7.2.08

Concentração por um mundo sem fronteiras (9 de Fevereiro, 15h. na Pr. da Batalha, Porto)


Por Um Mundo Sem Fronteiras


Esta é uma acção contra as políticas hipócritas, securitárias e injustas de imigração. A Europa da união criminaliza e discrimina quem cruza as suas fronteiras em busca de uma vida melhor.

Os imigrantes, legais ou não, contribuem através do seu trabalho e do pagamento de impostos para a acumulação capitalista da riqueza da União Europeia, assim como para o rejuvenescimento populacional do espaço Schengen. Ao mesmo tempo que o Estado Português os reconhece nas suas obrigações, discrimina-os nos seus direitos. Aos ilegais é negado o acesso à habitação, educação, saúde e cidadania.

Porque não queremos viver num mundo dividido em redomas mais impenetráveis para uns do que para outros. Porque não são as pessoas que atravessam as fronteiras, mas sim estas que se atravessam nos caminhos das pessoas, negando assim uma qualidade inerente ao humano: o desejo de ir além, de procurar, de conhecer.

Ninguém é Ilegal


9 de Fevereiro, Praça da Batalha, 15H
Concentração de solidariedade com os 23 Marroquinos expulsos a 23 de Janeiro de 2008

Início de Dezembro de 2007:23 emigrantes marroquinos chegaram à costa portuguesa, depois da embarcação onde viajavam ficar à deriva. Estes imigrantes foram imediatamente detidos e encarcerados num Centro de Detenção no Porto.

23 de Janeiro de 2008: início da expulsão, sem que o estado português informe os respectivos advogados e acautele as condições que os esperariam de volta ao país de origem.

Durante o tempo de detenção, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) impediu, na prática, o contacto com o exterior e a visita de várias associações de defesa dos Direitos Humanos.

Pelo Direito à Mobilidade
Pela Cidadania plena, Inclusão, direitos e Liberdade
Por uma Lei de Imigração justa e de acção concreta.




A recente expulsão dos marroquinos detidos na unidade habitacional de santo António veio não só expor uma lei incompatível com os mais básicos direitos humanos, como também confirmar a natureza dos poderes governantes. Vivemos num Estado de excepção mais permanente para os mais pobres do que para os mais ricos em que leis, direitos, liberdades e garantias perdem o seu significado perante os interesses de Estado e da economia. Só assim se explicam as ilegalidades processuais cometidas neste processo, como a supressão informativa realizada às advogadas das pessoas expulsas, ou simples omissões jurídicas, como a recusa em aplicar a cláusula que adia a repatriação caso os detidos colaborem no desmantelamento de redes de tráfico de imigrantes.

Porém, apesar da sua brutalidade, este caso não constitui uma novidade. Em Portugal, há muito que se expulsam pessoas por não preencherem certos e determinados requisitos. Há muito que existem prisões para imigrantes obra do actual presidente da república Cavaco Silva, enquanto chefe de governo onde estes são detidos porque simplesmente estão onde não podem estar. Por nada mais. Há muito que se mantêm pessoas na clandestinidade, para que possam trabalhar sem contratos e sob salários de miséria. Há muito que se esqueceram as histórias dos avós e bisavós que entraram, permaneceram e trabalharam ilegalmente em França e outros países da Europa.

Os tempos são outros. O país é parte integrante da União Europeia (U.E) e, como tal, deve participar no seu processo de afirmação a nível mundial. Doa a quem doer. A organização da Cimeira UE-África, em que a tentativa de impor acordos de comércio livre se fez acompanhar pela negociação de parcerias na repressão à população imigrante; a participação no programa Frontex, um dispositivo de controlo fronteiriço, que inclui os barcos de guerra que patrulham o litoral, as vedações em Melila e Ceuta ou centros de detenção espalhados por toda a Europa; ou as rusgas realizadas pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras os grandes centros urbanos ilustram o papel português na conspiração europeia contra os imigrantes.

