27.11.05

Desmantelemos as grandes superfícies comerciais (1)


Por cada emprego precário (por ex., 1 emprego com contrato a prazo) que criam, as grandes superfícies comerciais eliminam 5 empregos definitivos ( de duração ilimitada)


O sistema da grande distribuição nasceu e prosperou à sombra de políticas catastróficas. Por interesse inconfessados e por uma questão ideológica. Cabe-nos rejeitar um tal sistema desumano.

O modelo da grande distribuição em Portugal nasceu no início dos anos 80 com um atraso considerável relativamente ao seu aparecimento nos restantes países europeus que se deu regra geral no período do pós-guerra.
Foi mais concretamente na época cavaquista que as grandes superfícies se instalaram no mercado português e, quais eucaliptos comerciais, começaram a desertificar e a controlar todo o circuito comercial à sua volta. Desde então, Portugal entrou definitivamente na depredadora sociedade de consumo ( e do desperdício). Desaparece o comércio de proximidade e começam as peregrinações aos shoppings. Pululam também as «rapariguinhas do shopping» e multiplicam-se os multiplexes com pipocas e filmes de Hollywood.
Entretanto, a actividade comercial concentra-se nas mãos de uns poucos ( muito poucos) prejudicando os produtores, os fornecedores e iludindo os consumidores. Tudo isto sob o beneplácito dos politiqueiros à frente da máquina estatal e das autarquias, e em nome do suposto «crescimento económico»do país e da região.
Tanto mais que se constrói por artes e magias a ideia que as grandes superfícies criam emprego. A verdade é que, pelos estudos realizados até à data, conclui-se que por cada emprego a prazo ( isto é, um emprego precário) criado numa grande superfície são destruídos 5 empregos definitivos.
O modelo organizacional das grandes superfícies é bem revelador da globalização capitalista e da sua natureza profundamente desumana. Por via dele opera-se a cativação das riquezas, a concentração do poder, a destruição do tecido económico e social existentes, a intensificação da agricultura intensiva, produtivista e industrial, encorajando-se a deslocalização da produção para os países onde se explora mais a mão de obra, incluindo o trabalho infantil.
Pior que tudo, o modelo comercial das grandes superfícies erige-se como modelo único, pronto a ser exportado, mas que, na verdade, constitui uma autêntica arma de destruição maciça para os países que têm uma fraca segurança social ( como é o caso de Portugal), relativamente aos países com maior desenvolvimento, e onde as empresas construtoras das grandes superfícies se foram inspirar.
Os políticos foram os grandes responsáveis por esta implantação que destruiu e danificou sectores económicos inteiros. Só para darmos um pequeno exemplo sintomático do que aconteceu basta referir que o chamado comércio itinerante quase que desapareceu. Assim, em vez de uma carrinha ir abastecer 200 clientes, temos agora 200 carros individuais a virem a abastecer-se às grandes superfícies.
Além disso, não é verdade que os preços sejam compensadores no comércio das grandes superfícies. Só uma fortíssima campanha publicitária ( para isso mesmo é que serve a publicidade) é que induz as pessoas a acreditar que os preços dos hipermercados ficam mais em conta que o consumo de produtos locais.
É o expansionismo das grandes superfícies que explica o facto de um camponês desaparecer em cada 3 minutos ( na ex-Europa a quinze), sacrificado aos altos interesses do produtivismo industrial que tudo arrasa desde que o suposto «crescimento económico» fique saciado pelas estatísticas falaciosas. Privilegia-se uma agricultura intensiva, produtivista, estandardizada e subvencionada em prejuízo da agricultura camponesa local.
Há cada vez mais conselhos a verem o seu comércio local a definhar e desaparecer, levando à ruína os comerciantes independentes ( pequenos e médios comerciantes) substituídos pela grande superfície comercial, anónima e toda-poderosa.
Para travar esta lógica é necessário apostar em construir redes associativas e cooperativas locais que reúnam à sua volta os agricultores, os consumidores e os comerciantes independentes para melhor satisfazerem os interesses sociais de todos contra a intrusão do grande comércio capitalista.
A publicidade e os políticos não se cansam de matraquear-nos com o slogan de que é preciso baixar os preços para relançar o consumo e, desta forma, o próprio crescimento. Mas ignoram, ou fazem por isso, que as «nossas compras são os nossos empregos», e que por aquela via o mais certo é que o crescimento e o consumismo seja feito à custa da precarização dos nossos emprego, o abaixamento dos nossos salários, e quando não, baseado fundamentalmente em importações de países onde as condições de vida são muito péssimas e infra-humanas.
A malfadada directiva Bolkenstein só poderá vir piorar a situação permitindo a dessocialização do trabalho em larga escala, em nome da sacrossanta livre concorrência!!!
Importa re-apropriarmo-nos dos nossos próprios consumos, privilegiando e preferindo a troca (ou, então, em alternativa, a venda) directa, assim como os mercados e o comércio de proximidade, protagonizado por comerciantes independentes dos grandes jogos económico-financeiros, e no respeito por uma ética eco-social que defenda o ambiente e se inspire nos valores da igualdade e da solidariedade.

Um outro mundo é possível. Mas não apenas por palavras. Urge a construção de associações e cooperativas que promovam uma economia solidária e ecologicamente sustentável.
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(1) Para evitar qualquer interpretação mais precipitada importa esclarecer que a expressão que serve de título ao texto foi retirada de um artigo publicado numa das recentes edições do jornal francês «La Décroissance».
Rejeitamos como princípio, como sempre, o uso de qualquer meio de carácter violento na luta política, e defendemos convictamente a criação de circuitos e redes alternativos à grande distribuição comercial que é representada pelas grandes superfícies, com vista à sua completa superação e substituição pelo comércio de proximidade.

Bocas anti-fachos


Porque é que os fachos ficam tão contentes quando terminam um puzzle em 3 meses?
-Porque na caixa indicava um prazo entre 3 a 5 anos.

Porque é que os ataúdes dos fachos têm buracos?
-Para que as larvas e as moscas venham vomitar cá fora.

O que fazer para que um facho esteja alegre no Sábado à noite?
-Contar-lhe uma anedota na segunda-feira anterior.

Para que é que os fachos têm um neurónio a mais do que os cavalos?
-Para que não caguem durante os desfiles.

Porque é que os fachos não podem dizer «entrou por um ouvido e saiu-me pelo outro»?
-Porque o som não se propaga no vazio.

Quando demora um facho a morrer por efeito de um tiro na cabeça?
- Mais ou menos 7 ou 8 horas, dependendo de quanto tempo a bala demora até encontrar o cérebro.

Porque é que os caixões dos fachos têm duas asas em cada lado?
- Da mesma maneira que existem caixotes de lixo com duas pernas e dois braços.

Sou, para quem não saiba,… a anarquia!


Nasci com a primeira Revolta. Insubmissa, desgrenhada, irreverente e bela, construí-me a mim mesma. Desde as entranhas do meu corpo partiu a primeira blasfémia contra o opressor. Neguei-me a ser submetida, dirigida e apadrinhada. Transformei-me em apóstata, e logo me acusaram de herege. Fui logo ali condenada, mas as minhas asas de fénix levaram-me para longe das fogueiras e cadafalsos. Acabei por atravessar oceanos e continentes. No caminho encontrei servidões, fome, jugo e parlamentos. Ouvi poucas desculpas e mil lamentos. Experimentei o desespero. Cavei fundo uma trincheira onde me barriquei com sonhos, crianças loucas e poetas náufragos. Atravessei Espanha por volta de 1936. Parei, olhei à esquerda, depois à direita e vi caras sujas em limpos uniformes salpicados com o sangue dos povos em nome da "justiça", da dialéctica e de outras quinta-essências. Deu-me raiva ver aquela cena, e desde aí - confesso - nunca deixei de imprecar contra os tronos, invectivar os governos, troçar das pátrias, e sofrer com a dor do mundo.
Habito agora a humanidade inteira, jovial, livre e rebelde . Não me resigno nem rezo, e aqui deixo, para quem me quiser encontrar, a minha residência permanente: vivo lá aonde se resiste às tiranias, aos pequenos e grandes poderes, e a toda a autoridade ilegítima.

Sou, para quem ainda não saiba (nem me conheça),…

... a anarquia.


Versão em castelhano:


Nací con la primera revuelta insumisa, inquieta, desgreñada Me construí a mi misma desnuda, bella, irreverente. Desde mis huesos inermes partió la primera blasfemia hacia el creador... Me negué a ser sometida, dirigida, apadrinada. Me transformé en apóstata fui acusada de irreligión. Fui condenada, pero mis alas eran de fénix, y en raudo abandoné las hogueras y atravesé los océanos... Vi yugos por dondequiera, calambres y hambre, parlamentos y lamentos, aprendí la desesperación. Cavé con las uñas una trinchera de sueños y me embriagué con esa pandilla de niños locos, poetas náufragos allá en España del treinta y seis... Miré a la izquierda, miré a la derecha y vi rostros sucios ocultos tras limpios uniformes vertiendo la sangre de los pueblos en nombre de la justicia, la dialéctica y otras empalagosas quintaesencias... Y tomé la rabia Y la afilé y lancé truenos contra los tronos, enemiga de los gobiernos, enemiga de las patrias, enemiga del dolor. Abrazo al mundo, vivo y no ruego, amo y resisto sus tiranías.

Soy la Anarquia!!!