8.1.13

A Marcha do Silencio dos Zapatistas ( descendentes dos maias)


 
A Marcha do Silencio dos Zapatistas ( descendentes dos maias)
 
No dia 21/12/2012, enquanto o mundo brincava ao fim do mundo, os verdadeiros descendentes dos maias, vivos e reais, mandaram-nos das montanhas de Chiapas uma importante mensagem, que surpreendeu o México. Em diferentes municípios da região Sudeste, milhares de indígenas integrantes do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) iniciaram o dia em grandes marchas por diferentes estradas e cidades. A manifestação, organizada até à véspera em sigilo, foi pacífica e surpreendentemente silenciosa. Em todas as marchas, o silêncio foi absoluto. Nenhuma palavra de ordem, nenhum cântico, nenhum grito de protesto. Ao final do dia finalmente foi divulgado um comunicado oficial do Subcomandante Marcos, dizendo apenas: "Escutaram? É o som do mundo de vocês desmoronando. E do nosso ressurgindo". Como sabemos, os maias nunca falaram em "fim do mundo" (tão-pouco jamais conceberam essa ideia). Ao contrário, num gigantesco silêncio, disseram-nos que um mundo novo, uma nova era, está começando. E que os ideais zapatistas estão de volta.
 
 
COMUNICADO DEL COMITÉ CLANDESTINO REVOLUCIONARIO INDÍGENA- COMANDANCIA GENERAL DEL EJÉRCITO ZAPATISTA DE LIBERACIÓN NACIONAL.
 
MÉXICO. 21 DE DICIEMBRE DEL 2012
 
A QUIÉN CORRESPONDA:
¿ESCUCHARON?
Es el sonido de su mundo derrumbándose. Es el del nuestro resurgiendo.
El día que fue el día, era noche. Y noche será el día que será el día.
¡DEMOCRACIA! ¡LIBERTAD! ¡JUSTICIA!
 
Desde las montañas del Sureste Mexicano.
Por el Comité Clandestino Revolucionario Indígena-Comandancia General del EZLN Subcomandante Insurgente Marcos.
México, Diciembre del 2012.

António Pedro Ribeiro: individualismo revolucionário, xamanismo e utopia - texto de Alexandre Teixeira Mendes na apresentação do livro Fora da Lei



"FORA DA LEI" , novo livro de A.Pedro Ribeiro
 
Texto de ALEXANDRE TEIXEIRA MENDES na apresentação do último  livro de A.Pedro Ribeiro «Fora-da-Lei»
 
António Pedro Ribeiro: individualismo revolucionário, xamanismo e utopia
 
 
De entre os últimos livros de António Pedro Ribeiro, merece ser especialmente citado “Fora da Lei” (e-ditora, Braga, Dezembro de 2012), um poemário miscelânea- iconoclasta que inclui um CD com gravações (recitações) do autor e diseur (ao longo do ano corrente). Todos estaremos de acordo em que estas páginas se inscrevem no quadro de uma escrita testemunho assente em esquemas e fórmulas composicionais pré-estabelecidas - jogos enunciativos - temáticas de teor auto-biográfico (no seu contexto preciso: o domínio dos “fantasmas” pessoais). “Combato os demónios/como Horderlin, Kleist, Nietzsche/vou até ao infinito” (p.30). Desta escrita, segundo o quadro poético-base dos fluxos mentais e da errância - habitual e constante - de ser e ser algo – singular e próprio - das combinações múltiplas – fica-nos a vizinhança imediata com o “caminho excêntrico” de que nos fala Hörderlin. Tem assim o condão de nos remeter à u-topia e ao niilismo (democrático).
 
