20.5.06

Para uma sociologia do futebol

A sociologia do ódio e de dominação que estão presentes no futebol


Acabaram de ser editadas pela prestigiosa editora parisiense L’Harmattan duas obras que pretendem fazer uma análise sociológica do futebol.

O primeiro livro intitula-se «Footbal. Sociologie de la haine» (Futebol.Sociologia do ódio) sob a direcção de Camille Dal e Ronan David e reúne contribuições de diversos autores como Ignacio Ramonet, Malka Marcovich, Nicolas Oblin, Patrick Vassort,Marianne Nizet, David Sinbandhit, Hassan El Idrissi,… cujos textos reconduzem-se no essencial a analisar as relações do futebol com o ódio. Ao longo do livro pode-se ver que o futebol, longe de ser um meio de encontro dos povos, é na realidade uma área onde o ódio campeia e se difunde: o ódio ao seu próprio corpo. O ódio ao outro, o ódio ao feminino e à feminilidade, o ódio às ideias e ao pensamento, etc. Fala-se ainda da violência e do racismo larvar nas hostes dos espectáculos de futebol, assim como no virilismo bestial dos jogadores, na exploração dos ódios cegos entre as equipes, na educação anti-social que é veiculada pelo futebol, referindo-se ainda à economia mafiosa que o sustenta e no alcoolismo massivo que ele está sempre associado.



O segundo livro tem como título «Football et Politique. Sociologie historique d’une domination» (Futebole política. Sociologia histórica de uma dominação) é uma reedição de uma obra anterior de Patrick Vassort em que este traça a génese política do futebol, a sua história, os seus heróis, assim como o seu funcionamento ordinário como todo o cortejo de mitos, escândalos, violências, equívocos, e em que o dinheiro sempre está presente. Pretende-se desvendar o mundo do futebol para além dos discursos angélicos que normalmente são produzidos nos media.

Neste último livro pode-se ler a seguinte apresentação:

Nous désirons montrer au sein de cet ouvrage que dans un contexte de pénurie bien organisée, de crise bien entretenue, les étudiants, les enseignants, les UFR, les laboratoires, les universités, sur fond de compétitions économiques et politiques territoriales nationales et internationales, sont soumis, non seulement à des logiques d'obligations de résultats, d'efficacité, de rendements à court terme, mais également et conséquemment à un système de valorisation du savoir totalement aliéné aux conjonctures économiques dominantes. Ce processus vise à l'obsolescence d'une université dont les finalités étaient jusqu'alors culturelles, intellectuelles et humaines. Les différentes réformes, qui ne sont que répétitions du " même ", arrangements et aménagements conjoncturels de la société de marché au sein même du monde éducatif, ne visent plus à l'amélioration du développement des savoirs et de leurs circulations, mais à l'apprentissage de la compétition au sein des unités de formation et de recherche, l'accroissement de la marchandisation, de la pression socio-économique, de la reproduction du capital au sein d'un nouveau marché de la connaissance. Nous souhaitons donc montrer combien les stratégies des institutions et des acteurs/agents sociaux visent à " gérer " l'intégration des universités dans le processus global de production et de compétition généralisées. Ce processus historique s'inscrit dans une quotidienneté où les interrelations entre les personnels et les institutions participent de manière impensée à la destruction des institutions d'enseignement et de recherche. En ce sens, la situation de l'Université résume en un point focal la réification des savoirs face à la marchandisation du monde.