11.10.07

A Desobediência - estreia hoje peça de homenagem a um dos grandes portugueses que ousou desobedecer


«A Desobediência», peça de Luiz Francisco Rebello sobre o cônsul português em Bordéus Aristides de Sousa Mendes, que salvou 30 mil judeus passando-lhes vistos contra as ordens de Salazar, estreia hoje no Teatro da Trindade.


Esta peça, escrita em 1995 e baseada no livro de Rui Afonso «A Injustiça – O caso Sousa Mendes», “não pretende ser teatro histórico, mas sim teatro político e popular, na melhor acepção dos termos”, diz Rui Mendes, o encenador


A acção situa-se no Verão de 1940, quando as tropas nazis invadiram a França e a salvação de milhares de judeus na Europa dependia de um visto de trânsito para um país neutro.
Dividido entre a sua consciência e o cumprimento das ordens dadas por Salazar, Aristides de Sousa Mendes decidiu desobedecer ao ditador, o que resultou na salvação de 30 mil pessoas e no seu afastamento definitivo da carreira diplomática.
“Todos eles são seres humanos e o seu estatuto na vida, religião ou cor são totalmente irrelevantes para mim (...) Eu sou cristão e, como tal, acredito que não devo deixar esses refugiados sucumbir. E assim, declaro que darei, sem encargos, um visto a quem quer que o peça” – nestes termos se defendeu o cônsul português das acusações que o Estado Novo lhe dirigiu na sequência dos acontecimentos de Junho de 1940.


“Se outra valia não tiver – escreveu Luiz Francisco Rebello no texto de apresentação da peça – valerá como a simples homenagem de um simples dramaturgo português da segunda metade do século XX a um dos grandes portugueses desse século, que ousou desobedecer num tempo em que se exigia dos homens obediência cega”.


Depois de ser condenado à inactividade num processo disciplinar viciado, de estar arruinado e impedido de exercer a advocacia, Sousa Mendes viu-se obrigado a recorrer à caridade para sustentar a numerosa família.
Criado após a Segunda Guerra Mundial para julgar os crimes cometidos pelos nazis, o Tribunal de Nuremberga estabeleceria que ninguém pode atentar contra os valores humanos sob o pretexto da obrigação de cumprir ordens.

Com interpretação de Rogério Vieira, no papel do cônsul português, Carmen Santos, Diogo Amaral, Igor Sampaio, Joana Brandão, João Didelet, José Henrique Neto, Marques d’Arede e Rita Loureiro, entre outros, «A Desobediência» estará em cena até 25 de Novembro, na sala principal do Teatro da Trindade, de quarta-feira a sábado às 21h30 e ao domingo às 16h00.

No mesmo espaço, decorrerá um ciclo de actividades paralelas com entrada gratuita, intitulado «Desobediências», que pretende “enquadrar a apresentação do espectáculo” e incluirá artes plásticas, uma mostra de cinema intitulada «Histórias de Resistência», vídeo e actividades lúdicas e expressivas para estudantes.



Ciclo de actividades paralelas ao espectáculo “A Desobediência”:




Cinema Ciclo de Cinema Histórias de Resistência


Seis filmes, muito diversos entre si, que servem para dar (mesmo de forma não exaustiva) uma ideia da atenção dispensada pelo cinema alemão ao tema da heroicidade e resistência (incluindo a não-violência), contra a demência e barbárie do regime nazi de Adolfo Hitler.

Outubro


Dia 16 Terça-feira 18h30 // Sala Principal
O Nono Dia (Der Neunte Tag)
de Volker Schlondorff
com Ulrich Matthes, August Diehl, Hilmar Thate.
Alemanha / Luxemburgo, 2004 93 min. cópia DVD, Leg. português

>O dramático dilema do padre católico, Henri Kremer que tem nove dias para convencer o bispo a influenciar o Vaticano das” virtudes” do regime nazi e assim salvar a sua família e os amigos, prisioneiros, tal como ele, no campo de concentração de Dachau. Schlondorff (o autor do mítico “O Tambor), realiza uma exemplar, dramática e realista reflexão sobre a moral e a consciência durante o nazismo.