Manifestamo-nos hoje contra qualquer lei de imigração que não garanta, sem quaisquer limitações, o direito a viver livremente neste país. Não só devido à existência de necessidades imperativas que obrigam as pessoas a partir e deixar as suas famílias a fuga às guerras, à pobreza e à destruição de recursos naturais, que alimentam as contas bancárias das grandes empresas transnacionais mas também porque não queremos viver num mundo dividido em redomas mais impenetráveis para uns do que para outros. Porque não são as pessoas que atravessam as fronteiras, mas sim estas que se atravessam nos caminhos das pessoas, negando assim uma qualidade inerente ao humano: o desejo de ir além, de procurar, de conhecer. Tudo isto é muito anterior à existência de fronteiras. Tudo isto continuará quando forem abolidas.

O teatro da palmilha dentada tem em cena o seu novo trabalho - Bucket

http://adentadadapalmilha.blogspot.com/

O Teatro da Palmilha Dentada tem em cena o seu novo trabalho de palco: “Bucket”. Este novo trabalho é o fruto de um trabalho de pesquisa em laboratório. O texto escrito teve por ponto de partida os improvisos realizados pelos actores.


De 11 de Janeiro a 17 de Fevereiro, de 2008

De Terça a Domingo às 21h46

Sala Estúdio Latino (Teatro Sá da Bandeira) no Porto

Informações e reservas, pelo número 91 5000 464.
Bilhetes a 7,49€ e 9,99€
O espectáculo para maiores de 16 anos


TEXTO E ENCENAÇÃO
RICARDO ALVES

MÚSICA ORIGINAL
RODRIGO SANTOS

INTERPRETAÇÃO
DANIEL PINTO
IVO BASTOS
RODRIGO SANTOS
DESENHO DE LUZ E FOTOGRAFIA DE CENA
PEDRO VIEIRA DE CARVALHO
APOIO AO MOVIMENTO
VERA SANTOS
ADEREÇOS
RICARDO ALVES
SANDRA NEVES

OPERAÇÃO TÉCNICA
RICARDO ALVES
HELENA FORTUNA

PRODUÇÃO TÉCNICA
ADELAIDE BARREIROS

“Um balde divide o mundo. Havendo um balde, há o que está dentro e o que está fora. De pernas para o ar é um banco. Com um pé dentro é um gag antigo. Empilhados, uma torre. Numa loja de cristais é um erro, na construção civil uma constante, se tiver um furo é inútil, se tiver muitos, dependurado num ramo de árvore, é um chuveiro. Há baldes que são dois, meio balde de detergente, meio balde de água limpa. Alguns têm tampa, outros têm rodas, quase todos têm asa. Transportam água, guardam o leite e um balde foi à lua e voltou cheio de pedras lunares. E se um dia nos faltarem?
Um balde é também um bom ponto de partida para as historias que se querem contar.”

6.2.08

Curso de Engenharia Civil para Totós


Uma proposta magnífica do governo, integrada na Campanha «Novas Oportunidades».

Vamos fazer de Portugal um país de Engenheiros!

Frequência disponível em várias modalidades:

1)
Sem pôr lá os pés!
Só aos fins-de-semana
Um professor para 4 cadeiras

2)
Permuta directa de favores (isto é, de cargos)

3)
Pontos da Farinha Amparo



http://wehavekaosinthegarden.blogspot.com/



5.2.08

O riso é uma forma de resistir ( a propósito do livro «Riso de resistência», de Jean-Michel Ribes)



Um livro editado há pouco tempo em França é motivo de júbilo para todos os que se reconhecem em nomes como Rabelais, Molière, Jarry, Dário Fo, Coluche, Picabia e demais dadaístas - para todos aqueles para quem o riso, a gargalhada e a insolência são modos de resistir à ditadura da realidade e à hegemonia do sério. Esse mesmo sério que solidifica as ideias, que a moral consolida e que o bom gosto alimenta ao ponto de acabar por atrofiar o pensamento.

Tem como título «Riso de resistência» ( Rire de resistance, de Diógenes à Charlie Hebdo) e o seu autor é Jean-Michel Ribes que publicou o livro no âmbito da programação do teatro onde é encenador, o Thêatre du Rond-Point, inteiramente virado este ano para o riso da resistência(
www.theatredurondpoint.fr/saison/temps_fort.cfm?id=4978 )

Será então o riso uma forma de resistir?