  hors la loi
 
Esta poética surge-nos, antes de mais nada, associada à recusa do poder e do controlo tecnopolita (para usar a expressão de Harvey Cox). Mostra-se-nos guiado pela crítica das estruturas centralizadas de dominação e, no entanto, do capitalismo manipulativo (onde será necessário acrescentar: a lógica do (ter sobre o ser) mercantil). Diremos que estes textos-poemas coincidem também com um tom semi-insurrecional - no re-assumir da praxis política - da dialéctica do fora-da-lei, hors la loi - do “discurso livre”. E em que se reclama o compromisso militante (minoritário) e o próprio ideário da liberdade: a "liberdade livre" de Rimbaud. A escrita de António Pedro Ribeiro - já o dissemos antes - sempre se mostrou possuída por uma paixão central da “urbs” - a prática viva e“mítica” da cidade-panorama - transumante ou metafórica - da “polis” - dos “voyeurs” ou caminhantes metropolitanos- “on the road” - bem à maneira da beat generation - do “dire-vrai” sobre eros - as questões atinentes a todo o poder-dominação que se volve demoníaco (a “Kultur” consumista ou o “American Way of Life”).
 
  iluminações
 
Na acentuação crítica do mundo quotidiano (everyday-world) e do mundo da vida (life-word) - sob um fundo filosófico partilhado que nos remete à Internationale situationiste francesa e seus sonhos de revolução e libertação no domínio da vida quotidiana - as teses criticistas de Henri Lefebvre - esta poemática encerra em si, necessariamente, uma vocação dialógica e comunal. O point de départ da poesia de António Pedro Ribeiro é, em sentido rigoroso e original, a discussão sobre “representação” e “autoridade”: a sociedade do espectáculo. A originalidade desta escrita-vórtice está no contínuo movimento de imersão/ re-emersão da palavra - dando prevalência à vox (vocis) - às “iluminações”. Poderemos pôr em evidência um tipo de poesia engagé - pós-radical - de inscrição ideológica “para-marxista”. Na crítica dos módulos e fórmulas da sociedade de mercado e de dominação - num contexto de “acelerada” “liquefacção” das estruturas e instituições sociais em que hoje naufragamos- esta poética prima, antes de mais, pela singularidade e intransigência do seu radicalismo (a lição báquica): “mas há noites em que Dionísios/volta e aí dança, celebra e faz/tremer o instituído” (p.31)
 
niilismo
 
Os poemas de António Pedro Ribeiro exibem, em seu contexto de significação original, um questionar social e político: advogam um niilismo extremo, o l´enjeu do individualismo revolucionário (na acepção de Alain Joufroy). Sob a égide da crítica básica do sistema industrial-consumista - denunciam-se as patologias e as fraquezas da razão instrumental - os truques e mentiras (a linguagem corrente) dos contabilistas e dos economistas - do poder soberano e das suas instituições - a situação humana, the human predicament (na conceituação do teólogo Paul Tilitch). Mais ainda, os oligopólios - o mundo financeiro - o escravismo e a opressão mercantil - a estrutura e a lógica da “sociedade unidimensional” (v. Manifesto Antinormalidade, p. 26-27). Unindo-se ao niilismo de Max Stirner e Guy Debord - as razões de uma revolta anárquico-libertária - Rimbaud, Morrison, Ginsberg e Miller - o próprio riso de Zaratustra – a obra de António Pinto Ribeiro assenta, de per si, na assumpção cénica (assertiva) do desejo ( a "indizibilidade do único"). Não teremos dificuldade em entender, desde já, porque os gregos falavam de um logos spermatikos, a palavra geradora ou o pensamento seminal.
 
  trans(e)versal
 
A poesia de António Pedro Ribeiro assenta, por conseguinte, - já o vimos precedentemente - na crítica da alienação (manipulação autoritária) e da dominação (instrumental, organizacional e psíquica) - cujo protótipo simbólico é o “Zé-Ninguém” de W.Reich. Referimo-nos a uma escrita que veicula latu sensu a insânia, o pathos da loucura e a ebriedade. Não se deve perder de vista a plenitude e a beatitude de uma poética sugerindo um caminho (de discernimento) alternativo (primordial e iluminativo): "asceta longe da tribo xamã encoberto" (p.21).Trata-se - à primeira vista - de uma escritura “engajada” - de apego ao trans(e)versal - que se opõe à visão normal - convencional. Poderíamos falar longamente sobre a conscienciosa rebelião desta poesia (porquanto uma escrita da contestação, do dissentimento ou da recusa). Temos assim uma poética mundivivencial da dicção coloquial quotidiana (para além da mera tradição lírica-discursiva)
 
