portuguesas (1870-1970) - Cultura Popular e Identidade Nacional e Antropologia em Portugal. Mestres, Percursos, Transições.

João Pedro Cachopo é musicólogo. Tem-se interessado por questões de filosofia contemporânea e estética. Redige actualmente, na FCSH-UNL, uma dissertação de doutoramento sobre a estética de Theodor W. Adorno subordinada ao tema: Verdade e enigma no pensamento estético de Adorno.

Jorge Ramos do Ó é historiador, professor na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, onde lecciona matérias relativas à História da Educação. Entre outras obras, publicou O governo dos escolares: uma aproximação teórica às perspectivas de Michel Foucault e O governo de si mesmo. Modernidade pedagógica e encenações disciplinares do aluno liceal: último quartel do século XIX – meados do século XX.

José Luís Garcia, sociólogo e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, tem-se dedicado, entre outras matérias, ao estudo da ciência e tecnologia contemporâneas. Este mesmo tópico constitui a focalização do seu doutoramento cuja tese se intitula Engenharia Genética dos Seres Humanos, Mercadorização e Ética. Uma Análise Sociopolítica da Biotecnologia. Entre outras publicações, co-editou recentemente o livro Razão, Tempo e Tecnologia - Estudos em Homenagem a Hermínio Martins.

José Manuel Sobral é antropólogo, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Tem sobretudo trabalhado sobre nacionalismos e também sobre tradição e cultura popular. Entre outros, publicou Trajectos: o Presente e o Passado na vida de uma Freguesia da Beira.

José Neves é historiador. Realizou uma tese de doutoramento intitulada Comunismo e Nacionalismo em Portugal – Política, Cultura e História no Século XX e, na mesma área, editou Da Gaveta para Fora – Ensaios sobre Marxistas. Actualmente é investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

José Nuno Matos é licenciado e mestrado em Ciência Política pelo ISCSP-UTL. Publicou Acção Sindical e Representatividade.

Manuel Deniz Silva é musicólogo, investigador do Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos de Música e Dança, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Realizou doutoramento em Paris sobre a História da Música em Portugal e trabalha actualmente sobre música e cinema.

Manuela Ribeiro Sanches é professora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde investiga matérias nas áreas dos estudos culturais, dos estudos pós-coloniais e dos estudos literários. É membro do Centro de Estudos Comparatistas. Editou recentemente Portugal não é um país pequeno” – Contar o império na pós-colonialidade e Deslocalizar a “Europa”. Antropologia, arte, literatura e história na pós-colonialidade.

Miguel Serras Pereira é autor, entre outros, de Da Língua de Ninguém à Praça da Palavra e Exercícios de Cidadania. É igualmente tradutor de inúmeros escritores e ensaístas de referência, entre eles Cornelius Castoriadis, sobre cuja obra se tem debruçado.

Nuno Domingos é mestre em Sociologia Histórica pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e encontra-se actualmente a realizar o seu doutoramento em Antropologia Social pela School of Oriental and African Studies (Universidade de Londres). Editou, com José Neves, A Época do Futebol – O Jogo visto pelas Ciências Sociais. É autor de A Ópera do Trindade.

Nuno Nabais é professor na Universidade de Lisboa, Professor Convidado do Departamento de Teatro da Universidade de Évora e membro do Centro de Filosofia da Ciência da Universidade de Lisboa. É fundador e coordenador da Fábrica de Braço de Prata. É autor de A Metafísica do Trágico. Estudos sobre Nietzsche [Tradução inglesa Nietzsche and the Metaphysics of the Tragic] e de A Evidência da Possibilidade. A questão modal na fenomenologia de Husserl.

Nuno Ramos de Almeida, jornalista e militante. Jornalista de profissão, foi director dos Cadernos Polítika!, repórter dos programas de reportagem da SIC, director-adjunto do Já e director da revista Focus. Foi militante e dirigente na JCP, PCP e Bloco de Esquerda, e activista do movimento alter-global, tendo estado no grupo que organizou o primeiro Fórum Social Europeu de Florença, na movimentação global contra a guerra do Iraque. Foi coordenador do primeiro Fórum Social Português.

Paulo Raposo é antropólogo, professor no ISCTE e investigador do Centro em Rede de Investigações em Antropologia. Entre outras áreas, tem publicado sobre cultura popular e hibridização, ritual e performance, antropologia visual e património e turismo. Faz parte da Comissão Editorial da revista Etnográfica e colaborador do Jornal A Página. Teve formação de actor e actuou como actor profissional, assistente de encenação, músico e produtor musical durante alguns anos em diversos grupos teatrais de Lisboa.

