26.6.05

Mandado de prisão contra 13 agentes secretos da CIA

(No dia mundial contra a tortura, que hoje se comemora, é importante difundir notícias como estas para que os carrascos dos direitos humanos não se sintam impunes.)

Uma juiz italiana, Chiara Nobili, acabou de emitir ordens de prisão contra 13 agentes secretos da CIA, entre eles, um ex-cônsul dos Estados Unidos, por sequestro e rapto. Os visados são acusados de sequestrar em pleno centro de Milão um cidadão egípcio, suspeito de manter contactos com a Al Qaeda, e de o transferir para a cidade do Cairo, onde foi submetido a torturas. Os factos reportam-se a 17 de Fevereiro de 2004, e a vítima Hasan Mustafá Osama Nasr, desapareceu em Maio de 2004.

Os factos eram sobejamente conhecidos, graças aos registos dos telemóveis dos agentes secretos, mas não se conhecia a identidade dos indivíduos, excepto a de Robert Seldom Lady, veterano da guerra suja na América Central, e cônsul norte-americano em Milão desde Setembro de 2000. Sabe-se ainda que do grupo dos agentes secretos fizeram parte 3 mulheres, e realizaram o sequestro e rapto com o uniforme da polícia italiana. Depois dirigiram-se para a base aérea norte-americana de Aviano, onde embarcaram com a vítima num avião privado, sob o código Spar 92 ( que significa pessoa não identificada a bordo), em direcção a outra base aérea norte-americana na Alemanha, onde trocaram de avião e rumaram para o Cairo. Aqui chegados, o ministro egípcio do Interior, cúmplice da operação de sequestro, ofereceu ao sequestrado a possibilidade de se tornar informador. Como a vítima se recusava foi, de imediato, internada na prisão de Al Tora. Até que em 20 de Abril de 2004 consegue telefonar para a sua esposa a contar que fora torturado durante 7 meses, e que por esse motivo padecia de diversas doenças. Pedia ainda à sua esposa que não contasse a ninguém o que lhe tinha acontecido, uma vez que a polícia egípcia lhe proibira de contactar por telefone a quem quer que fosse.
O certo é que, logo que soube, a polícia egípcia voltou-o a prender a 13 de Maio de 2004 e, desde essa altura, ignora-se totalmente o seu paradeiro e, até mesmo, se está vivo ou morto.

Fonte: El País

Os países do G8 furam o embargo do negócio de armas

As armas vendidas pelos países do G8 estão a ser usadas por Estados que violam os direitos humanos, e que seguem as políticas de empobrecimento, ou que alimentam conflitos com Estados vizinhos, segundo um relatório elaborado por agências de desenvolvimento.
O relatório apela para os líderes políticos, que se encontrarão na Escócia na próxima semana, tomarem medidas imediatas para controlar o comércio das armas e assinarem um tratado internacional de controle do comércio de armamento
Os países do G8 - o Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia, o Reino Unidos e Estados Unidos - são responsáveis por 84% do comércio mundial de armas, de acordo com o citado relatório, publicado pela Amnistia Internacional, Oxfam e a International Action Network on Small Arms e intitulado «Os G8: os maiores Exportadores mundiais de armas».

Mais info:
http://www.guardian.co.uk/armstrade/0,10674,519643,00.html

http://www.controlarms.org/

Os Estados Unidos estão a perder a guerra no Iraque

Apesar das afirmações de Bush em sentido contrário, o certo é que são cada vez mais os sinais que os Estados Unidos estão a perder a guerra. São cada vez em maior número os senadores norte-americanos, bem como os analistas e consultores a afirmarem que a guerra dos Estados Unidos está ser perdida. Desta vez foi o antigo assessor de segurança nacional, Zbigniew Brzezinski, a confessar que a guerra no Iraque se está a tornar num verdadeiro desastre.
Já anteriormente um influente senador republicano, Chuck Hagel, havia afirmado, numa entrevista ao semanário US News and World Report, que os USA estavam perdendo a guerra no Iraque e que Bush estava desfasado da realidade.
Por seu turno um crescente número de norte-americanos se mostram cada vez mais cépticos face ao evoluir da guerra. Uma recente sondagem mostrava que 59% dos americanos seram contra a guerra do Iraque.
Por isso é que um conjunto de representantes democratas e republicanos haviam pedido à Administração Bush para anunciar um calendário de retirada das tropas do Iraque, o que foi rejeitado por Bush na sua última conferência de imprensa.
Recorde-se que, segundo dados oficiais, encontram-se no Iraque 130.000 efectivos norte-americanos, tendo já morrido 1.770 e mais 13.000 foram feridos.
Alguns senadores preparam-se para na sessão do Senado no próximo 4 de Julho, dia da independência dos USA, lerem em voz alta todos os nomes dos soldados já mortos no teatro de guerra.

A Psicologia da Incompetência dos Militares (reedição portuguesa do livro)

Foi reeditado pela editora portuguesa ( Publicações D. Quixote) o livro, tornado já um clássico nas críticas à organização militar, «A Psicologia da Incompetência dos Militares», de Norman Dixon, originalmente publicado em 1976, e que trata de escalpelizar as razões e os factores da incompetência dos militares, nomeadamente dos generais e restantes altos comandos dos exército.
Dixon aponta como uma dessas razões a própria natureza da organização militar, que geraria, ela própria doses crescentes de incompetência, ao promover os elementos mais incompetentes dentro das suas estruturas. As características das organização militar que fomenta a incompetência dos seus elementos seriam:

- A uniformidade, com o consequente conformismo interno

-a hierarquia rígida que não permite a abertura de canais de baixo para cima

-o excesso de regularidade, estabilidade, em suma, a total arregimentação dos efectivos militares

- a tendência para premiar os elementos mais servidores e ambiciosos, com consequências desastrosas no futuro

Outro tipo de incompetência, referido no livro, é a chamada incompetência estratégica dos militares, que se evidencia sobretudo ao nível político e nas situações de vida, quando se perdem os objectivos previamente definidos, fora os quais os militares se tornam verdadeiramente incompetentes.

Novas edições de duas revistas: Vértice ( marxista) e Utopia (anarquista)

Saíram do prelo recentemente dois novos números da revistas Vértice, de orientação marxista, e com um reconhecido papel na luta oposicionista contra o regime fascista de Salazar e Caetano, e a Utopia (revista anarquista de cultura e intervenção).

O nº 121 da Vértice é quase um número duplo já que inclui o texto completo de várias intervenções, efectuados no encontro subordinado ao tema «Civilização ou Barbárie», apresentadas por vários oradores, desde escritores a autarcas, de diversos países. Nele se podem ler as intervenções de István Mészaros (filósofo), Rui Namorado Rosa, George Labica (filósofo), Miguel Urbano Rodrigues, John Bellamy Foster (editor da revista Monthly Review), entre muitas outras.

O nº 19 da Revista Utopia também já se encontra nos escaparates das livrarias e inclui um dossier dedicado à temática do trabalho, com diversos artigos, um texto de Tomás da Fonseca sobre «Fátima: a empresa da Cova de Iria», outro texto sobre o cineasta Jean Vigo e muitas notícias, complementadas com várias recensões críticas sobre livros e publicações recentemente editadas.

Para mais informações: