10.1.09

Número de Janeiro da edição portuguesa do Le Monde Diplomatique já está nas bancas‏



Editorial
O dinheiro
por Serge Halimi

Na altura em que a questão do «regresso ao Estado» está a ser levantada quase por toda a parte, como podemos nós deixar de perguntar nos que interesses ele serve? A corrupção política também assume formas que a lei não sanciona.

Há um ano, em Janeiro de 2008, o antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair foi recrutado pelo banco norte-americano JPMorgan Chase como conselheiro a tempo parcial. Um tempo parcial correctamente remunerado: 1 milhão de libras esterlinas por ano (1,06 milhões de euros). Acaso podemos imaginar que a JPMorgan teria concedido semelhante sinecura a Tony Blair se este, quando residia no n.º 10 da Downing Street, tivesse tomado medidas execradas pelos bancos para, por exemplo, evitar um colapso financeiro? E terá sido por mero acaso que Gerhard Schröder se tornou, em Março de 2006, por 250 000 euros anuais, conselheiro de uma empresa de oleodutos, filial da Gazprom, por ele próprio apadrinhada no tempo em que foi chanceler da Alemanha? Um dos seus camaradas sociais-democratas declarou nessa altura, mordaz: «Não posso deixar de considerar um pouco indigno que um estadista se mostre tão obcecado pelo dinheiro».

É agora a vez de George W. Bush preparar a sua próxima carreira. Já fazemos uma pequena ideia do que ela será: «Farei alguns discursos, só para encher os meus velhos cofres. Não sei quanto pede o meu pai – é entre 50 000 a 75 000 [dólares por «conferência»] –, e Clinton também ganha muito dinheiro» [1]. A tal ponto que o antigo presidente democrata vai ter que apresentar a uma comissão de ética do Departamento de Estado a lista de quem lhe paga os discursos. Desse modo, ninguém poderá suspeitar que Hillary Clinton dirija a política externa dos Estados Unidos para enriquecer sub repticiamente os clientes do marido…

Em Julho passado, o semanário Le Point, cuja especialidade não consiste em hostilizar Nicolas Sarkozy, deu a público algumas das mais garridas declarações do presidente francês, que terá detalhado os seus projectos da seguinte maneira: «Portanto, eu, que em 2012 estarei com 57 anos, não volto a candidatar-me. E quando vejo os muitos milhões que o Clinton arrecada, eu cá vou encher os bolsos! Faço isto agora durante cinco anos e depois ponho-me a fazer massa como o Clinton. Cento e cinquenta mil euros por conferência!» [2]. Após a jogada da presidência, a jogada das conferências.

Vender conselhos, ganhar dinheiro a fazer discursos, sim senhor. Mas o estadista também pode tornar-se patrão de uma grande empresa. Ter sido ministro das Finanças não é a pior maneira de lá chegar. E de mamar, depois, no seio da «mãe-Estado», quando ela sacia, com dinheiros públicos, os bancos privados em falência. Robert Rubin, influente conselheiro económico de Barack Obama, bem o sabe, por ter passado da presidência do banco Goldman Sachs para o Ministério das Finanças, e, posteriormente, do Ministério das Finanças para a direcção do Citigroup.

Thierry Breton, ministro francês da Economia, Finanças e Indústria entre 2005 e 2007, fez quanto pôde para que a fiscalidade sobre os altos rendimentos passasse a ser mais «atractiva». As vantagens dessa iniciativa foram depois por ele directamente apreciadas, visto que, sendo agora presidente da empresa de serviços informáticos Atos, após um ano ao serviço do banco Rothschild, – onde encontrou Gerhard Schröder… – o ex-ministro vai auferir, segundo ele próprio confessou, «um salário anual fixo de 1,2 milhões de euros, podendo uma parte variável ir até 120 por cento do fixo em função de objectivos atingidos, cujo valor máximo, no entanto, eu desejei que ficasse nos 100 por cento. A isso acrescenta-se a atribuição de 233 000 stock-options no fim de 2009, no fim de 2010 e no fim de 2011». Sublinhando Thierry Breton: «No caso de as minhas funções cessarem, pedi para não beneficiar de qualquer pára-quedas dourado» [3]. A crise impõe sacrifícios a todos.

Quando o poder constitui, ora a etapa necessária de uma carreira lucrativa no mundo dos negócios, ora o refúgio de homens de dinheiro à procura de um segundo fôlego, será razoável continuar a esperar que os principais responsáveis pela crise assumam a parte que lhes cabe na resolução dos danos causados?


Notas
[1] Jim Rutenberg, «In Book, Bush Peeks Ahead to His Legacy», The New York Times, 2 de Setembro de 2007.
[2] «Sarko off», Le Point, Paris, 3 de Julho de 2008. Segundo um jornalista do diário Le Monde, Sarkozy tinha anunciado três anos antes: «Posso exercer como advogado, posso ganhar dinheiro. (…) Primeiro exerço como presidente, depois como advogado» (Philippe Ridet, Le Président et moi, Albin Michel, Paris, 2008, p. 149).
[3] Les Echos, Paris, 16 de Dezembro de 2008.


O medo e a esperança, por Sandra Monteiro

[...] Se há algo que a actual crise económica e financeira desmascara é o fracasso do neoliberalismo como garante de liberdade de escolha para os cidadãos. A opção por uma vida em paz, com uma saúde equilibrada, uma alimentação adequada, uma habitação digna, uma educação de qualidade, um emprego que seja fonte de realização pessoal e com condições que permitam planear férias, ter filhos ou até adoecer, para não falar da protecção aos mais idosos, não é efectivamente uma opção que possa ser hoje levada à prática por grande parte da humanidade. [...] >>>>


Dossiê «A esquerda e o poder»

Esquerda plural e clareza das alternativas, por André Freire
[...] Em Portugal, quando se fala de cooperação entre as esquerdas, geralmente as várias forças acusam se mutuamente. Para justificarem a quase impossibilidade de entendimentos, os socialistas acusam as forças à sua esquerda de sectarismo e de fazerem do PS o seu principal adversário. Por seu lado, também para justificarem a quase impossibilidade de entendimentos, os bloquistas (e os comunistas) acusam o PS de executar políticas de direita e daí o obstáculo quase intransponível para se firmarem acordos. [...]

Diz-me como o exerces..., por António Abreu
[...] O exercício do poder e a relação com o ser se de esquerda ocorre também noutras instâncias que não apenas nos órgãos de poder político. Exerce se nos partidos, nas associações e noutras situações, por eleição dos membros que os constituem, com mandato outorgado, de forma mais ou menos explícita e por um determinado período. Para já não falar nas empresas e outros organismos públicos. Também nestas circunstâncias não é indiferente ser se ou não «de esquerda» quer pelo programa de acção adoptado quer pelo estilo do desempenho. [...]

Poder fazer, fazer o poder, por Daniel Oliveira
[...] É hoje evidente que é nas políticas económicas e sociais de Estado que a esquerda está obrigada a assentar as suas alternativas. O anti estatismo militante, nas condições actuais, seria um aliado natural do Estado mínimo neoliberal. Seria um erro histórico. E se é no Estado e nas estruturas transnacionais de Estados que pode estar a resposta deste momento, é na participação no poder de Estado democrático que a esquerda pode operar importantes transformações que invertam o acumular de derrotas das últimas três décadas. [...]

Alguns lugares-comuns sobre o poder, por José Neves
[...] O início de 2009 encontra nos diante de uma bifurcação. Mas esta bifurcação não é entre dizer sim ou não a uma formulação genérica de «poder» que simplesmente esconde a redução da política ao Estado. A questão não é saber se nos sujamos com o poder, mas sim como fazemos política e com que poder é que nos sujamos.


Outros artigos

A crise e o futuro, por João Ferreira do Amaral
Foi o economista americano Irving Fisher que num artigo de 1933 afirmou que as depressões económicas começavam com um sobre endividamento e prosseguiam com uma deflação. Talvez seja exagero a generalização. Mas podemos certamente dizer que os problemas de crédito desencadearam a actual crise. [...]
Sobre este tema, leia no sítio Internet do jornal, inédito e em acesso livre, o artigo de Gerald Epstein,
«A crise financeira global: evitar uma Grande Depressão e parar o actual Ciclo Destrutivo».