Ri-se sempre de alguém, ou de alguma coisa. Rir é também uma maneira de dizer que não temos medo, e por via do riso podemos estar a resistir a alguma coisa ou a uma situação que nos é imposta.
Quando nos rimos, mostramos os dentes, tal como acontece quando fazemos uma ameaça ( = mostrar os dentes) - um paralelismo que nos pode levar a concluir que o riso é sem dúvida mais uma forma de resistência.

Ingrediente imprescindível da utopia e da criação, são numerosos aqueles e aquelas que por via das piadas iconoclastas, conseguiram fecundar o riso de modo a vermos de novo alguma luz. De Rabelais a Jarry, de Voltaire a Picabia, de Chaplin a Dário passando por Duchamp, Bunuel, Topor, Copi, Hara-kiri, oulipianos, fumistas e zutistas, muitos são aqueles que são recordados e homenageados neste livro em virtude da sua coragem, da sua insolência e da sua capacidade de rir de todas as dominações, testemunhando o seu vivo compromisso contra a tirania do sério.

Não se trata simplesmente de um dicionário ( de A, como «AH!,AH!,AH!», até Z, como os zutistas) ou de uma antologia das tiradas mais ou menos burlescas de certos autores e figuras conhecidas. Trata-se sim de um obra que reúne algumas reflexões sérias e sábias sobre o riso, tal como o riso de combate ( «rir até às lágrimas»), o riso em Aristófanes, ou então o de Paul Valéry ( «O partido do espírito é sempre aquele que diz não, não e não»). Outros autores são igualmente convocados para se entregarem a exercícios de reflexão e análise acerca do riso. Os activistas americanos do Yes Man, por exemplo, marcam também presença nesse conjunto. Le Canard Enchaîné, Diógenes, Nietzsche são outras tantas referências incontornáveis que se passeiam ao longo da obra, sem esquecer os inimigos do riso como o fundador da Companhia de Jesus, Ignácio de Loyola ( «Não se riem, nem digam nada que provoque o riso»), ou o sério Staline («um povo feliz não precisa de humor»).
Felizmente, os ataques ao riso são ineficazes e não passam de uma vã tentativa de impor a ditadura do sério nas relações sociais entre os homens.

Alguns nacos do livro:

"Les femmes qui veulent être l'égale des hommes manquent sérieusement d'ambition" (Reiser).

"Il y a beaucoup de gens dont la facilité de parler ne vient que de l'impuissance de se taire" (Savinien Cyrano de Bergerac).

"Je n'ai pas aimé la pièce mais il faut dire que je l'ai vue dans les pires conditions : le rideau était levé" (Groucho Marx).

"Les morts ont de la chance, ils ne voient leur famille qu'une fois par an, à la Toussaint" (Pierre Doris)

"Les hommes appelés à en juger d'autres devraient avoir fait un stage de deux ou trois mois en prison" (Marcel Aymé)



História do Riso e do Escárnio", de Georges Minois, editado agora pela Teorema


O riso é uma virtude que Deus deu aos homens para os consolar por serem inteligentes, dizia Marcel Pagnol. Uma virtude que tem mais de dois mil anos, como testemunham as recolhas de histórias engraçadas com que já os gregos e os romanos se deliciavam. Mas podemos rir de tudo? Sim, afirma Demócrito cujo riso atrevido tem acentos espantosamente modernos. Sim, diz também Cícero, que inventaria mil formas de fazer rir. Não, proclamam em contrapartida os Padres da Igreja, porque o riso é um fenómeno diabólico, um insulto à criação divina, uma manifestação de orgulho. Os seus argumentos contudo não foram ouvidos na Idade Média: os reis fazem-se rodear de bobos, os homens divertem-se a rir uns dos outros, quando das assuadas, e o humor, que ainda não é mais do que paródia, infiltra-se mesmo nos sermões dos pregadores.


