(Nota: Convém recordar que o conhecido cientista Richard Feynman, prémio nobel da Física, foi considerado deficiente mental pelo Exército norte-americano, que o dispensou do serviço militar e que, quando trabalhou no Projecto Manhattan nunca se adaptou à disciplina militar)
Em certa ocasião um funcionário do departamento de relações públicas de uma prestigiada Universidade contactou Feynmam para o convidar a dar uma conferência nessa Universidade. Feynman recebeu o funcionário em sua casa. Céptico e um pouco para se divertir explicou ao funcionário que evitava dar conferências por via da Administração por causa da papelada que habitualmente há que tratar. O funcionário, atencioso, riu-se e garantiu-lhe que no seu caso tudo será rápido e fácil.
- Será numa Faculdade, não é verdade?
- Sim
- Então gostaria de dar a conferência sob uma única condição: que não tenha de assinar a minha assinatura mais que 13 vezes, incluindo a o endosso do cheque.
- Não há problema. Trata-se já disso
A primeira assinatura foi logo para a aceitação do acordo. Pouco mais tarde Feynman teve que apôr a sua assinatura num documento ( em duplicado) em que assegurava que era leal ao governo, sob pena de não poder dar a conferência, outra assinatura para a Câmara local, e ainda outra para assegurar que era professor universitário em funções.O funcionário que o havia visitado estava a enervar-se uma vez que o número de assinaturas não párava de subir.
Feynman deu a conferência no dia aprazado. Brilhante, como sempre. Todo o mundo ficou maravilhado. Teve que assinar mais um documento a assegurar que tinha estado nessa Universidade a dar a conferência... e assim se somaram uma a uma até se atingir o número de 12 assinaturas. Pouco tempo depois, o funcionário apresenta-se na casa do físico trazendo o cheque.Para o receber Feynman tinha de assinar o cheque e um documento no qual declarava que havia realizado a tal conferência. Ou seja, teria que assinar mais duas vezes a sua assinatura, perfazendo 14 vezes.
- Se assino o documento não posso assinar o cheque. Como você esteve lá e escutou a minha conferência, então assine você pela minha vez.
- Ouça, não acha isto tudo um capricho – replicou o funcionário - Não, Foi um acordo que fiz consigo logo à partida. Você até pareceu que nunca chagaríamos às 13 assinaturas; mas foi o que foi acordado entre ambos, e espero bem que tal seja cumprido.
- Repare. Eu trabalhei muito e empenhei-me nisto. E o que me dizem é que não pode receber o seu dinheiro a menos que assine a declaração.
- Pois bem, se assim é, e como assinei já por 12 vezes, e como a conferência já foi realizado, prescindo do dinheiro.
- Detesto ter que fazer isto – balbuciou o funcionário
-Não se importe – rematou Feynman.
No dia seguinte o funcionário telefona desesperado: era impossível não lhe dar o dinheiro pois tinha havido autorização superior e havia que justificar a despesa já contabilizada.
- Bom, então dêem-me o dinheiro
- Mas você tem de assinar o documento
- Isso é não farei – retorquiu o físico
Depois de muito tempo, Feynman endossou a sua décima quarta assinatura, desfeito de riso, perante o alívio e a incompreensão do diligente funcionário.
Fonte:http://www.historiasdelaciencia.com/