Ligações perigosas na Ásia Meridional, por Graham Usher
Na Azad Caxemira – parte da Caxemira ocupada pelo Paquistão –, as forças de segurança encerraram desde 7 de Dezembro de 2008 um campo de treino ligado ao grupo islamita paquistanês Lashkar e Taiba (LeT). O governo paquistanês interditou também a Jamaat ud Dawa (JuD), a «fundação caritativa» do LeT que as Nações Unidas colocaram na lista das organizações terroristas. Foram encerradas cem instalações e detidos cinquenta dirigentes, entre os quais os comandantes do grupo islamita, Zaki ur Rehman Lakhvi e Zarrar Shah, e ainda Hafiz Saeed, fundador deste movimento e «emir» da JuD. [...]

Mergulho no coração da Índia muçulmana, por Wendy Kristianasen
Surpresa em Nova Deli: pouco mais de uma semana após os atentados de Bombaim, o Partido do Congresso, que chefia a coligação governamental, reforçou se em três dos cinco estados onde estavam a decorrer eleições parciais, entre os quais o da capital. Foi uma vitória com que ninguém contava, de tal modo este partido parecia ter ficado gasto por quatro anos de poder, fragilizado pela crise económica e financeira e desacreditado pelos sangrentos acontecimentos de Novembro. [...]

Está Obama prisioneiro dos «falcões» no Iraque?, por Gareth Porter
[...] A narrativa da forma como Obama veio a perder todo o controlo efectivo sobre a política iraquiana constitui uma lição magistral sobre a natureza do poder no que diz respeito a um dossiê sensível para o Estado maior militar e para os seus aliados civis. Está feita a demonstração da fragilidade do sistema democrático de Defesa face à influência dominante dos militares americanos e dos seus aliados, quando eles estão unidos e determinados a impor os seus pontos de vista.

«Aos bancos, dão dinheiro... aos jovens, dão balas», por Valia Kaimaki
[...] A revolta teve origem em múltiplos factores, dentre os quais a repressão policial constituiu apenas o mais evidente; Alexis não foi, aliás, a primeira vítima da polícia, foi a mais jovem. O fértil húmus da sublevação residiu, obviamente, na crise económica, que atingiu duramente a Grécia antes mesmo de a tempestade mundial ter feito sentir os seus efeitos. Mas à crise económica juntou se uma crise política profunda, ao mesmo tempo sistémica e moral. Provocada pela falta de transparência na acção dos partidos e dirigentes políticos, esta última teve como resultado a falta de confiança em todas as instituições estatais. [...]

Em Chicago, a luta sindical compensou, por Peter Dreier
[...] Calmamente, os operários organizaram a ocupação. Instituíram comités encarregados da limpeza das instalações e da manutenção da segurança, a fim de prevenirem qualquer acidente. Um cartaz afixado na cafetaria recordava que o álcool, a droga e os cigarros estavam proibidos. Instalados na fábrica em que alguns deles trabalhavam há dezenas de anos, os operários exigiram que o Bank of America e a direcção da Republic Windows encontrassem uma solução, pois enquanto não lhes fosse assegurado o pagamento das indemnizações e as férias pagas, eles não sairiam dali. Alguns começaram até a falar de uma possível recuperação da fábrica em regime de autogestão. [...]

Cuba à procura de um modelo socialista renovado, por Janette Habel
[...] Não se sabe se a geração histórica que ocupa ainda os postos chave pode reformar o que ela mesma construiu ou se, amedrontada com as mudanças, vai tomar o partido do imobilismo. De facto, a direcção actual não é mais jovem que a precedente: ela é mesmo… mais velha. Alguns pensam que são precisos novos actores para que as transformações sejam credíveis. Entre aqueles para quem o tempo está contado e aqueles para quem o tempo urge, a história ainda não fez a sua escolha.

Dossiê «Os anarquistas»

Denominações de origem pouco controladas, por Jean-Pierre Garnier
Durante muito tempo, as palavras «anarquista» e «libertário» foram indissociáveis para os militantes, inseridos ou não em organizações epónimas, que as reivindicavam para definir o seu posicionamento no campo político ou, mais exactamente, fora dele e em ruptura com ele sempre que esse posicionamento pudesse confundir se com o panorama politiqueiro. [...]

O infrequentável Pierre-Joseph Proudhon, por Edward Castleton
[...] Nos seus últimos escritos, antes de morrer em 19 de Janeiro de 1865, Proudhon chegou mesmo a denunciar a inutilidade das candidaturas proletárias. A classe operária deveria romper com as instituições «burguesas», criar associações com base no princípio da mutualidade e institucionalizar a reciprocidade. Em suma, inventar uma «democracia operária». [...]

Contra o sufrágio universal, cadernos inéditos de Proudohn
[...] Foi o sufrágio universal e directo que matou a República; foi a turba, após ter abandonado e traído os seus representantes, que a si mesma atribuiu um dono; se já não bastou a experiência de 1799 e 1804, de mim não dependerá que não baste a de 1852, antecedida pela experiência dos séculos. [...]

Uma indocilidade contagiosa, por Claire Auzias
Um dos paradoxos do anarquismo, e não o mais pequeno, é o facto de ser ao mesmo tempo um modesto movimento social e um poderoso vector de imaginários. É bem conhecida, em França, pelo menos, a canção de Léo Ferré que diz dos anarquistas: «Não há um em cada cem, e todavia existem». [...]

Encontro Nacional de Educação Ambiental - XVI Jornadas da ASPEA - no Porto a 30 e 31 de Janeiro

Cartaz elaborado por David Almeida, aluno do 12º do Curso Técnico de Artes Gráficas da Escola Profissional Bento de Jesus Caraça


As Jornadas são um espaço privilegiado de partilha e de troca de experiências. Aproveite uma das seguintes modalidades para apresentar o trabalho realizado por si ou pela sua instituição:
a. Apresentando poster ou banca (a colocar na altura das Jornadas)
b. Coordenando uma oficina com um carácter eminentemente prático – 1h30 (entregar proposta até 2 de Dezembro e resumo de 1 página a4 até 20 de Dezembro)
c. Apresentando uma comunicação livre – 10 minutos (entregar proposta até 2 de Dezembro e resumo de 1 página a4 até 20 de Dezembro)
d. Enviando fotos para a apresentação de Foto-experiências (entregar fotos digitais até 10 Janeiro)

www.aspea.



A Associação Portuguesa de Educação Ambiental ( ASPEA) é uma associação sem fins lucrativos fundada em 1990, tem como objectivo principal o desenvolvimento da Educação Ambiental no ensino formal e não formal. Para levar a cabo este objectivo, várias estratégias/acções são levadas a efeito pelos membros da sua direcção e pelos seus sócios, nomeadamente:

• uma conferência anual para professores e outros técnicos interessados na Educação Ambiental; • seminários e cursos de formação contínua de professores e de monitores de ambiente;
• redes de escolas, fomentando a cooperação nacional e internacional;
desenvolvimento de recursos pedagógicos;
• organização de saídas de campo e programas de verão para crianças/jovens;
• cooperação com as autarquias;
• divulgação das suas actividades e da educação ambiental em revistas da especialidade e através de apresentação de comunicação e participação em conferências nacionais e internacionais;
• edição de boletim semestral.

Outras ligações sobre educação ambiental:

EnvironmentalEducation Network :http://www.envirolink.org/enviroed/

INEE (International Network in Environmental Education): http://www.eco.org/

Relato da concentração em Lisboa de repúdio e denúncia pelo massacre da população de Gaza pelo exército de Israel

Fotos e texto retirado do jornal Mudar de Vida

Depois de, no dia 5, perto de 400 pessoas se terem reunido no largo de São Domingos, em Lisboa, para denunciar a agressão de Israel a Gaza, hoje, dia 8, concentraram-se a partir do fim da tarde em frente da embaixada israelita mais de meio milhar de manifestantes que acusaram de assassinas as autoridades de Israel e reafirmaram “Palestina vencerá”.

Mais de cem organizações – sindicais, políticas, cívicas, de intervenção social – deram apoio à iniciativa desde que, numa conferência de imprensa realizada nos últimos dias de Dezembro e numa reunião unitária que juntou diversas organizações, foram anunciados os propósitos comuns de condenar a agressão israelita e defender os direitos do povo palestiniano.