Com Rabelais, surge uma outra forma de rir, um riso ambíguo que abala todas as certezas e prolonga-se para além do Renascimento, um riso ora picaresco, ora grotesco, ora burlesco. A monarquia absoluta quer fazer entrar na ordem todos os amantes do riso. Mas será possível domesticar o riso? Disfarçado de humor ácido, o riso corrói pouco a pouco os fundamentos do poder e da sociedade. No século XIX, o humor encontra o seu terreno predilecto na sátira política, enquanto que os filósofos dissecam as suas virtudes, por vezes para as deplorarem, e Baudelaire procura o «cómico absoluto». A ironia torna-se uma forma de relação do homem com o mundo. Protege contra a angustia e, ao mesmo tempo exprime-a. «Eu rio-me com o velho maquinista Destino», escreve Vítor Hugo, que fixa em fórmulas imortais a ambiguidade do riso. O século XIX acaba com uma apoteose do riso e do nonsense. A partir de então, o mundo vai escarnecer de tudo, dos seus deuses como dos seus demónios.

As lágrimas de Heráclito e o riso de Demócrito

A lenda histórica diz-nos que o filósofo Demócrito (sec. V a.C.) se ria sem cessar, ao passo que o seu contemporâneo Heraclito de Éfeso era visto a chorar continuadamente, circunstâncias essas que eram normalmente interpretadas como sendo uma viva ilustração do nosso mundo, e motivo por que nos interrogamos ainda hoje se devemos chorar ou rir do mundo.Ou seja, o que será mais razoável: o riso de Demócrito, que zombava de tudo, ou o pranto de Heráclito, que por tudo chorava?

Demócrito, de quem não se conservou qualquer texto original, segundo a lenda, ria-se sobretudo da estupidez humana e, por isso, autores romanos como Horácio utilizam a sua figura para criticar os seus contemporâneos e dizem que o filósofo se teria rido à gargalhada deles.

O riso de Demócrito pode ser visto de duas maneiras: por um lado, expressa uma decepção perante a condição humana e, nesse sentido, seria uma variante do pranto de outro filósofo, Heraclito; por outro lado, o riso de Demócrito tem um aspecto afirmativo que mostra que, apesar de toda sua decepção perante a humanidade, o filósofo grego não estava disposto a renunciar a gozar a vida.

Diferentemente de Demócrito, para quem o riso e o humor pareciam ser um a atitude vital, Diógenes o Cínico, acérrimo rival de Platão, utilizava esses dois elementos como armas críticas. Os alvos de Diógenes eram as cidades gregas e os costumes dos seus habitantes, o poder político e, acima de tudo, a doutrina platónica.
Platão quis efectivamente desterrar o riso ao ver o hábito de rir como uma manifestação de arrogância, muitas vezes injustificada. Rabelais, por sua vez, via o riso como o melhor que há no ser humano. Kant via no humor um sintoma de argúcia e inteligência, e concebia o riso como uma consequência de uma tensão que se dilui subitamente quando entra em jogo algo absurdo e incoerente.

À teoria do riso como expressão de um sentimento de superioridade e da gargalhada em consequência de uma incoerência, aparece uma outra teoria, centrada na ideia do contraste que, com diferentes matizes, representam Arthur Schopenhauer, Soren Kierkegaard e Henri Bergson, entre outros.

O riso materialista é aquele que se ri dos temores, das superstições e até dos valores seguidos pela humanidade. É o riso de filósofos como Demócrito, Epicuro, Spinoza, Rabelais, La Mettrie, etc. Um riso que humaniza e nos aproxima uns dos outros.

O riso é necesário, indispensável mesmo. Mas o riso tanto pode ser a expressão de um prazer, como um máscara que assumimos. Diz-se por exemplo que os profissionais, que fazem rir os outros, são pessoas desesperadas.


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Em 1674, na corte da Rainha Cristina da Suécia, em Roma, o padre Antônio Vieira profere - em italiano - um discurso em que defende o pranto de Heráclito em contraposição ao riso de Demócrito. Traduzido mais tarde para o português, As Lágrimas de Heráclito passaria a integrar as principais edições das obras de Vieira.


