11.5.05

Foucault: o filósofo que escrevia caixas inteiras de ferramentas


As ideias de Michel Foucault nunca repousam sobre a superfície das coisas. Elas são, para alguns, as proteínas da filosofia contemporânea. A lucidez das análises e a capacidade para operacionalizar e reinventar o seu pensamento, com o propósito de colocar o seu discurso num nível mais profundo, continua a cativar milhares de pessoas que procuram na sua obra as ferramentas para tornar mais compreensível a nossa realidade.

Em 1975 numa entrevista Foucault dizia: " Todos os meus livros são pequenas caixas de ferramentas. Se alguém quiser abri-las, usar uma frase ou uma analise como um detonador ou então uma pinça para provocar um curto-circuito, desqualificar e romper com sistemas de poder, inclusivamente aqueles de onde saem os meus livros, tanto melhor."

Era também conhecido por ser o filósofo que queria fechar as escolas e abrir as portas das prisões.

O principal contributo de Foucault foi dar consistência teórica a um pensamento que precisava do caos. Sem se considerar anarquista, Foucault é o filósofo da anarquia, isto é, da vida.

O seu grande esforço foi pensar a política sem centrá-la no Estado. A política, para ele, trata da vida, do governo da vida.