Na concentração de hoje, intervieram representantes do Comité de Solidariedade com a Palestina, do Movimento Democrático de Mulheres, do Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano (MPPM), do Tribunal-Iraque, da CGTP e do Conselho da Paz (CPPC).

No final, foi lida e aprovada por aclamação uma moção que condena a agressão e os apoios dados pelos EUA e pela UE, e em que é exigida ao governo português uma completa mudança na política cúmplice que tem seguido até aqui. Publicamos de seguida o texto da moção que será entregue na embaixada israelita em Lisboa e encaminhado aos órgãos de poder portugueses.

Foi ainda feito um apelo a todos os presentes para que se mantenham atentos e dispostos a novas acções, não só na capital mas também por todo o país, em face da grave situação em Gaza e da deterioração da situação internacional a que a persistência das acções militares israelitas pode conduzir.

Moção aprovada na concentração

Nós, as cidadãs e cidadãos portugueses e as organizações presentes em concentração diante da embaixada de Israel em Lisboa no dia 8 de Janeiro de 2009,

Denunciamos o ataque de Israel a Gaza como um crime de guerra e um crime contra a humanidade.
Denunciamos o apoio dos EUA pela voz do seu presidente Bush como um incentivo ao massacre.
Denunciamos o silêncio do presidente eleito Barack Obama como uma inadmissível condescendência com o terrorismo israelita.
Denunciamos a cínica diplomacia da UE como cúmplice da política de terrorismo de Estado levada a cabo por Israel e pelos EUA.
Denunciamos a inoperância do Conselho de Segurança da ONU em resultado do boicote sistemático da delegação dos EUA.
Denunciamos a recusa do governo português em condenar a política israelita, bem como o seu alinhamento com as posições dos EUA e da UE.

Estamos do lado dos palestinianos, reconhecendo nas suas diversas organizações de resistência os legítimos representantes de um povo que quer ser livre numa pátria independente.
Estamos contra a política terrorista e racista de Israel, que coloniza territórios usurpados pela forças das armas, que despreza por sistema as resoluções da ONU que lhe são desfavoráveis, que constitui uma ameaça para a segurança mundial por ser uma potência nuclear ilegal.
Estamos com os cidadãos do mundo árabe e muçulmano e com os cidadãos israelitas que se manifestam contra os massacres, com as pessoas de todos os países e de todos os continentes que se indignam, saem à rua e dizem: basta de crimes!

Exigimos o fim do ataque a Gaza.
Exigimos o fim do bloqueio israelita que faz de Gaza um campo de concentração.
Apelamos à Assembleia-Geral da ONU para que ultrapasse a inoperância do Conselho de Segurança e imponha o fim imediato da agressão, condenando Israel pelos crimes que está a cometer e cometeu nos últimos 60 anos.
Instamos o Presidente da República e a Assembleia da República a condenarem Israel pelos seus actos.
Exigimos que a base das Lajes não seja usada para efeitos de apoio militar e logístico a Israel.
Exigimos que o governo português reveja por completo a sua posição política, condenando claramente a operação militar de Israel e defendendo nas instâncias internacionais medidas que obriguem Israel a retirar as tropas e a desmantelar os colonatos dos territórios palestinianos ocupados.

Viva a resistência do povo da Palestina.

Lisboa, 8 de Janeiro de 2009


As afirmações mais corajosas de Marinho Pinto, actual bastonário da Ordem dos Advogados


Marinho Pinto foi eleito Bastonário da Ordem dos Advogados exactamente há um ano e, ao longo de 2008, proferiu afirmações de crítica e de denúncia, muito contundentes. Para fixar:

"Há pessoas que ocupam cargos de relevo no Estado português que cometem crimes impunemente"
DN, 27 Janeiro 2008

"Um dos locais onde se violam mais os direitos dos cidadãos em Portugal, é nos tribunais"
SIC Notícias, 27 Junho 2008

"98% dos polícias à noite estão nas suas casa. É preciso haver polícias na rua à noite fardados"
Público, 27 Junho 2008

"Há centenas ou milhares de pessoas presas [em Portugal] por terem sido mal defendidas" Público, 27 Junho 2008

"Vale tudo, seja quem for que lá esteja, desde magistrados a outros juristas, não se pode falar em justiça desportiva, mas em prevalência manifesta de interesses e de poderes"
RTP, 08 Julho 2008

"Eu não discuto com sindicatos. Os sindicatos querem é mais dinheiro e menos trabalho"
RTP, 10 Julho 2008

"Alguns magistrados pautam-se nos tribunais portugueses como os agentes da PIDE se comportavam nos últimos tempos do Estado Novo"
RTP, 10 Julho 2008

"Estão-se a descobrir podres que eram inimagináveis há meia dúzia de meses. E não é por efeito da crise. É por efeito da lógica do próprio sistema. Parece que o sistema financeiro só funciona com um pé do lado de lá da legalidade"
JN, 28 Dezembro 2008

"Uma senhora que furtou um pó de arroz num supermecado foi detida e julgada. Furtar ou desviar centenas de milhões de euros de um banco ainda se vai ver se é crime"
JN, 28 Dezembro 2008

"Pelos vistos, nenhum banco pode ir à falência"
Público, 30 Dez 2008
in JN

A apresentação pública do livro «Vale do Côa,uma paisagem de liberdade», um roteiro das aldeias da região, realiza-se hoje em Cidadelhe, Pinhel




10 anos da Arte do Côa como Património da Humanidade

Hoje, 10 de Janeiro, realiza-se a apresentação pública do livro «Vale do Côa, uma paiagem de liberdade» , que pretende constituir-se um roteiro de visita às aldeias do PAVC ( Parque Arqueológico do Vale Côa) e ao Vale do Côa. A sessão decorrerá em Cidadelhe, Pinhel, pelas 15h.

Note-se que esta iniciativa faz parte do conjunto de actividades que o PAVC tem organizado para celebrar os 10 anos da classificação do Vale do Côa como Património da Humanidade pela Unesco.

O programa abriu no passado dia 3 de Dezembro (dia em que foi decidida oficialmente pela UNESCO a classificação), com a conferência “A Arte do Côa, o Parque Arqueológico e o Museu do Côa”, pela directora do Parque Arqueológico, Alexandra Sousa Lima, em Vale de Afonsinho, no concelho Figueira de Castelo Rodrigo. No mesmo dia decorreu também, mas na sede do PAVC, em Vila Nova de Foz Côa, um encontro científico de investigadores da área da Arqueologia Experimental, com o objectivo de lançar novos projectos de investigação na região e com parcerias internacionais.
Registou-se ainda no passado mês de Dezembro o lançamento do livro “O Paradigma Perdido. Vale do Côa e a Arte Paleolítica de Ar Livre em Portugal”, do arqueólogo António Martinho Baptista.

O encerramento das comemorações está marcado para o dia 15, com a inauguração da exposição “De Foz Côa a Siega Verde”, uma iniciativa do PAVC e da Junta de Castela e Leão, na sede do PAVC e em Siega Verde (Espanha).
Siega Verde é candidato a Património da Humanidade como extensão do Vale do Côa: o Governo espanhol e a Junta de Castela e Leão candidataram as gravuras rupestres de Siega Verde a Património Cultural da Humanidade da UNESCO, como extensão do Vale do Côa. Assim sendo, e considerando os dois espaços arqueológicos e criando-se uma região transnacional, poder-se-á formar a maior rota e o maior centro mundial de arte paleolítica ao ar livre.
Siega Verde, no Águeda, um afluente do Douro, é o mais importante e denso conjunto de arte paleolítica ao ar livre em Espanha, podendo ser considerado um prolongamento do Côa.
Link
Texto da Wikipedia sobre as gravuras rupestres do Côa: ver aqui

Região do Vale do Côa: ver aqui

Museu da pastorícia, na freguesia do Salgueiro, Fundão

Foto retirada do blogue: http://casadasbestas.blogspot.com/


Localizado numa casa tradicional recuperada, da aldeia do Salgueiro, concelho do Fundão, o Museu da pastorícia é um espaço dedicado à memória pastoril.

O Núcleo Museológico da Pastorícia tem como objectivo principal reunir patrimónios ligados a um quadro relacional económico e cultural desde sempre presente na humanidade: o trato dos homens com os animais.