Ricardo Noronha é bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia e encontra-se neste momento a preparar uma tese de doutoramento sobre a nacionalização da banca no contexto da revolução portuguesa de 1974-75. É investigador do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa.
Rui Tavares é historiador, cronista no Público e no Blitz e comentador na SIC Notícias. É autor dos livros O Pequeno Livro do Grande Terramoto, Pobre e Mal Agradecido, O Arquitecto e O Regicídio (em co-autoria com Maria Alice Samara).

Silvina Rodrigues Lopes é professora no departamento de Estudos Portugueses da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É autora, entre outros, dos livros A Legitimação em literatura, Exercícios de Aproximação e Literatura: Defesa do Atrito.


Uma breve reportagem do espaço Fábrica Braço de Prata ( em Lisboa)


Lançamento do livro-cd «Com Quatro Pedras na Mão» pelo Bando dos Gambozinos com música de Susana Ralha (sessão única no Cinema Batalha, dia 2 às 18h.)


É já no próximo Domingo, dia 2 de Novembro, pelas 18h, que o Livro CD, Com Quatro Pedras na Mão - o Porto cantado por Crianças e Jovens, terá a sua apresentação com uma sessão única no Cinema Batalha cantada pelo Bando dos Gambozinos.

As músicas foram compostas por Suzana Ralha sob poemas de Filipa Leal, João Pedro Mésseder, Joaquim Castro Caldas, Jorge Sousa Braga, José Mário Branco, Luís Nogueira, Luísa Ducla Soares, Matilde Rosa Araújo e Rui Pereira.

As ilustrações do livro são de Emílio Remelhe sob orientação gráfica de Gémeo Luís.

Atenção: As entradas serão aceites por convite. As pessoas que estiverem interessadas em assistir ao espectáculo dirigir-se-ão ao
blogue Deriva das palavras, ou ao Bando dos Gambozinos, com indicação do nome e contacto (morada, telemóvel e/ou mail) a fim de serem remetidos, ou guardados, os bilhetes. Atenção que já existem só alguns.

Consultar:
http://derivadaspalavras.blogspot.com/

Partidela tradicional da Amêndoa em Moncorvo ( no Museu do Ferro)



Realizou-se ontem, Sábado, dia 25 de Outubro, a 5ª Partidela Tradicional de Amêndoa, no auditório do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo.

Este ano a Partidela Tradicional teve a presença sa Associação de Amigos do Museu do Douro, sedeada em Peso da Régua.A sessão foi animada com música tradicional, a cargo da Tuna da Lousa e arredores (sendo a maior parte dos artistas do lado Oeste do concelho de Torre de Moncorvo). No final houve uma merenda composta por produtos da terra, tal como se servia dantes, ao final das “partidas” ou “partidelas” da amêndoa. Estes géneros são oferta de produtores e do comércio local.


Recorde-se que a “partição” ou “partida” da amêndoa, consistia na reunião das famílias, vizinhos e amigos, para, ao serão, durante as noites frias de Outono ou Inverno, se “entreterem” a quebrar a casca lenhosa das amêndoas, a fim de venderem o grão, pois assim era mais bem pago pelos negociantes de frutos secos. Era um momento de trabalho, mas também de confraternização e de amena cavaqueira.

Este sistema de entreajuda, um pouco na linha do comunitarismo transmontano, era sobretudo usado pelos pequenos e médios proprietários.


Os grandes proprietários, por seu lado, chamavam gente à geira, normalmente mulheres, para executarem esse trabalho, o qual era pago consoante os alqueires que enchiam, completamente a transbordar. Disso nos dá conta o escritor moncorvense Campos Monteiro (1876-1933) na sua novela “Tragédia de um coração simples, in Ares da Minha Serra (editada por volta de 1932):

“A partição da amêndoa, em casa da Srª D. Clotilde Paredes, começava por alturas das oito horas da noite e terminava infalivelmente às dez e meia (…) E toda a bendita noite, erguendo e descendo o braço, as mulheres despediam pancadas secas, separando as duas valvas da casca lenhosa de onde surgia, como pérola baça em concha de ostra, a semente oblonga e saborosa”.