  activismo existencial
 
A poesia negativa e dialéctica-dialógica - catártica e des-construtora - assume a dissidência - o poder da contestação e do protesto que é essencial a todo o pensamento livre e criador. Esta escrita denunciadora do “vazio” do mundo - da ideologia e da linguagem tecnocrática do capitalismo planetário (que transforma a pessoa humana em um ser domesticado e unidimensional) esforça-se por ser - sob as estratificações das convenções fixas - uma poesia dos transes e transportes visionários. E é ainda bem preciso e essencial notar o seu pendor oracular e na coincidência com as correntes beat. Uma das dimensões destes textos é o forte pendor ideológico - enquanto propensão crítica do ethos do domínio capitalista e inclusive da res publica burguesa. Já que se admite que o poder político é basicamente sustentado pela coerção física, enquanto que o poder económico se sustenta através de recompensa e privação.
 
hybris
 
Trata-se de uma poesia da iconoclastia e da irreverência (composta de palavras-chave no sentido estrito) que enaltece, vimo-lo nos capítulos precedentes, a auto-reflexão. Em que há também um exercício crítico em torno da sociedade autoritária “unidimensional”. Por fim, o questionamento dum mundo dominado por critérios de eficiência e sucesso e, por conseguinte, assente na “auto-escravização”do humano. Verificar-se-á que esta poesia - com os seus laivos de narcisismo umbiguista - está necessariamente ligada ao activismo existencial-visionário: de negação do ethos e do pathos do autoritarismo. Noutras palavras: uma escrita que patenteia, desde as primeiras obras, uma opção ético-política libertária. Falámos dos insigths de uma poética que nos surge mobilizada pelo “sagrado selvagem - o amor ao prolixo- a pro-jecção da hybris. “sou o canto das aves/e das sereias/sou aquele que renasce/e aquele que bebeu o Graal/que esteve com Jesus,/Merlin e Zaratustra//sou o super-homem/o poeta que reinará/sobre a Terra/sou Quixote/a lutar contra os moinhos/sou Artur de Camelot/sou todos os vencidos/que hão-de vencer/sou a água dos rios/sou o poema que não acaba/a canção que não se cala/o ouro todo do mundo” (pp.18-19)
 
  profecia
 
  Parece pois que as diligências da escrita de António Pedro Ribeiro, do poeta como do “performer”, são comandadas, cada vez mais, pela “projecções” do inconsciente. Isto traz-nos à mente os mecanismos de dissociação efectiva da identidade. A sua forca de gravitação está na apologia do “espírito livre”: libertação e liberdade colectiva. Tendo em conta essa outra virtude que é a poesia manifesto. Mais: a causa em que parece enfileirar é a causa da velha e da nova esquerda em estilo profético: democracia, auto-governo, organizações de base. É aqui que se faz importante a verificação da missão da denúncia e da profecia (já o indicamos anteriormente). Mas onde se enfatiza a liberdade e a “auto-determinação”: a de que somos “fazedores de mundo” (assinale-se a obra "Ways of Worldmaking" (1978) de Nelson Goodman) e a de que - note-se - estamos constantemente a fazer “novos mundos a partir dos velhos”. Como no-lo diz: “Capaz de gerar estrelas crio mundos novos” (p.43). Mas, pela sua própria natureza, uma poesia de "demanda" que - no seu teor cívico-ético - planfletarismo - simboliza a insurreição, a revolta, enfim, a crítica ao fascismo (democrático) em acto - que Agamben-Foucault denominou "bio-poder" - , quando se associa a visão paradigmática política do Ocidente ao campo de concentração.
 