Pretende-se conjugar dimensões patrimoniais diversificadas quer quanto ao tempo e espaço, quer quanto às matérias, contribuindo, deste modo, para uma definição mais objectivada do que se entende por “cultura pastoril” na sociedade contemporânea.
Enraizado a um território específico, este pequeno núcleo museográfico reforça a ligação e o reencontro entre as pessoas e as comunidades ao mundo e às paisagens da pastorícia. Um mundo que a partir das memórias das durezas de antanho se revisita hoje, com imaginação e sonho em contínuos reflexos temporais e (i)materiais.


Desde o presente mês de Janeiro o núcleo museológico apresenta a exposição: “O Pastor e o artesão José dos Santos - matérias sonoras”. A exposição estará patente até Abril de 2009.


Links sobre pastorícia:

Ecomuseu da pastorícia na Itália:

Sobre a transumância:
http://www.transhumance.org/




Minga (festa de trabalho comunitário) em Chão Sobral ( Oliveira do Hospital) está aprazada para o dia 31 de Janeiro às 9h30



Minga, ou minka (quechua) é um tradição ancestral precolombiana, com raízes na América do Sul, de trabalho colectivo e comunitário, com fins de utilidade social. Pode servir para a construção de um equipamento social para uso de toda a comunidade ou para ajudar uma família ou pessoa.

As «minga» criam fortes laços entre quem nelas participa e funcionam numa lógica de proximidade local e de vizinhança. Foram criadas dentro da rede de permacultura a fim de contribuir para a ajuda mútua e a cooperação entre as várias pessoas que vivem com e junto da Mãe-Terra.


"Minga" em Chão Sobral

Quando:

Sábado, Janeiro 31 / Inicia 9h30

Fazer o quê:

(1) Corte de silvas e giestas por entre oliveiras queimadas.

(2) Fazer pilhas de madeira de pinheiros queimados, corte de silvas e giestas entre pinheiros jovens.

Como / Ferramentas:

Serrote de poda, "podoa" ou "podão", machado.

Porquê:

Preparar a área para plantar novas árvores mais tarde, e gestão florestal.

Quem / Quantos:

Todos são bem-vindos.

Nota:

Oferecemos sopa, pão e salada para o almoço (14PM), mas também podes trazer a tua comida preferida para partilhar!

Entre em contacto se desejas participar.

In english

Next Minga" at Chão Sobral

When:

Saturday, January 31 / Starts 9h30AM

What:

(1) Cut brambles and broom between burnt olive trees.

(2) Make heaps of wood from dead pine tree forest, and cut broom
between young pine trees.

How/Tools:

Pruning saw, "podoa" or "podão" (see pic.), small axe.

Why:

Prepare the area to plant new trees later, and forest management.

Who / How Many:

Everyone is welcome.

Note:

Here, we'll provide soup, bread and salad for lunch (14PM) but bring
also your favourite food to share!

Let me know if you want to participate.


http://permacultura-terras-altas.blogspot.com/


Contacto:
João Gonçalves
Tv. da Carreira, 6
Chão Sobral 3400-260
Aldeia das Dez
Portugal
Tlm 351 96 96 8 00 09


Localização geográfica :
aqui



"Terras Altas - Cultura Permanente" é um projecto de desenvolvimento de subsistência sustentável que implementa permacultura, passeios pedestres guiados e tradições rurais, na aldeia de Chão Sobral e redondezas.


A Permacultura é um método holístico para planejar, atualizar e manter sistemas de escala humana (jardins, vilas, aldeias e comunidades) ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis.


A Permacultura em "Terras Altas" abrange as seguintes acções:
Implementação de Sistemas de Agrícultura Sustentável
Manutenção de Sistemas de Irrigação e Socalcos
Sistemas de Construção e Energia Sustentáveis
Reflorestação
Mercado Local de Trocas Solidárias
Festas de Trabalho em Comunidade - "as nossas Mingas"
Manutenção de Caminhos Pedestres
Cursos, Oficinas, e Acções de Sensibilização (ciclos de filmes e encontros)
"Férias Permaculturais" e Voluntariado

Encontro "Mais Economia Solidária"( 24 de Janeiro - Coimbra): para falar dos exemplos, perspectivas e necessidades do sector da Economia Solidária


Redes de Trocas, Mercados Solidários, Bancos do Tempo, e Moeda Local …
...que diferença fazem?

Encontro para discussão de exemplos e perspectivas emergentes e necessidades no sector da Economia Solidária na Região Centro de Portugal

Consultar: http://ecosol-beiras.blogspot.com/
O que podemos fazer, como comunidade bioregional, para criar uma Economia Humana que é Sustentável e Amável, com Coração e Alma?


Coimbra – Auditório da Escola Superior de Educação de Coimbra

24 de Janeiro de 2009 (Sábado)


Programa:

9h30 Filme: "O Dinheiro é Dívida" (dobrado em espanhol)

10h30 Intervalo

10h50 Apresentações e discussão

11h30 Intervalo

11h50 Apresentações e discussão

12h30 Encerramento


São bem-vindas apresentações formais (com ou sem multimédia) de exemplos ou experiências locais no domínio da Economia Solidária. (Estas não deverão exceder os 10 minutos.)


Para participar, faça a sua inscrição (obrigatória e gratuita) até dia 17 de Janeiro:

Envie uma mensagem de correio electrónico para o endereço joaovox@gmail.com ou sms para o
969 680 009, indicando o(s) nome(s), e se deseja fazer uma apresentação indique também o tema.


Promotores


Projecto "Terras Altas – Cultura Permanente"
http://permacultura-terras-altas.blogspot.com/

Beira Serra Sustentável – Rede Local de Permacultura
http://www.beira-serra-sustentavel.org/

Ecoliving Portugal

Agricabaz
http://agricabaz.blogspot.com/

Coisas do Vizinho
http://coisasdovizinho.wordpress.com/

Food for Brits
http://food4brits.com/



Informação Relacionada :


Fórum Brasileiro de Economia Solidária
http://www.fbes.org.br/

reas - red de redes de economía alternativa y solidária
http://www.economiasolidaria.org/

Red Latinoamericana de SocioEconomía Solidária
http://www.redlases.org.ar/

Cidades em Transição / Transition Towns
http://www.transitiontowns.org/

Filme "Dinheiro é Dívida" Versões em Espanhol :
aqui, aqui





Barter Networks, Solidarity Markets, Time Banks and Local Currency ... what difference do they make?


Meeting for the discussion of emerging examples, perspectives and needs in the Solidarity Economy sector in the Central Region of Portugal


Coimbra - Auditorium of the School of Education of Coimbra

January 24, 2009 (Saturday)


Program:

9:30 Movie: "Money as Debt" (Spanish version)

10:30 Break

10.50 Presentations and discussion

11.30 Break

11.50 Presentations and discussion

12.30 End


Formal presentations about local examples or experiments in the field of Solidarity Economy are welcome. (These should not exceed 10 minutes.)


To participate, please sign up (compulsory and free) until 17th January:

Send an e-mail to:
joaovox@gmail.com or text to 969 680 009, indicating the participant (s) name (s), and if you would like to make a presentation indicate the subject / title.

Texto de Lídia Jorge sobre o actual estado da educação em Portugal e as pretensas reformas (des)educativas de Sócrates, Milú e acompanhantes...