Dia 23 Terça-feira 18h30 // Sala Principal
A Rosa Branca (Die Weisse Rose)
de Michael Verhoeven
com Lena Stolze, Wulf Kessler, Oliver Siebert.
Alemanha, 1982 123 min16mm, Leg. castelhano

>A história verídica de um grupo de estudantes da Universidade de Munique -Sophie Scholl, Hans Scholl, Willi Graf, Christoph Probst, Alexander Schmorell, e o professor Kurt Huber- que, em 1942, formaram uma célula de resistência (A Rosa Branca), não-violenta, contra o III Reich. Denunciados, são presos pela Gestapo e condenados à morte. Uma tocante lição de coragem e de abnegação.


Dia 30 Terça-feira 18h30 // Sala Principal
Os Cinco Últimos Dias Dias (Fünf letzte Tage)
de Percy Adlon
com Lena Stolze, Irm Herrmann, Joachim Bernhard
Alemanha, 1982 123 min16mm, Leg. castelhano

>Pela mão do realizador de, “Rosalie Vai às Compras” (divertida sátira ao consumismo), um drama intimista carregado de humanidade, dor e vida centrado nos derradeiros dias de cárcere de Sophie School, estudante de 21 anos, que ousou desafiar a tirania nazi.



Novembro


Dia 6 Terça-feira 18h30 // Sala Principal
Nú Entre Lobos (Nackt Unter Wolfen)
de Frank Beyer
com Krystyn Wojcik, Armin Mueller-Stahl, Fred Delmare
Alemanha (RDA, 1962 124 min. 16mm, Leg. inglês

>Baseado num romance célebre de Bruno Apitz, esta odisseia verdadeira de um grupo de prisioneiros no campo de concentração de Buchenwald que arrisca as suas vidas para salvar uma criança judia possui um inequívoco e tocante humanismo, que é mais forte em impacto do que a obra literária.


Dia 13 Terça-feira 18h30 // Sala Principal
Coragem de minha Mãe (Mutters Courage)
de Michael Verhoeven
Alemanha, 1995 16mm 93 min. v. o. leg. em castelhano

>No verão de 1944, durante a ocupação alemã, uma mulher deportada pelos nazistas consegue escapar da morte no campo de concentração, graças à sua coragem. Baseado na história verídica de Elsa Tabori, que também foi adaptada para o teatro pelo seu filho, o dramaturgo George Tabori, o filme foi , em 1996, premiado “Filme do Mês”.pela igreja evangélica.



Dia 20 Terça-feira 18h30 // Sala Principal
O 20 de Julho (Der 20 Juli)
de Falk Harnack
com Wolfgang Preiss, Annemarie Düringer, Robert Freitag, Maximilian Schell
Alemanha, 1955 16mm 97 min. leg. em castelhano

>Reconstituição histórica da oposição militar antinazi nas vésperas do atentado contra Hitler e os acontecimentos de 20 de Julho de 1944 que redundaram no fuzilamento dos resistentes sublevados.

Turismo é cada vez mais um problema ambiental

Relatório sobre a situação do ambiente na Europa regista avanços e recuos em várias áreas. Mas ainda há muito por fazer para pôr em prática as boas intenções

Férias são sinónimo de lazer, descanso e lucros. Mas, para o ambiente, o turismo é cada vez mais visto como um problema. Segundo um relatório ontem divulgado pela Agência Europeia do Ambiente, o turismo é um dos sectores-chave a vigiar no futuro.


O relatório - o quarto do género - faz um balanço do estado do ambiente a nível pan-europeu, de Portugal à Ásia Central. São 53 países, que somam 870 milhões de habitantes.

Entre outros aspectos preocupantes, o turismo surge como uma das principais novidades. No ano passado, em toda a região pan-europeia, desembarcaram 458 milhões de turistas - 54 por cento do total mundial. Estimativas apontam para 717 milhões em 2020.
Com o benefício económico da actividade, vêm as mazelas ambientais: urbanização do litoral, maior consumo de água, mais lixo, perda de biodiversidade.

E mais: "Os modos de transporte mais danosos para o ambiente - carro e avião - são os preferidos para se chegar aos destinos", diz o relatório. Cerca de 59 por cento dos turistas na Europa viajam de carro e 34 por cento usam o avião. Já há pelo menos 50 companhias aéreas low-cost.