(contra)poder
 
A poética da qual falamos é o exercício de um "contra-poder" (num aferrar-se à ideologia libertária e democratista). “Os instrumentos pelos quais o poder é exercido e as fontes do Direito para esse exercício - escreve Kenneth Galbraith – estão interrelacionadas de maneira complexa. Alguns usos do poder dependem de estar oculto, de não ser evidente a submissão dos que a ele capitulam” (Anatomia do Poder, Difel, Lisboa, p. 19). Observar-se-á, portanto, que o poder (no estrito exercício e manutenção) nunca pode, afinal, dissociar-se do seu appparatus. O que não podemos esquecer é que a história é normalmente escrita em torno do exercício do poder. Assim sendo poderia igualmente ser escrita em torno das fontes do poder e dos instrumentos que o impõem (Ib. p.105). Haveria apenas de perguntar se, basicamente, a finalidade do poder é hoje o exercício do próprio poder? E se tem ainda sentido admitir-se a poesia - passivamente como activamente - num mundo assente nas relações de poder - enquanto dom, hospitalidade, transe, desmesura?
 
leviathan
 
Na presente obra submetem-se a um exame crítico as categorias jurídicas tradicionais: re-equacionam-se os fundamentos do poder político e do direito (o novo leviathan). Não se trata evidentemente de propor a abolição dos códigos e das regras mas de considerar que o direito não é redutível a: 1) uma série de ordens ou imperativos, 2) um mero sistema de normas, 3) regularidade dos comportamentos, 4) função de uma realidade de tipo objectivo-natural. O que queremos sustentar é que a lei - as normas jurídicas - são fenómenos impessoais. Mas o que aqui é relevante é o dogma do liberalismo e do neo-liberalismo jurídicos - tácitamente uma ordem jurídica fechada e completa (primum verum). Parte-se aqui confessadamente de um desmascaramento da ideologia da “ordem”(da “normalização”) na acentuação de um confronto assumido que incide sobre a doutrinação uniformizante e a política moderna (como uma forma específica e difusa da guerra) super-dirigida. É razoável supor que a liberdade de realização dos fins individuais está pré-determinada pela história e pela sociedade. Na expressão de António Pedro Ribeiro: “Os negócio dos homens nada nos dizem/ entre faunos e sátiros/ erigimos a nossa morada/o homem vulgar não nos atinge” (p. 62)
 
(in)submissão
 
  Não é necessário dizer que a linguagem mordaz e a linguagem mágica permanecem. Vem depois a valorização da natureza-experiência primordial e, em particular, da infância (imóvel). Distingue-se pela concepção rousseana - franciscana-silvestre do homem - que se revela da mesma natureza das pedras, animais ou plantas. “Celebro o triunfo da Arte sobre a sobrevivência. Sou o homem que vem dos séculos, da floresta. Trago em mim o enigma da existência. Sou rei, mago, poeta. Sou delírio e loucura. Sou o primeiro homem. Não conheço limites, sigo a liberdade antiga” (p. 22). Digamos - para encerrar, e de passagem - que esta poesia configura, nas suas linhas gerais, o cosmopolitismo, num tempo de mundialização do urbano, - das cidades-mundo - em que de facto se adensa particularmente a aceleração da história e, por outro lado, a decadência da paisagem (a destruição da natureza). E que supõe também o emergir do monstruoso (criado pelo homem) e a crescente artificialidade em todas as dimensões essenciais da existência. As estruturas políticas (incluindo o Estado) não existem fora da totalidade social de que são um elemento integrante. Revertendo agora ao nosso ponto, temos que a escrita de António António Pedro Ribeiro é mais o ponto de vista afirmativo da mensagem libertária - uma poética que recupera o ideal - o arquétipo do poeta-xamã. Ora - e para falar a linguagem de Platão - a poesia supõe a inspiração, ou seja, uma possessão do poeta por uma força divina, seja qual for, Musa ou Apolo, ou um “fora de si”, mais ou menos definido. Mas onde o testemunho “numinoso” é ainda transe.
 