É preciso recordar que boa parte do concelho de Torre de Moncorvo se situa na chamada Terra Quente Transmontana, com um microclima mediterrânico, onde se dão bem a vinha, a oliveira e a amendoeira. Esta última cultura, que é também responsável pelo cartaz turístico da Amendoeira em Flor, tem conhecido uma certa regressão nas últimas décadas, razão pela qual as “partidas” da amêndoa deixaram de se verificar. Já antes disso, as máquinas britadeiras tinham começado a substituir a mão humana.


O Museu do Ferro, querendo recuperar estas tradições e, simultaneamente, desenvolver uma certa “museologia de proximidade”, envolvendo pessoas de todas as idades e de diversas proveniências (habitantes locais e visitantes de outras paragens) volta a reeditar esta actividade que já vai na sua 5ª edição.


Retirado de :
http://parm-moncorvo.blogspot.com/


De que real é a actual crise o espectáculo? ( texto do filósofo Alain Badiou)

Será que é admissível continuar a afirmar que é impossível tapar com milhões o buraco da segurança social, mas que devemos tapar, com biliões, o buraco dos bancos?

(...)

Nas últimas semanas, falou-se sistematicamente da “economia real” (a produção de bens). Oposta a ela está a “economia irreal” (a especulação), de onde viria todo o mal, visto que os seus agentes se teriam tornado “irresponsáveis”, “irracionais” e “predadores”. Essa distinção é, evidentemente, absurda. O capitalismo financeiro é, desde há cinco séculos, uma peça central do capitalismo em geral. Quanto aos proprietários e animadores desse sistema, eles não são só, por definição, os responsáveis pelos lucros, e a sua “racionalidade” não é apenas medida pelos lucros. De facto, eles são não só os predadores como ainda têm o dever de o ser.

(...)

Será que é possível continuar a afirmar que é impossível tapar com milhões o buraco da segurança social, mas que devemos tapar, com biliões, o buraco dos bancos?



Tal como nos é apresentada, a crise planetária das finanças parece-se a um desses maus filmes produzidos pela indústria de sucessos pré-fabricados que chamamos hoje de cinema. Nada falta nele, incluindo mesmo os clarões que provocam terror: é impossível impedir a sexta-feira negra, parece que tudo se vais desmoronar, mesmo tudo ...

Mas a esperança permanece. Diante do espectáculo, aterrorizados e concentrados como num filme-catástrofe, a pequena quadrilha dos poderosos, os bombeiros do fogo monetário, os Sarkozy, Paulson, Merkel, Brown e outros Trichet, gastam milhares de milhões para encher um buraco central. “Salvar os bancos!”. Esse nobre grito humanista e democrático é lançado por todas as gargantas políticas e mediáticas. Para os actores principais do filme, ou seja, os ricos, como também os seus serventuários, assim como para os seus parasitas e todos aqueles que os incensam, um final feliz é inevitável, face ao que eles e o mundo são hoje, e os políticos que os cercam.

Mas voltemo-nos antes para os espectadores desse show, a multidão atónita que ouve como uma algazarra longínqua os gritos alucinantes dos banqueiros, imagina os fins-de-semana cansativos da ilustre equipa de chefes de governo, vê passar diante dos seus olhos estatísticas, tão gigantescas quanto obscuras, e compara tudo isso mecanicamente com os recursos com os quais vive, ou mesmo, para uma parte muito considerável da humanidade, a pura e simples falta de recursos que forma o fundo amargo e corajoso de sua vida. Eu digo que aí é que está o real, ao qual não teremos acesso enquanto não nos desviarmos da tela do espectáculo para considerar a massa invisível daqueles para quem o filme-catástrofe, incluindo um inesperado final cor-de-rosa ( com Sarkozy a abraçar Merkel, e todo mundo chora de alegria), nunca deixou de ser um teatro de sombras.

Nas últimas semanas, falou-se sistematicamente da “economia real” (a produção de bens). Oposta a ela está a “economia irreal” (a especulação), de onde viria todo o mal, visto que os seus agentes se teriam tornado “irresponsáveis”, “irracionais” e “predadores”. Essa distinção é, evidentemente, absurda. O capitalismo financeiro é, desde há cinco séculos, uma peça central do capitalismo em geral. Quanto aos proprietários e animadores desse sistema, eles não são só, por definição, os responsáveis pelos lucros, e a sua “racionalidade” não é apenas medida pelos lucros. De facto, eles são não só os predadores como ainda têm o dever de o ser.