A mensagem da agência europeia surge no momento em que se discute a limitação das emissões de gases com efeito de estufa dos aviões. Uma directiva para incluir as companhias aéreas no comércio europeu de licenças de emissões está em discussão na União Europeia.

Um estudo divulgado no princípio do mês pela Organização Mundial do Turismo indica que o sector já é responsável por cinco por cento das emissões mundiais de gases com efeito de estufa.
As próprias alterações climáticas podem trazer dissabores ao turismo. Um aumento de dois graus Celsius na temperatura média pode fazer desaparecer um terço das áreas com cobertura fiável de neve para a prática de esqui nos Alpes, segundo o relatório da Agência Europeia do Ambiente.

Perante este problema, "os actuais métodos para manter a cobertura de neve vão ter de ser intensificados", diz o relatório. Ou seja, mais gastos de água e de energia para produzir neve artifical, e mais intervenção nas paisagens naturais, em zonas cada vez mais altas.

O relatório da agência europeia foi apresentado ontem, numa reunião ministerial, no âmbito do processo Ambiente para a Europa, lançado em 1991 pela Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa. Em 1995 foi feito o primeiro relatório de balanço. O segundo é de 1998 e o terceiro de 2003.
A avaliação do que se passou desde então tem notas boas, mas uma síntese negativa. "Não obstante os notáveis progressos alcançados a nível da promoção da política ambiental e desenvolvimento sustentável na região pan-europeia", diz o relatório, ainda há muito trabalho a fazer para concretizar o que está no papel.
"Temos de reforçar a vontade de agir sobre os problemas ambientais da região pan-europeia", disse a directora executiva da Agência Europeia do Ambiente, Jacqueline McGlade, citada pela AFP.



Outros dados preocupantes

100 milhões de pessoas na região pan-europeia não têm acesso a água com qualidade e a saneamento

700 espécies de animais e plantas, aproximadamente, estão ameaçadas de extinção na Europa

348.000 mortes prematuras na Europa são causadas pela poluição do ar. Isto reduz em um ano a esperança média de vida
Texto retirado da edição de hoje do jornal Público

Noite Precária (12 de Out. às 21h.30 no Grémio Lisbonense, ao Rossio)



É só uma festa, um debate, uma reunião, um jogo de cintura.
É só um treino para a luta contra a precariedade e os seus abusos.

É a Noite Precária, organizada pelos precári@s-inflexíveis.

A 12 de Outubro, em Lisboa, no Grémio Lisbonense (ao Rossio).
A partir das 21:30.



Com música de Pedro e Diana e outros relatos e sons do precariado. Com debate aberto e a presença de artistas convidados do FERVE, ABIC, Sinttav, Intermitentes do Espectáculo e Move, entre outros.
E os ministros e patrões que quiserem aparecer.

http://precariosinflexiveis.blogspot.com/




O precariado está a acordar






Manifesto Precário

Somos precári@s no emprego e na vida. Trabalhamos sem contrato ou com contratos a prazos muito curtos. Trabalho temporário, incerto e sem garantias. Somos operadores de call-center, estagiários, desempregados, trabalhadores a recibos verdes, imigrantes, intermitentes, estudantes-trabalhadores...

Não entramos nas estatísticas. Apesar de sermos cada vez mais e mais precários, os Governos escondem este mundo. Vivemos de biscates e trabalhos temporários. Dificilmente podemos pagar uma renda de casa. Não temos férias, não podemos engravidar nem ficar doentes. Direito à greve, nem por sombras. Flexisegurança? O "flexi" é para nós. A "segurança" é só para os patrões. Esta "modernização" mentirosa é pensada e feita de mãos dadas entre empresários e Governo.

Estamos na sombra mas não calados. Não deixaremos de lutar ao lado de quem trabalha em Portugal ou longe daqui por direitos fundamentais. Essa luta não é só de números, entre sindicatos e governos. É a luta de trabalhadores e pessoas como nós. Coisas que os "números" ignorarão sempre. Nós não cabemos nesses números.

Não deixaremos esquecer as condições a que nos remetem. E com a mesma força com que nos atacam os patrões, respondemos e reinventamos a luta. Afinal, somos muito mais do que eles.
Precári@s, sim, mas inflexíveis.