Educação: os critérios da excelência
Texto de Lídia Jorge (escritora)

«A titularidade foi dada a professores bons, excelentes, maus e muito maus. Não premiou nada, porque baralhou tudo »

1.Ficarão por muito tempo célebres os braços-de-ferro que Margaret Thatcher manteve com os sindicatos do Reino Unido, como conseguiu vencê-los, e como à medida que os humilhava, mais ia ganhando o eleitorado do seu país. Na altura a primeira-ministra britânica era a voz da modernidade liberal, criou discípulos por toda parte, e ainda hoje, apesar do negrume da sua era, há quem se refira à sua coragem como protótipo da determinação governativa. Mas neste diferendo que opõe professores e Governo, está enganado quem associa o seu perfil ao de Maria de Lurdes Rodrigues. Se alguma associação deve ser feita - e só no plano da determinação -, é bom que o faça directamente com a pessoa do primeiro-ministro.
De facto, a equipa deste Ministério da Educação tem-se mantido coesa, iniciou reformas aguardadas há décadas, soube transferir para o plano da realidade as mudanças que em António Guterres foram enunciadas como paixão, conseguiu que o país discutisse a instrução como assunto de primeira grandeza, fez habitar as escolas a tempo inteiro, fez ver aos professores que o magistério não era mais uma profissão de part-time, arrancou crianças de espaços pedagógicos inóspitos, e muitos de nós pensámos que a escola portuguesa ia partir na direcção certa. Quando José Sócrates saía com todos os ministros para a rua, nos inícios dos anos lectivos, via-se nesse gesto uma determinação reformista que augurava um caminho de rigor. Não admira que o primeiro-ministro várias vezes tenha falado do óbvio - que era necessário determinar quem eram, na escola portuguesa, os professores de excelência. Era preciso identificá-los, promovê-los, responsabilizá-los, outorgar-lhes credenciais de liderança. Era fundamental que se procedesse à sua escolha. Mas a sua equipa legislou sobre o assunto e infelizmente errou.

2.Errou ao criar, de um momento para o outro, duas categorias distintas, quando a escola portuguesa não se encontrava preparada para uma diferenciação dual. A escola portuguesa tinha o defeito de não diferenciar, mas tinha a virtude de cooperar. O prestígio do professor junto dos alunos e dos colegas não era contabilizado, mas era a medida da sua avaliação. Pode dizer-se que era uma escola artesanal que necessitava de uma outra sofisticação. Mas, para se proceder a essa modificação com êxito, era preciso compreender os mecanismos que a sustentavam há décadas, e tomar cuidado em não humilhar uma classe deprimida, a sofrer dia a dia o efeito de uma erosão educacional que se faz sentir à escala global. Só que em vez da aplicação cuidadosa e gradual de um processo de mudança, a equipa do Ministério da Educação resolveu criar um quadro de professores titulares, a esmo, à força e à pressa. No afã de encontrar a excelência, em vez de se aplicar critérios de escolha pedagógica e científica, aplicaram-se critérios administrativos, de tal modo aleatórios que deixaram de fora grande percentagem de professores excelentes, muitas vezes os responsáveis directos pelo êxito pedagógico das escolas.
O alvoroço que essa busca de um quadro de excelência criou está longe de ser descrito devidamente. Basta visitar algumas escolas para se perceber como a titularidade está distribuída a professores bons, excelentes, mas também a maus e muito maus, e foi negada a professores competentes. Isto é, criou-se um esquema que não premiou nada, porque baralhou tudo. Os erros foram detectados por muita gente de boa fé, em devido tempo, mas o processo avançou, a justiça não foi reposta, nem sequer a nível da retórica política. Pelo contrário, aquilo que a razão mostrava à evidência foi sendo desmentido, adiado, ridicularizado, ou desviado para o campo da luta sindical dita de inspiração comunista.

3.O segundo instrumento ao serviço da excelência não teve melhor sorte. Era preciso inaugurar nas escolas uma cultura de responsabilidade que até agora fora relegada para determinismos de vária ordem, menos os estritamente pedagógicos, o que era um vício da escola portuguesa, pelo menos até à publicação dos rankings. Mas aí, de novo, a equipa do Ministério da Educação funcionou mal. Se os campos de avaliação do desempenho dos professores estão mais ou menos fixados, e começam a ser universais, os parâmetros em questão foram pensados por mentes burocráticas sem sentido da realidade, na pior deturpação que se pode imaginar em discípulos de Benjamin Bloom, porque um sistema que transforma cada profissional num polícia de todos os seus gestos, e dos gestos de todos os outros, instaura dentro de cada pessoa um huis clos infernal de olhares paralisantes. Ninguém melhor do que os professores sabe como a avaliação é um logro sempre que a subjectividade se transforma em numerologia. Claro que não está em causa a tentativa de quantificação, está em causa um método totalitário que se transforma num processo autofágico da actividade escolar. Aliás, só a partir da divulgação das célebres grelhas é que toda a gente passou a entender a razão da pressa na criação dos professores titulares - eles estavam destinados a ser os pilares dessa estrutura burocrática de que seriam os pivots. Isto é, quando menos se esperava, e menos falta fazia, estavam lançadas as bases para uma nova desordem na escola portuguesa. Como ultrapassá-la?

4.Não restam muitos caminhos. Ultimamente, almas de boa fé falam de cedência de parte a parte. Negociação, bondade, comissões de sábios. A questão é que não há, neste campo, nenhuma justiça salomónica a aplicar. O objecto em causa não é negociável. Tendo em conta uma erosão à vista, só a Maria de Lurdes Rodrigues, que sabe que foi longe de mais, competiria dizer "Não matem a criança, prefiro que a dêem inteira à outra", mas já se percebeu que não o vai fazer. Obcecada pela sua missão, que começou tão bem e está terminando mal, quererá ir até ao fim, mesmo que do papel dos mil quesitos que alguém engendrou para si só reste um farrapo. É pena. Depois de ter tido a capacidade de pôr em marcha uma mudança estrutural indispensável para a modernização do ensino, acabou por não ser capaz de ultrapassar o desprezo que desde o início mostrava ter em relação aos professores. E, no entanto, numa política de rosto humano, seria justo voltar atrás, reparar os estragos, admitir o erro sem perder a face. Ou simplesmente passar o mandato a outros que possam reiniciar um novo processo.
De facto, em Portugal existem vários vícios na ascensão ao poder. Um deles consiste em não se saber entrar no poder. Pessoas sem perfil técnico, ou humano, aceitam desempenhar cargos para os quais não foram talhados. Parece que toda a gente gosta de um dia dizer ao telefone, no telejornal, "Papá, sou ministro!", com o resultado que se conhece. Outro é não se saber sair do poder. Houve um tempo em que Mário Soares ensinou ao país como os políticos saem no tempo certo, para retomarem, quando voltam a ser úteis. Os grandes políticos conhecem a lei do pousio. E o objecto da disputa deve ser sempre mais alto do que a própria disputa. É por isso estranho e desmedido o que está a acontecer.

5.José Sócrates deverá estar a pensar que pode ter pela frente um golpe de sorte - Margaret Thatcher teve a guerra das Falklands - e até pode vir a ter uma maioria absoluta outra vez. Aliás, pelo que se ouve e vê, a frase da ministra da Educação "Perco os professores mas ganho o país", cria efeitos de grande admiração junto duma população ansiosa por ver braços-de-ferro no ar, sobretudo se eles vierem do corpo de uma mulher. Não falta quem faça declarações de admiração à sua coragem, como se a coragem prescindisse da razoabilidade. E até é bem possível que a Plataforma Sindical um dia destes saia sorridente da 5 de Outubro com um acordo qualquer debaixo do braço, como já aconteceu.
Mas a verdade é que, a insistir-se neste plano, despropositado, está-se a fomentar uma cadeia de injustiças e inoperâncias que só a alternância democrática poderá apagar. Se José Sócrates pediu boas soluções e lhe ofereceram estas, foi enganado, e deveria repensar nos seus contratos. Mas se ele mesmo acredita neste processo kafkiano, é uma desilusão, sobretudo para os que confiaram na sua capacidade de ajudar o país a mudar. Neste momento, entre nós, a educação tornou-se uma fábula.
Lídia Jorge, Escritora
Publicado na edição do jornal Público de 9 de Janeiro

Tabacaria - leitura encenada no Contagiarte( hoje, Sábado, 10 de Jan. às 22h45)


Tabacaria
de Álvaro de Campos

Leitura Encenada
por Nuno Meireles

"Tomem-no como quiserem, pensem o que lhes apetecer, à hora em que escrevo estas linhas, Tabacaria é o mais belo texto do mundo..."
Jean-Pierre Thibaudat

Tido como o poema emblema e síntese de Fernando Pessoa/Álvaro de Campos, Tabacaria é o contraste dramático de quem olha pela sua janela e pensa que um dia nada existirá, nem a língua em que escreve, nem a tabacaria de defronte, tão inútil uma coisa como a outra.

Esta é uma leitura encenada, i.e. a partir da geografia exterior e interior em que tudo acontece.