«Demócrito ria, porque todas as coisas humanas lhe pareciam ignorâncias; Heraclito chorava, porque todas lhe pareciam misérias: logo maior razão tinha Heraclito de chorar, que Demócrito de rir; porque neste mundo há muitas misérias que não são ignorâncias, e não há ignorância que não seja miséria».

(…)

«Há chorar com lágrimas, chorar sem lágrimas e chorar com riso: chorar com lágrimas é sinal de dor moderada, chorar sem lágrimas é sinal de maior dor; e chorar com riso é sinal de dor suma e excessiva... »
Padre António Vieira - O Pranto e o Riso ou as Lágrimas de Heráclito


Discurso integral do Padre António Vieira,
em Roma no ano de 1674,
a convite da Rainha Cristina da Suécia



Se o mundo é mais digno de riso ou de pranto, e se à vista do mesmo mundo tem mais razão quem ri, como Demócrito, ou quem chora, como chorava Heraclito, eu pretendo defender a parte do pranto.
Confesso que a primeira propriedade do riso é o risível; e digo que a maior impropriedade da razão é o riso.
O riso é o final do racional; o pranto é o uso da razão.
Quem conhece verdadeiramente o mundo, precisamente há-de chorar; e quem ri, ou não chora, não o conhece.
Que é este mundo senão um mapa universal de misérias, de trabalhos, de perigos, de desgraças, de mortes?
E à vista deste teatro imenso, tão trágico, tão lamentável, que homem haverá (se acaso é homem) que não chore?
Se não chora, mostra que não é racional, e se ri, mostra que também as feras são capazes de rir.
Mas se Demócrito era um homem tão grande entre os homens, e um filósofo tão sábio, e se não via este mundo, mas tantos outros mundos por si inventados como poderia rir?
Poderá dizer-se que ele não ria deste mundo, mas daqueles seus mundos.
E com razão; porque a matéria de que eram compostos os seus mundos imaginados, toda era de riso.
É certo porém, que ele ria neste mundo e que se ria deste mundo. Como pois se ria ou podia rir-se Demócrito do mesmo mundo e das mesmas coisas que via e chorava Heraclito?
A mim, senhores, me parece que Demócrito não ria, mas que Demócrito e Heraclito ambos choravam, cada uma seu modo.
Que Demócrito não risse, eu o provo.
Demócrito ria sempre, logo, nunca ria.
A sequência parece difícil, mas é evidente.
O riso, como ensinam todos os filósofos, nasce da novidade e da admiração; e cessando a novidade e a admiração, cessa também o riso.
Por isso, quando vemos uma figura ridícula, ou então ouvimos algum dito engraçado e faceiro, rimos de princípio, mas uma vez dada razão àquela primeira surpresa, uma vez que cesse a novidade, cessa ao mesmo tempo o riso; e como Demócrito se ria dos ordinários desconcertos do mundo e o que quando sai de casa rindo, sendo sem controvérsia, já que o que é comum e vulgar não pode causar nenhuma admiração nem novidade, depreende-se, como consequência, que, se ria sempre, nunca ria, e aquilo que parecia, de facto não era riso.
Há chorar de lágrimas, chorar sem lágrimas e ainda chorar com riso.
Chorar com lágrimas é sinal de dor moderada; chorar sem lágrimas é sinal de maior dor; e chorar com riso é sinal de dor suprema e excessiva.
A dor moderada solta as lágrimas, a grande dor as enxuga e as seca.
Dor que pode sair pelos olhos, não é grande dor; por isso não chorava Demócrito.
E como era pequena demonstração da sua dor, não só chorar com lágrimas, mas ainda sem elas, para declarar-se com o sinal maior, sempre se ria.
Desta sorte a tristeza, se moderada, faz chorar, se excessiva, pode fazer rir.
Se a excessiva alegria é causa de pranto, a excessiva tristeza não será causa de riso?
Na guerra morrem muitos soldados rindo e a razão é, diz Aristóteles, porque são feridos no diafragma.
Não se ria Demócrito, como contente, ria como ferido.
Os olhos poderão queixar-se desta minha filosofia mas, acho eu, sem razão, pois o pranto vem da dor provocada pelo batimento nas mãos e, se se reflectir, vê-se que os olhos não são necessários à capacidade de falar.
E se choram as mãos por que não há-de a boca chorar?
Heraclito chorava com os olhos; Demócrito chorava com a boca; o pranto dos olhos é mais fino; o da boca mais mordaz.
Demócrito ria porque todas as coisas humanas lhe pareciam ignorâncias; Heraclito chorava porque todas lhe pareciam misérias; logo, tinha mais razão Heraclito para chorar do que Demócrito para rir, porque neste mundo há muitas misérias que não são ignorâncias e não há ignorância que não seja miséria.
E como nem todas as misérias são ignorâncias e todas as ignorâncias são misérias, razão tinha Heraclito de chorar que Demócrito de rir, antes digo, que só Heraclito tinha toda a razão e Demócrito nenhuma.