  Café-Bar Olimpo Porto 21 de Dezembro de 2012
  Alexandre Teixeira Mendes

O anarquismo (L’anarchisme) , por Édouard Jourdain (edição La Découverte)

 

O anarquismo (L’anarchisme) é um novíssimo livro da conhecida colecção Repères da editora francesa La Découverte, cujo autor é Édouard Jourdain, que já anteriormente tinha publicado os livros  Proudhon, Dieu et la guerre (L’Harmattan, 2006) et Proudhon, un socialisme libertaire (Michalon, 2009).

O anarquismo continua a ser uma corrente de pensamento e um movimento social praticamente desconhecido pela maior parte da população, apesar de constituir um alfobre de teorias e experiências que marcaram, muitas vezes na sombra, os dois últimos séculos.

Surgiu na Europa  com a revolução industrial, em reacção à condição proletária e à autoridade do Estado. E a verdade é que se o anarquismo nasce de uma negação radical a tudo o que diminui e submete o homem, ele é também portador de um projecto fundado na igualdade, liberdade e autonomia. As múltiplas correntes que compõem e alimentam a ideia anarquista unem-se nos combates contra os totalitarismos, o colonialismo,  o capitalismo, ao mesmo tempo que antecipam e desenvolvem práticas de uma sociedade futura, e que passam pelo sindicalismo, pelas escolas, pelo federalismo, pelas comunas livres…

Eclipsado ao longo de algumas décadas por força da hegemonia ideológica do marxismo, o projecto anarco-libertário emerge e renasce hoje com uma nova vitalidade, abrindo perspectivas teóricas e práticas de emancipação social e individual graças às experiências passadas que continuam vivas.


Índice do livro
Introduction / Qu'est-ce que l'anarchisme ?
A - L'anarchisme : quelles théories
I / Au coeur des théories anarchistes
Proudhon, le père de l'anarchisme ?
La religion - La propriété - Le gouvernement

Bakounine, l'éternel révolutionnaire
Religion et idéologie - La liberté - Bakounine et le marxisme

L'anarcho-communisme et Kropotkine
Stirner et l'individualisme anarchiste
 
II / Marges de l'anarchisme
L'anarchisme romantique
L'anarchisme religieux
L'anarchisme de droite
L'anarcho-capitalisme
Un socialisme libertaire : Eugène Fournière et Benoît Malon

B - Quand les anarchistes font l'histoire

III / L'épopée révolutionnaire
De l'Association internationale des travailleurs à la Fédération jurassienne
La Commune de Paris, une expérience fondatrice
Tentatives italiennes
La révolution russe ou l'épopée makhnoviste
Alliances et combats avec les bolcheviks - La réalisation d'une société réellement autonome
Espagne, 1936-1939 : le bref règne de l'anarchie

IV / Expériences libertaires
Syndicalisme révolutionnaire et anarcho-syndicalisme
Les attentats anarchistes
Les anarchistes et la guerre (entre pacifisme et résistance)
L'anti-impérialisme anarchiste
Expériences pédagogiques
Mai 68

C - Actualité de l'anarchisme
V / Pluralité des théories
Anarchisme « classique » et « postanarchisme »
L'anarchisme en dialogue avec le libéralisme et le marxisme
Anarchisme et libéralisme - Anarchisme et marxisme

L'anarchisme écologiste
L'écologie sociale - L'anarcho-primitivisme

Anthropologies anarchistes : Pierre Clastres et David Graeber
L'économie participaliste
VI / La sensibilité libertaire au XXe siècle
Les non-conformistes des années 1930
Une littérature politique aux marges de l'anarchisme : George Orwell et Albert Camus
George Orwell - Albert Camus

Deux penseurs hétérodoxes : Jacques Ellul et Cornélius Castoriadis
Jacques Ellul - Cornélius Castoriadis
VII / Pluralité des pratiques
Le municipalisme libertaire
Les zones autonomes temporaires (TAZ)
Altermondialisme et autogestion
Oaxaca - La récupération d'entreprises en Argentine
Conclusion / L'anarchisme aujourd'hui
Repères bibliographiques.


2011-05-12 / 03 - Edouard Jourdain: "Moment machiavélien, moment proudhonien" from Atelier de création libertaire on Vimeo.