31.10.08

Construir economias radicais. Viver apesar do capitalismo (Life despite capitalism): encontro nas Astúrias de 31 de Outubro a 4 de Novembro


Life Despite Capitalism:
Building Radical Economies


No início do mês de Novembro de 2008 o colectivo ESCANDA (Astúrias), juntamente com outros activistas, albergará durante 5 dias um encontro sobre «Economias Radicais».

Vamos analisar porque é que o actual sistema económico é um erro. Ao mesmo tempo abordaremos as possibilidades e as experiências dos projectos que, apesar do capitalismo dominante, funcionam por via de redes de produção e circulação autogestionária com base na sustentabilidade, na autogestão, na solidariedade, e no respeito pela justiça social e ecológica

No encontro abordaremos tanto a teoria das economias radicais como a sua execução prática por via da criação de economias alternativas dentro e entre os movimentos sociais.Será um espaço para criar redes, sendo também um espaço de intercâmbio onde os participantes podem trocar e oferecer coisas, saberes ou serviços.


Porquê o encontro?

Ao longo dos últimos cinco anos organizaram-se na ESCANDA diversos eventos e seminários sobre temas relacionados com a educação popular, energias renováveis, mudanças sociais, temas de género, feminismo, etc. Desta vez queremos abrir um espaço de debate e de discussão, bem assim de troca de ideias e habilidades sobre temas que tenham a ver com a economia.

Dentro dos movimentos de esquerda fala-se muito de política, sobre quais são os pontos fracos do sistema e como criar as nossas próprias redes. Debatemos temas como a ecologia, a mudança climática e a forma como viver de modo mais sustentável; sobre as relações de poder entre nós e como evitar as hierarquias, sobre o consumismo, a cultura, a acção directa, a saúde, a educação, mas falamos muito pouco sobre economia.

Não obstante, estamos todos de acordo que a economia é uma das bases fundamentais do sistema opressivo em vivemos. Não por acaso, o termo «economia» remete-nos que um sistema complexo que tendemos a reduzir a conceitos muito simplificados eou populistas. Daí que esperamos ao longo do encontro, aprazado para o início de Novembro, radicalizar e aprofundar o nosso conhecimento e crítica sobre o actual sistema económico, e analisar as diferentes propostas alternativas. Tentaremos fazê-lo de uma maneira construtiva, ao mesmo tempo que autocrítica.

Os assuntos

Pretendemos planear o encontro de uma maneira participativa, pelo que agradecemos o vosso envolvimento, esperando receber propostas sobre oficinasm debates, documentos ou qualquer outra iniciativa (role-playing, teatro, etc) que tenha interesse para um seminário deste género. É também bem-vinda toda a ajuda para a organização do encontro.


Cada dia está reservado para um tema central


Día 1: As bases da economia

Propomos dedicar este dia a aprofundar o nosso conhecimento ( e crítica) do actual sistema económico: a definição e a clarificação de conceitos, como por exemplo, a globalização, o neoliberalismo e a economia política. O que podemos aprender com o marxismo? Como definir o valor, o trabalho, a moeda e as trocas? Como é que tudo isto afecta as nossas vidas? Para além disso, gostaríamos que abordar as respostas que o mercado capitalista apresenta aos problemas ambientais como o funcionamento dos mercados financeiros e o comércio no futuro.


Día 2: Viver apesar do capitalismo: quais são as alternativas?

No segundo dia teremos oportunidade de rever a forma como estamos a gerir uma parte importante das nossas necessidades sem a intervenção do dinheiro, como acontece no seio das famílias, nos centros sociais, nas casas partilhadas, nas redes internacionais. Também se pretende questionar com sentido crítico a sustentabilidade das «alternativas»

Exemplos de carácter global: Os zapatistas, o caso argentino, a revolução espanhola, etc

Exemplos de carácter local: movimento cooperativista, colectivismo, redes de consumo,
software livre, etc

Modelos diferentes: projectos de economia solidária e/ou participativa, «thecommons» ( Inglaterra), o sindicalismo anarquista, as moedas alternativas, etc.


Dia 3: A partir daqui, como continuar?

No último dia do programa principal a ideia é equacionar certas questões por intermédio de perguntas, tais como:

- até que ponto podemos adoptar as redes de produção e de circulação já existentes como base para o que queremos criar?

- como poderemos facilitar a cooperação com a comunidade local para satisfazer as necessidades à margem do sistema capitalista?

- como deveremos reagir face à actual crise do sistema económico dominante?

- como poderemos participar e envolver-nos nas alternativas reais ao capitalismo?


Día 4: Espaço aberto


O quarto dia pretende ser um espaço em aberto de modo a termos tempo para abordar os temas que tenham ficado pendentes durante dos dias anteriores, ou então, para falarmos de novas matérias


O mercado autónomo

Com o objectivo de levar à prática algumas das ideias do seminário, e como forma de incutir alguma dinâmica ao encontro, temos a intenção de abrir um espaço para todos e convidar a que tragam qualquer produto que queiram trocar ou oferecer. Esperamos que não sejam só produtos ( como ferramentas, software livre, produtos caseiros, etc), mas também serviços ou habilidades como, por exemplo, como fazer construções ecológicas, montagem de aparelhos de energias renováveis, etc. Não haverá norma pré-estabelecidas para as trocas. Com isso, pretende-se que a prática facilite e fomente o debate sobre como produzir, como fixar os valores, como operacionalizar as trocar e, finalmente, como seria possível criar um espaço permanente com os produtos e os serviços necessários a todos.



O local do encontro

O seminário sobre economias radicais realiza-se de 31 de Outubro a 4 de Novembro de 2008 em ESCANDA, nas Astúrias.


ESCANDA é um colectivo que oferece o seu espaço para a interacção e a cooperação entre grupos, pessoas, redes e movimentos.
ESCANDA tenta praticar e ensaiar uma forma de viver em conjunto através de uma estrutura horizontal. As bases das nossas actividades são as relações não hierárquicas, libertárias, anti-capitalistas com a ênfase na mudança social e ecológica.
ESCANDA realiza reuniões, encontros, cursos, intercâmbios e apoia projectos sobre temas e com diversos objectivos.