O entrudo chocalheiro com o diabo e os caretos à solta no carnaval de Podence




Caretos de Podence






Em Podence, próximo a Macedo de Cavaleiros (Bragança), durante o Carnaval há chocalhos, que são pendurados pela cintura dos Caretos, vestidos com cores vivas, e que dançam a tradicional dança do chocalhar, uma representação do diabo assediando as mulheres, invadindo adegas e casas, e cometendo todo o tipo de excessos.

Os Caretos de Podence estão a elaborar, conjuntamente com a Galiza, uma candidatura a Património Cultural Imaterial Galego-Português.

http://caretosdepodence.no.sapo.pt/

4.2.08

Carnaval na Mouraria!

Clicar por cima da imagem para ler em pormenor


Para quem não vai a lado nenhum, para quem não sabe de que se disfarçar, para quem sempre que se disfarça ninguém adivinha de que é, para quem nem sequer sabe o que é carnaval, mas quer aprender, Há Carnaval na Mouraria!

Há jantar (vegan), teatro, oficinas, concerto(s), tanta coisa que não cabe aqui.

Para compreender o afundamento do dólar, da economia norte-americana e a impotência de Bush para resolver a crise financeira

O texto que se segue encontra-se em http://resistir.info/

A armadilha do dólar de Bush

por Dave Lindorff [*]

A primeira resposta do governo ao afundamento da economia dos Estados Unidos foi a negação. Ainda há um mês atrás responsáveis da administração e charlatães da Wall Street diziam-nos que a economia estava robusta e que não haveria uma recessão. Agora dizem-nos que a economia está em perturbação, mas que o governo está a tomar acções decisivas para escorá-la.

Nós vimos quão efectiva era a primeira proposta "decisiva". Bush anunciou um plano para dar a todo contribuinte adulto (não pessoas pobres, obrigado) US$800 em deduções fiscais no próximo mês de Abril. O mercado de acções respondeu a esta ideia caindo uns poucos por cento. A ideia, como escrevi na minha última coluna, era estúpida desde o início porque, com os EUA a já não produzirem muito seja do que for, de qualquer modo todos aqueles bónus de dinheiro emprestado acabariam por ser gastos com bens importados, pouco fazendo para a economia estado-unidense.

Agora o Federal Reserve avançou com um corte de ¾ por cento na taxa dos Fundos Federais. Mesmo considerando que bancos comerciais façam o mesmo, reduzindo a taxa básica (prime lending rate) uns ¾ semelhantes, o mercado de acções mostrou quanto faria tal movimento caindo quase 300 pontos no momento em que tocou o sino de abertura – aproximadamente o mesmo que se esperava acontecer sem um corte na taxa de juro.

Contudo, houve um lugar onde a acção do Fed teve um impacto: o valor de troca do dólar nos mercados estrangeiros de divisas. Mal foi ouvido o anúncio do corte na taxa de juro, o dólar caiu contra as divisas principais como a Libra britânica, o Euro e o Yen japonês.