Direcção/Interpretação: Nuno Meireles
Operação de Luz/Som: Rui Oliveira

Contagiarte, Rua Costa Cabral, 372 no Porto
Sábado, 10 de Janeiro, 2009
22.45h

Duração aproximada: 30`


http://poesiaemvozalta.blogspot.com/

http://www.contagiarte.pt/

9.1.09

Polícia retira faixa com crítica à violência policial invocando motivos e recorrendo a meios de duvidosa legalidade

Segunda-feira, 5 de Janeiro, pelas 15h00, os Bombeiros Sapadores do Porto retiraram a faixa da fachada da CasaViva, a mando da Polícia de Segurança Pública. Foi levantado um Auto de Apreensão, destinado ao Ministério Público, cujo motivo de apreensão invocado é alegadamente o incentivo à violência !!!!!!!!!!


A actuação da PSP e os motivos invocados podem carecer de fundamento legal e os seus reponsáveis poderão vir a ser criminalmente punidos. Com efeito,

1º) Sabe-se que «comete o crime de prisão ilegal o agente policial que, sem estar munido de qualquer mandato de captura ou em presença de qualquer acto ilegal praticado pelo arguido, ordena a sua condução a uma esquadra da P.S.P., onde esteve detido por 15 minutos» (vidé acordão do Supremo Tribunal Administrativo)

2º)Por outro lado, é a Lei Fundamental que dispõe o seguinte quanto à liberdade de expressão:

«Artigo 37.º da Constituição da República Portuguesa (Liberdade de expressão e informação)

1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.

2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.

3. As infracções cometidas no exercício destes direitos ficam submetidas aos princípios gerais de direito criminal, sendo a sua apreciação da competência dos tribunais judiciais.

4. A todas as pessoas, singulares ou colectivas, é assegurado, em condições de igualdade e eficácia, o direito de resposta e de rectificação, bem como o direito a indemnização pelos danos sofridos»

3º)Finalmente, o motivo alegado ( «incentivo à violência») para a apreensão da faixa é justamente o contrário àquele que é visado na mensagem da faixa: denunciar a violência policial...

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Texto sobre os factos ocorridos no passado dia 5 de Janeiro recebido por email:


Casa assaltada, faixas à mostra


Nas democracias policiais, a liberdade de expressão é um direito de todos os cidadãos. Também por isso lhes chamam democracias. Mas esse direito tem limitações, coisa lógica nesta sociedade onde se definiu que “uma liberdade acaba onde começa a do outro”, impedindo-se, assim, que se interpenetrem, que se prolonguem uma na outra. Pensamentos perigosos, que poderão constituir um qualquer crime se tornados públicos, e que, portanto, ficam por aqui. Já basta o que basta, dizia o outro, como sempre, cheio de razão. O que agora interessa, de facto, é que, em primeira instância, quem define as limitações das liberdades, e, por arrasto, as da liberdade de expressão, é a polícia. Também por isso lhes chamamos, a essas democracias, policiais.

Na Casa Viva, logo no primeiro dia oficialmente útil da semana, tivemos mais uma prova de que Portugal se insere dentro desta categoria de democracias. Por volta das 15h00 desse 5 de Janeiro, os Bombeiros Sapadores do Porto, a mando da Polícia de Segurança Pública, também presente, retiraram, assim, sem pedidos nem explicações, a faixa solidária com o movimento grego que a Casa vinha exibindo desde 20 de Dezembro. O motivo da apreensão, tal como informado no respectivo auto, é “incitava à violência, cometendo o crime contra a paz pública”. Não fosse o tal adjectivo que acompanha a nossa democracia e ter-se-ia tratado de um roubo. Afinal, uma faixa não publicitária numa fachada duma casa particular só pode ser retirada se tal for pedido pelo proprietário, o que não aconteceu. Mas o facto é que esse adjectivo está lá por alguma razão e, em estando, o acto de surripiar transforma-se em apreensão, os prevaricadores em sujeitos activos de acusação e as vítimas em réus.

Pode-se olhar para a faixa pelo ângulo que se quiser, mas é precisa muita liberdade de interpretação para nela ver um incentivo à violência. Mas, lá está, essa é apenas mais uma das liberdades das democracias policiais que, como todas as outras, tem uma definição e um âmbito dependentes do livre arbítrio dos agentes da Autoridade, gente que se costuma acusar de ser pouco dada a divagações poéticas, mas a quem não podemos deixar de gabar a capacidade de ler nas entrelinhas ainda mais do que os autores das linhas queriam fazer transparecer.

No processo de roubo/apreensão da faixa, os agentes acharam por bem deter três pessoas que saíam da casa a ver o que se passava do lado de fora do sítio onde lhes tinham oferecido guarida. Estavam, aparentemente, a utilizar de forma ilegal numa casa que não é deles. Mas houve queixa do proprietário? Falamos com ele e ele disse que não devia estar ninguém em casa. Falaram com ele?! Bem... a casa está em ruínas e não pode estar lá gente a viver! A Casa está em ruínas? Quem falou em ruínas? Então porque é que estão detidos? Não houve detenções, só os trouxemos à esquadra para assinarem o auto de apreensão. A uns gajos que não têm nada a ver com a casa nem com a faixa? Mais alguém dá a cara pela faixa? Claro que sim! Então já não estão detidos, podem sair os três e até voltar para a casa em ruínas onde, para além de não poderem estar por causa dessa sua – da casa – condição, não podiam estar por falta de autorização do proprietário.

Ora então cá temos os responsáveis pela faixa. Basta que um assine o auto de roubo/apreensão, que os outros já estão identificados de qualquer forma, apesar de nunca lhes termos controlado legalmente as identidades. Agora a coisa vai para o DIAP e já não é mais nada connosco, que vocês aparecem aqui aos magotes e a malta quer ver o discurso do Sócrates sem medo de que nos ocupem esta merda, perdão sr. ministro, esta esquadra, tão lindamente baptizada como sendo do Paraíso, apesar de, para tal, ainda faltarem os canais da Sport Tv, vá lá que nos resta a TVI e as novelas com gajas boas. Depois, daqui a 6 meses, 1 ano, ou dois, o DIAP lá decidirá se a queixa da PSP é válida e, se não for, a faixa será devolvida. No entretanto, a gente fica sem a faixa de que o agente não gostou e assim mesmo é que é numa democracia policial.

Ora, é provável que o DIAP considere que a faixa, de facto, mais do que um apelo à violência, é um grito contra a sua utilização por quem lhe detém o monopólio e que, como tal, o seu roubo/apreensão até pode, pelo menos em teoria, configurar um atropelo à liberdade de expressão. Pouco interessa. Não será por isso que a Casa será deixada em paz. Há a questão da ocupação ilegal. Ah, é verdade... o proprietário autoriza a ocupação do espaço. Mas há a questão das drogas. A questão das drogas? Sim, a casa está conotada com drogas. Conotada por quem? Pela polícia. Mas entraram lá ilegalmente para ver essa questão? Nem pensar... mas cheira muito a charro no passeio quando se passa por perto. O quê? É verdade... e, ainda por cima, entra lá gente com mau aspecto! Isso não é discriminação? A polícia não discrimina... limita-se a ver se determinada pessoa tem determinado aspecto e, se o tiver, fica imediatamente associada ao consumo de drogas. E isso não é discriminação? Não desconversem... é que há a questão da propriedade! Ah, é verdade... o proprietário autoriza a ocupação do espaço. Pois é... então, há a questão das drogas. E sabem quem vai sofrer com isso se não tomam cuidados?

Os processos de intimidação à divergência apertam-se. Espera-se que o medo de qualquer coisa, independentemente do que seja, impeça as pessoas de se manifestarem, de exporem opiniões, de se levantarem perante as injustiças dos poderosos. Depois de visitas policiais à Casa em dias de reuniões, depois de visitas regulares ao blog, veio o roubo/apreensão da faixa, um processo-crime sobre “os responsáveis pela faixa”, o reconhecimento policial de que já estamos todos fichados e as ameaças de que, ou atinamos, ou nos fecham a Casa e nos mandam de saco, por causa da questão da propriedade, aliás, por causa das drogas, aliás por qualquer coisa que lhes apeteça.

