21.1.08

A vida e o orçamento de uma família operária

O aumento do salário mínimo em 5,7%, acima da inflação esperada para este ano de 2008, parecia ser uma boa notícia para Maria G., mas depois de feitas as contas, rapidamente chegou à conclusão que esse aumento apenas lhe dará mais de 77 cêntimos mensais.

«O aumento do salário mínimo em 23 euros, é o maior de sempre», afirmou o primeiro-ministro José Sócrates, mas para a família de Maria, operária da indústria gráfica, que passará a ganhar 426 euros por mês, ele será praticamente absorvido pelas actualizações previstas para os preços dos bens e serviços.

A família vive no Pinhal Novo e o marido de Maria trabalha na zona de Loures, pelo que, «com os horários que tem e com a falta de ligações tem de utilizar o automóvel».

É necessário um apertar de cinto constante para fazer face às despesas mensais de uma família de quatro pessoas, onde os únicos «luxos» são o dinheiro gasto com a internet, um bem já indispensável para a educação dos filhos.

Apesar das dificuldades diárias, Maria G. não abdica da educação dos filhos, o mais novo a frequentar o 6º anos e o mais velho a frequentar o 9º anos de escolaridade. «Para que não fiquem como nós e tenham um futuro melhor», afirma. É por essa razão e face ao apertado orçamento familiar, sem grandes margem para extras, que a operária teve de recorrer à mãe em Setembro para conseguir comprar os livros escolares.

O marido trabalha na construção civil, em Lisboa e tem um ordenado de 600 euros, dos quais gasta quase 200 em combustível e portagens.

Os gastos mensais desta família passam este ano para 985,23 euros face a um rendimento global de 1026 euros.

Texto retirado do Diário de Notícias de 21 de Dezembro de 2008