Aí é que são elas. O Fed está numa armadilha. Ele não pode cortar taxas de juros muito mais sem provocar um colapso no dólar, o qual, devido ao enorme desequilíbrio comercial dos EUA, e todos aqueles bens de consumo e matérias-primas – especialmente petróleo – que são importados – conduziria a uma inflação séria e politicamente perigosa. E há um outro constrangimento com a actual taxa de juro: os EUA agora têm a terceira mais baixa taxa de juro do mundo. Se o Fed fizer um outro corte, como tem sugerido poder fazer em uma ou duas semanas, apenas o Japão teria um ambiente com taxa de juro mais baixa do que os EUA. Isto torna o dólar uma divisa muito indesejável para investidores estrangeiros, o que significa que eles não desejarão possuir dólares e que não desejarão possuir acções estado-unidenses.

Mas se o Fed não cortar ainda mais nas taxas de juro, o mercado de acções continuará a mergulhar, o que mais uma vez desencoraja investidores estrangeiros de despejarem o seu dinheiro para dentro dos EUA, o que por sua vez coloca uma pressão baixista sobre o dólar.

Isto era tudo previsível.

Uma economia que está quase totalmente dependente dos gastos do consumidor, o que é o caso nos EUA, fica em grande perturbação quando os consumidores começam a preocupar-se acerca da segurança dos seus empregos, e quando vêm a inflação a comer o seu rendimento disponível. Eles naturalmente simplesmente param de gastar. E isto também está a acontecer.

Assim, prepare-se para uns tempos económicos difíceis. O próximo passo será inflação ascendente, quando companhias atadas à China, Índia e alhures começarem a aumentar os seus preços para bens despachados para os EUA e pagos em dólares. Então o Fed terá de responder elevando taxas de juro outra vez, num esforço para escorar a divisa. E com aquilo desencadeará recessão mais profunda e um mercado de acções ainda mais baixo.

Os medos de Bush – défices infindáveis tanto quanto se pode ver, e uma derrota militar de US$ 2 milhões de milhões (trillion) sem fim à vista e que está a sugar dinheiro para fora do país como um gigantesco aspirador de pó industrial – começam a concretizar-se. O presidente e o vice-presidente esperavam claramente que pudessem passar a ruína dos seus oito anos no gabinete e correr para o retiro e o status de estadista sénior antes de isto tudo explodir, mas a sua sorte fugiu. A merda económica foi espalhada frente à ventoinha. As probabilidades são de que a guerra que eles tentaram esconder no armário com um "aumento disfarçado" ("surge") de tropas e uma campanha brutal de bombardeamento aéreo também explodirão sobre eles antes que o ano acabe.

Isto é de pouco consolo para todos nós que temos de viver com os desastres a seguir, mas pelo menos – se pudermos vê-los adequadamente impedidos (impeached) e indicíados, e se os Democratas no Congresso não estragarem as coisas de modo a que também possam ser culpabilizados pela confusão – em Janeiro próximo teremos a satisfação de ver Bush e Cheney expulsos da cidade.

[*] Autor de Killing Time: An Investigation into the Death Row Case of Mumia Abu-Jamal , Marketplace Medicine: The Rise of the For-Profit Hospital Chains e "This Can't be Happening!". Seu livro mais recente é The Case for Impeachment: The Legal Argument for Removing President George W. Bush from Office , em co-autoria com Barbara Olshansky.