O problema é que achamos que nós é que somos os atinados e não nos apetece, agora que os desvarios juvenis já passaram na sua maioria, desatinar e começar a comer tudo o que nos dão ou a baixar a cueca cada vez que nos tentam violentar. Para além de que a Casa, assim sem uma faixa, parece despida. E nós não queremos um processo-crime por atentado ao pudor.

Guerra em Gaza - Hipocrisia sangrenta ( artigo de José Goulão)

GUERRA EM GAZA

Hipocrisia sangrenta

Altos responsáveis de países que se consideram faróis da «civilização» multiplicam apelos à «contenção» e ao «cessar-fogo» em Gaza, como quem procura assim cumprir uma obrigação perante o «agravamento da crise» no Médio Oriente. A hipocrisia de presidentes, ministros, diplomatas ou porta-vozes é tão óbvia como de costume, mas ainda consegue ser chocante tendo em consideração a tragédia que vitima mais de um milhão de meio de pessoas amontoadas num pequeno território inóspito aferrolhado entre Israel, o Egipto e o Mediterrâneo.

Tais apelos baseiam-se na objectividade de um pretenso distanciamento entre as «partes em conflito», assim se exigindo uma rigorosa simetria de comportamentos como numa guerra convencional entre exércitos clássicos. Simetria, pois, entre civis indefesos e as forças armadas que ocupam o quarto lugar no ranking das mais poderosas do mundo; entre ocupados e ocupantes; entre morteiros mais ou menos artesanais e o poder de fogo dos F-16 e dos tanques de última geração; entre comunidades famintas sujeitas há anos a um feroz bloqueio de bens essenciais e uma nação estruturada apoiada sem limites pelo mais poderoso país do planeta; entre as vítimas e respectivos descendentes de uma limpeza étnica e os ses autores.

O Hamas quebrou a trégua e tem de pagar, devendo desde já sujeitar-se ao regresso ao cessar-fogo faça o inimigo o que fizer, sentenciam os diplomatas civilizados. Trégua que verdadeiramente nunca existiu, uma vez que foi desde logo desrespeitada pelo Estado de Israel ao violar um dos seus pressupostos essenciais: o fim do bloqueio humanitário a Gaza. Durante os últimos seis meses o cerco não apenas se manteve como se apertou.

Como movimento terrorista, o Hamas tem que pagar, dirão ainda e sempre os civilizados senhores do poder de distinguir os que são e os que não são terroristas, do mesmo modo que lançam guerras contra possuidores de armas de extermínio que nunca existiram.

O Hamas, porém, praticamente não era nada quando se iniciou a primeira Intifada palestiniana, em fins de 1988. Hoje, o papel dos serviços secretos de Israel na criação efectiva de um movimento islâmico, o Hamas, para dividir a resistência nacional palestiniana dirigida pela Organização de Libertação da Palestina (OLP) já nem é sequer um segredo de Polichinelo. Os interessados em aprofundar o assunto poderão começar por pesquisar através da obra de Robert Dreyfuss e começar a desenrolar o novelo. Descobrirão elementos muito interessantes e com flagrante actualidade. A verdade é que de grupinho divisionista e terrorista o Hamas se transformou num movimento que, tirando dividendos dos fracassos sucessivos do chamado processo de paz, boicotado por Israel e Estados Unidos e assumido pela Fatah como única opção estratégica, conseguiu ganhar as eleições parlamentares palestinianas em 2006. O Hamas cresceu com as estratégias militaristas em redor, como os talibãs no Afeganistão (agora controlando zonas a menos de 50 quilómetros de Cabul) ou o Hezbollah no Líbano, fruto das invasões israelitas da década de oitenta.

Reconhecer que o Hamas é agora uma realidade evidente no problema israelo-palestiniana não significa fraqueza, simpatia ou conivência com o terrorismo. É, prosaicamente, uma simples questão de senso comum.

As eleições de 2006, proclamaram os observadores internacionais, muitos deles oriundos das terras «civilizadas», foram livres e justas. Logo, ao Hamas coube formar governo – diz-se que é assim que funciona a democracia.

Engano puro. A chamada «comunidade internacional» decidiu não reconhecer o governo escolhido pela maioria dos palestinianos; nem sequer aceitou uma aliança entre o Hamas e a Fatah, que praticamente fazia o pleno da vontade dos eleitores. Pelo contrário, também não são segredo as diligências da administração de George W. Bush e do governo israelita de Ehud Olmert para lançar a guerra civil entre as duas principais organizações palestinianas – chegando, para isso, a fornecer armas à Fatah – fazendo simultaneamente por ignorar o acordo entretanto estabelecido pelos dois movimentos sob mediação do Egipto e da Arábia Saudita.

Este processo conduziu à divisão palestiniana: a Fatah na Cisjordânia e Jerusalém Oriental, dependente do que Israel lhe permite ou não fazer; e o Hamas controlando Gaza, território dos seus principais feudos. Daí ao bloqueio a Gaza e, agora, à invasão, foi um pequeno salto.

O massacre está em curso, assistindo-se na comunicação social a tão curiosos como ridículos esforços para distinguir entre vítimas civis e militares. Em Gaza, para que conste, não há militares, a não ser os invasores. Existem restos da polícia autonómica, militantes do Hamas armados e organizados como milícias. O resto é milhão e meio de desempregados, famintos e humilhados. Tal é o inimigo de Israel que lançou alguns morteiros, por exemplo contra a cidade de Asqelon, que em 1948 se chamava Al-Majdal e era uma aldeia árabe cuja população, vítima da limpeza étnica em que assentou a criação do Estado de Israel, se refugiou em Gaza.

Os dirigentes de Israel asseguram que os «civis» serão poupados durante a invasão. Tal como aconteceu em 1982 em Beirute, onde os militares comandados por Ariel Sharon, fundador do partido de Ehud Olmert e Tzipi Livni, destruíram o sector ocidental da cidade, acabando por patrocinar os massacres de Sabra e Chatila. Ou em 1996, quando Shimon Peres, actual presidente israelita, foi responsável pelo massacre de Canan, também no Líbano, e mesmo assim perdeu as eleições parlamentares.

Gaza, ainda assim, será diferente de Sabra e Chatila. Agora, os soldados israelitas sujam mesmo as mãos com o sangue das populações indefesas – salpicando inevitavelmente os hipócritas que os defendem.

Por JOSÉ GOULÃO *
* Jornalista.

Os riscos e as ameaças dos telefones móveis (modelo de carta a enviar às pessoas dos nossos contactos a comunicar que desiste do seu telemóvel)

E se os telefones móveis se tornarem num escândalo sanitário?
Modelo de carta a enviar aos amigos e às pessoas dos nossos contactos a comunicar que desiste e abandona definitivamente o seu telemóvel:


Caros amigos,

Porque não gosto de ver todas essas antenas de rede telemóvel a desfigurar a paisagem urbana e o horizonte visual do espaço natural

Porque é-me desagradável estar permanentemente contactável

Porque estou farto de ser interrompido nas minhas conversas ou tempos de contemplação e reflexão pelos toques irritantes dos aparelhos de telefone portátil

Porque não suporto mais fazer parte daquele tipo de pessoas que, julgando-se nas suas próprias casas, não têm escrúpulo algum em tornar audíveis as suas conversas privadas

Porque não quero ter um ar de imbecil quando ando na rua a falar para o vazio ou, pelo menos, assim parece quando se dá uma conversação por via do telemóvel

Porque também não quero fazer-se passar por idiota quando ando na rua ou num espaço público a clicar nevróticamente nas teclas do aparelho electrónico que me serve de telefone.

Porque estou farto das interferências, dos barulhos e dos cortes nas conversações que frequentemente perturbam e impedem uma conversa por telefone.

Porque não aprecio a ideia de ser permanentemente geo-localizável, e poderem as minhas conversações serem gravadas e entregues à polícia pelas empresas operadoras das redes de telemóveis.

Porque lamento ter-me rendido aos diktats tecnológicos do sistema mercantil no domínio chamado erroneamente da «comunicação»

Porque não quero mais ser cúmplice da pilhagem de certos recursos naturais, fonte de guerras e de poluição em numerosos países.