Não há, portanto, nada de mais real na produção capitalista que a sua febre mercantil ou a sua pulsão para a especulação. O retorno ao real não é, assim, o movimento que conduz da má especulação “irracional” à saudável produção. Esse retorno é antes o retorno à vida, imediata e reflectida, de todos aqueles que habitam esse mundo. É a partir dessa posição que se pode observar sem fraquejar o capitalismo e o filme-catástrofe que ele nos apresenta nestes dias. O real não é o filme, mas a sala.

O que é que vemos? Vemos coisas simples e conhecidas de longa data: o capitalismo não é nada mais que um banditismo, irracional na sua essência e devastador para o futuro. Ele sempre cobrou por algumas curtas décadas de prosperidade selvaticamente desiguais, um preço que é traduzido por crises ou pelo desaparecimento de quantidades astronómicas de valores, ou então por expedições punitivas sanguinárias em todas as zonas consideradas por ele como estratégicas ou ameaçadas, ou ainda com guerras mundiais através das quais a sua saúde é refeita.

Deixemos ao filme-crise, assim revisto, a sua força didáctica. Poderemos ainda assim ousar, face à vida das pessoas que assistem, elogiar um sistema que remete a organização da vida colectiva às pulsões mais baixas, à cobiça, à rivalidade, e ao egoísmo automatizado? Fazer o elogio de uma “democracia” onde os dirigentes são tão impunemente os serventuários da apropriação financeira privada que até espantaria o próprio Marx, que já qualificava esses governantes, há 160 anos, como os funcionários do poder do capital? Será que é possível continuar a afirmar que é impossível tapar com milhões o buraco da segurança social, mas que devemos tapar, com biliões, o buraco dos bancos?

A única coisa que podemos desejar nesta questão é que descubramos o poder didáctico nas lições que podem ser tiradas para os povos, e não para os banqueiros, para os governos que os servem e para os jornais que servem aos governantes, em toda esse sombrio espectáculo. Eu vejo dois níveis articulados deste retorno do real. O primeiro é claramente político. Como o filme tem mostrado, o fetiche “democrático” não passa de um serviço solícito aos bancos. O seu verdadeiro nome, o seu nome técnico, como proponho há muito tempo, é: capital-parlamentarismo. Convém, pois, como múltiplas experiências começaram a fazer nos últimos vinte anos, organizar uma política de natureza diferente.
Ela é e estará - por muito tempo ainda, sem dúvida – distante do poder do Estado, mas pouco importa. Ela começa, na base do real, pela aliança prática das pessoas mais imediatamente disponíveis para inventá-la: os novos trabalhadores vindos da África ou de outros lugares, e os intelectuais herdeiros das batalhas políticas das últimas décadas. Ela ampliar-se-á em função do que houver a fazer, ponto por ponto. Ela não manterá nenhuma espécie de relação orgânica com os partidos existentes e o sistema, eleitoral e institucional, que os mantém vivos. Ela inventará a nova disciplina daqueles que não têm nada, a sua capacidade política, a nova ideia do que será sua vitória.

O segundo nível é ideológico. É preciso inverter o velho veredicto segundo o qual estaríamos vivendo “o fim das ideologias”. Vemos hoje, muito claramente, que essa pretensão não tem outra realidade do que a expressa pela palavra de ordem “salvemos os bancos”. Nada é mais importante do que reencontrar a paixão das ideias e contrapor ao mundo, visto como uma hipótese geral, a certeza antecipada de um outro curso de acontecimentos totalmente distinto. Ao espectáculo maléfico do capitalismo, nós opomos o real dos povos, a existência de todos no movimento próprio das ideias. A motivação pela emancipação da humanidade não perdeu em nada a sua força. A palavra “comunismo”, que durante muito tempo nomeou essa força, foi certamente aviltada e prostituída.

Mas, hoje, o seu desaparecimento só serve os defensores da ordem, os actores febris do filme-catástrofe. Nós iremos ressuscitá-la com a sua nova claridade. Que é também a sua antiga virtude, expressa quando Marx dizia, a propósito de comunismo, que ele “rompia da forma mais radical com as ideias tradicionais” e que fazia surgir “uma associação onde o livre desenvolvimento de cada um é a condição para o livre desenvolvimento de todos”.
Ruptura total com o capital-parlamentarismo, uma política inventada com base no real popular, e na soberania da ideia: tudo está aí para nos tirar do filme da crise e nos lançar para na fusão do pensamento vivo e da acção organizada.

Texto publicado no Le Monde de 18 de Outubro de 2008

Para saber mais sobre Alain Badiou, consultar:
http://en.wikipedia.org/wiki/Alain_Badiou