E porque não estou mesmo nada interessado em contrair um cancro daqui a 10 ou 15 anos por efeito da sobre-exposição às ondas electromagnéticas

Decido, conscientemente, o seguinte :

1º Desembaraçar-me de uma vez por todas do meu telemóvel, medida que será irrevogável, e que começará a partir do dia …. ( indicar a data)

2º Assumir publicamente o compromisso solene de recusar no futuro a possuir ou utilizar por qualquer razão um aparelho de telefone móvel

E ainda consultar o livro de Etienne Cendrier, «E se o telefone móvel vier a tornar-se um escândalo sanitário?»

Sementeira de Carvalhos na Serra de Montejunto numa organização do FAPAS, aberta a todos os interessados em participar ( dia 11 de janeiro)


SEMENTEIRA de CARVALHOS-Cerquinhos na SERRA de MONTEJUNTO
Domingo, 11 de Janeiro 2009, 10h15-17h30


Deslocação em comboio de Lisboa até Castanheira de Ribatejo, e depois em autocarro da CM de Alenquer até Montejunto.

Inclui visita à Fábrica do Gelo (sec.XVIII) em Montejunto.

Grau de dificuldade: fácil (acessível a crianças a partir de 4 anos).

Para se inscrever na actividade:
Envie uma mensagem para
fapaslisboa@kanguru.pt , deixando o seu nome e contacto (email e telemóvel), indicando qual o ponto de encontro, o meio de transporte utilizado e o número de pessoas.
Participação: pode participar na actividade utilizando os transportes públicos com o FAPAS, ou com a sua viatura. Se tem acesso a transportes públicos, desaconselhamos a utilização da viatura, para evitar a emissão de gases com efeito de estufa. Entre Castanheira de Ribatejo e Montejunto o percurso é feito em autocarro da Camara Municipal de Alenquer.

Descrição da Actividade:
1. Deslocação em comboio entre Lisboa (Santa Apolónia) e Castanheira do Ribatejo (linha da Azambuja).
2. Deslocação em autocarro da CM de Alenquer entre Castanheira e a serra de Montejunto. Visita à Fábrica do Gelo em Montejunto (estrutura do Sec.XVIII). Merenda na Serra.
3. Sementeira de bolotas de carvalho-cerquinho: consiste na colocação de sementes directamente na terra, geralmente em grupos de cinco a dez em pequenos buracos abertos com enxada ou um sacho de jardinagem. Cada participante terá oportunidade de semear 100 a 500 bolotas.
4. Regresso em autocarro a Castanheira. Regresso a Lisboa (Santa Apolónia) de comboio.

Local: Serra de Montejunto (entre Cadaval e Alenquer)
Itinerário: Lisboa - Castanheira do Ribatejo - Abrigada (Alenquer) - Montejunto, regresso pelo mesmo percurso.
Transporte: De comboio entre Lisboa e Castanheira, em autocarro cedido pela CM Alenquer entre Castanheira e Montejunto.

Custo do transporte
Bilhete de comboio Lisboa (Santa Apolónia) - Castanheira do Ribatejo: 1,80 euros (só ida), 3,60 (ida e volta).
Crianças até 4 anos não pagam bilhete. Crianças entre 5 e 12 anos, e Reformados pagam meio bilhete.
Bilhetes inteiros comprados em grupo têm 10% de desconto (3,24 euros ida e volta).

Autocarro: cedido pela CM de Alenquer, mas temos que pagar as horas do motorista, por isso vamos cobrar 50 cêntimos (ida e volta) por cada participante adulto. Este valor pode ser descontado na compra de qualquer material do FAPAS (revista Tribuna da Natureza, Guias de Fauna e Flora, sacos de Pano), ou no pagamento da quota de quem se fizer sócio do FAPAS.

Horário e Pontos de Encontro:
1 - em Lisboa - às 10h15 no átrio da estação de Santa Apolónia (o comboio parte às 10h38). Para beneficiar do desconto de grupo tem que estar na estação antes das 10h20.
2 - em Castanheira do Ribatejo - junto à estação de comboios, às 11h10.
3 - na Abrigada (aldeia perto de Alenquer) - na entrada da Escola Secundária, às 11h30.
4 - em Montejunto - no parque de estacionamento junto ao Centro de Interpretação Ambiental, às 11h50

Regresso: final das actividades e partida de Montejunto prevista para as 15h30, apanhar o comboio em Castanheira às 16h52, chegada a Santa Apolónia às 17h23.

Nota: Pode apanhar o comboio numa estação intermédia entre Santa Apolónia e Castanheira. O comboio (destino: Azambuja) pára nas estações do Oriente (10h46), Moscavide (10h48), Póvoa (10h54), Alverca (10h58), Alhandra (11h02) e Vila Franca de Xira (11h05).

Equipamento aconselhado: Vestuário quente adequado às condições meteorológicas, calçado confortável e resistente, Mochila ou saco de pano para transportar as sementes. Utensílio para a sementeira - enxada, ou sacho/pá de jardinagem, se não tiver utiliza os do FAPAS. Luvas de protecção (de cozinha ou de jardinagem). Água e farnel para almoço na Serra.

CAMPANHA "Vamos Plantar Árvores Nativas"

O FAPAS organiza há vários anos sementeiras e plantações de árvores e arbustos nativos em diversas áreas naturais de Portugal. O Carvalho-cerquinho á uma árvore nativa cuja principal área de distribuição se encontra em Portugal, sendo por isso também designado "carvalho português". Outrora formava extensas matas na região Centro-Litoral, entre Figueira da Foz e Sines. Hoje encontra-se reduzido a pequenos núcleos muito dispersos ou árvores isoladas. Não tem nenhum estatuto de protecção.

A Serra de Montejunto é um maciço calcário situado entre Alenquer e o Cadaval, com a altitude máxima de 660 m. Em 2003 sofreu os efeitos de um incêndio que atingiu quase toda a serra, num total de 5.000 hectares. Na Serra pode-se visitar a antiga Fábrica do Gelo, estrutura do sec.XVIII que recolhia gelo para fornecer a Corte de Lisboa.

Conferência sobre globalização e modo de vida sustentável seguido de jantar vegetariano na Sociedade Portuguesa de Naturologia ( dia 10 de Jan.)




CONFERÊNCIA & JANTAR VEGETARIANO

Sábado, 10 de Janeiro de 2009 às 18h

GLOBALIZAÇÃO E MODO DE VIDA SUSTENTÁVEL
pelo Dr. Carlos Cupeto (Professor na Universidade de Évora)

Entrada Livre


20h Jantar vegetariano*

* A contribuição para o jantar é de 8€

http://spn.eco-gaia.net/



OBJECTIVOS DA S.P.N.:
A Sociedade Portuguesa de Naturalogia (S.P.N.) é uma associação sem fins lucrativos, reconhecida como Instituição de Utilidade Pública, que tem por fim promover a cultura integral da vida humana, ou seja, o desenvolvimento físico, mental e espiritual, através do Naturismo - do ideal aproveitamento dos bens da Natureza, da observância das Leis do equilíbrio ecológico e da sã profilaxia e cura da doença pelos princípios da Naturopatia e outras medicinas alternativas, incluindo uma alimentação sem sacrifício da vida animal.

Acção de solidariedade com a Palestina e de condenação da ofensiva israelita na Faixa de Gaza ( dia 10, às 15h. no Jardim Manuel Bívar, em Faro)

Acção de solidariedade

PELO FIM IMEDIATO DA AGRESSÃO POR ISRAEL NA FAIXA DE GAZA!

PELA RETIRADA, DESDE JÁ, DAS FORÇAS ISRAELITAS!

SOLIDARIEDADE E INDEPENDÊNCIA PARA O POVO PALESTINO
Uma acção de solidariedade com a Palestina e condenar a ofensiva israelita na Faixa de Gaza está agendada para o próximo Sábado, 10 de Janeiro, na cidade de Faro ( no Algarve)

10 de Janeiro ás 15h no Jardim Manuel Bívar
(Doca - Faro)

Organização:
Associação da Cultura Islâmica do Algarve (ACIA)
olidariedade Imigrante (SOLIM)
Bloco deEsquerda (BE - Delegação do Algarve)
Associação para o Aprofundamento da Cidadania (CIVIS)
Associação Cultural dos Marroquinos e Amigos de Marrocos (ACMAM)
Associação Recreativa e Cultural do Algarve(ARCA)