O original encontra-se em



The Bush Dollar Trap
By DAVE LINDORFF

The first government response to America's sinking economy was denial. We were told as recently as a month ago by administration officials and Wall Street charlatans that the economy was robust and that there would not be a recession. Now we are told that the economy is in trouble, but that the government is taking decisive action to shore it up.
We saw how effective the first "decisive" proposal was. Bush announced a plan to give every adult taxpayer (no poor people, thank you) $800 in a tax rebate this April. The stock market responded to this idea by dropping a few percent. The idea, as I wrote in my last column, was stupid to begin with because, with the US no longer producing much of anything, all that bonus borrowed cash would end up getting spent on imported goods anyhow, doing next to nothing for the US economy.
So now the Federal Reserve has weighed in with a 3/4 percent cut in the Federal Funds rate. Even though commercial banks followed suit, lowering the prime lending rate by a similar 3/4 percent, the stock market showed how much good that move would do, dropping almost 300 points at the opening bell today--about what it had been expected to do even without an interest-rate cut.
There was one place where the Fed's action did have an impact though: the exchange value of the dollar in foreign currency markets. No sooner was word of the interest rate cut announced, than the dollar fell against major currencies like the British Pound, the Euro and the Japanese Yen.
And there's the rub. The Fed is in a trap. It cannot cut interest rates much more without causing a collapse in the dollar, which, because of the huge US trade imbalance, and all those consumer goods and raw materials--especially oil--that are imported--would lead to serious and politically dangerous inflation. And there is another constraint: with the current rate cut, the US now has the third lowest interest rates in the world. If the Fed makes another cut, as it has hinted it might in a week or so, only Japan would have a lower interest rate environment than the US. That makes the dollar a very undesirable currency for foreigner investors, which means they won't want to hold dollars, and they won't want to hold US stocks.
Yet if the Fed doesn't cut interest rates even further, the stock market will continue to plunge, which again discourages foreign investors from pouring their money into the U.S., which in turn puts downward pressure on the dollar.
This was all predictable.
An economy that is almost wholly dependent on consumer spending, which is the case in the US, is in big trouble when consumers start to worry about the security of their jobs, and when they see inflation eating away at their disposable income. They naturally just stop spending. And that is happening, too.
So get ready for some hard economic times. The next step will be soaring inflation, as strapped companies in China, India and elsewere start raising their prices for goods shipped to the US and paid for in dollars. Then the Fed will have to respond by raising interest rates again, in an effort to shore up the currency. And with that will come deeper recession and an even lower stock market.
The Bush chickens--endless deficits as far as the eye can see, and a $2-trillion military debacle that has no end in sight and that is sucking money out of the country like a giant industrial vacuum cleaner--are coming home to roost. The President and Vice President clearly hoped that they could pass the wreckage of their eight years in office on to the next president and run off to retirement and senior stateeman status before it all blew up, but their luck ran out. The economic shit has hit the fan. Chances are that the war that they have tried to tuck away in the closet with a "surge" in troops and a brutal campaign of aerial bombardment, will also blow up on them before the year is out.
That's small consolation for all of us who have to live with the ensuing disasters, but at least--if we can't see them properly impeached and indicted, and if the Democrats in Congress don't manage to screw things up further so they can be blamed for the mess too--we'll have the satisfaction of seeing Bush and Cheney run out of town next January on a rail.

Dave Lindorff is the author of Killing Time: an Investigation into the Death Row Case of Mumia Abu-Jamal. His n book of CounterPunch columns titled "This Can't be Happening!" is published by Common Courage Press. Lindorff's newest book is "The Case for Impeachment", co-authored by Barbara Olshansky.

He can be reached at: dlindorff@yahoo.com

Exibição do filme VICAM - Encontro dos Povos Indigenas das Américas ( no dia 8 de Fevreiro, às 21h. na Fábrica de Braço de Prata)


Exibição do filme VICAM - Encontro dos Povos Indigenas das Américas
Seguido de debate.

Sexta-feira 8 de Fevereiro 21 h

Fábrica de Braço de Prata
Rua da Fábrica do Material de Guerra (junto ao Largo do Poço do Bispo)

Transporte: Autocarros 28, 718, 755 e 210 (saída no Largo do Poço Bispo); Autocarros 81 e 82 (saída Av. Infante D. Henrique)

Sessão organizada pela Tertúlia Liberdade.


Filme inédito em Portugal, realizado no México, em Outubro do ano passado, num encontro no território do povo Yaqui. Testemunhos de luta e resistência cultural. Mensagens da luta por “um mundo sem dominantes nem dominados, um mundo sem capital, um mundo melhor”. Sinais de esperança e rebeldia apelando à resistência global.

http://tertulialiberdade.blogspot.com/

e-mail: tertúlia.liberdade@yahoo.com


Sinopse do filme - Vicam

O filme «Vicam» documenta o Encontro dos Povos Indígenas da América que se realizou em Outubro de 2007 na localidade do mesmo nome, território do povo Yaque, no México. Inédito em Portugal e realizado por um participante que quis permanecer anónimo, o contraponto entre a força das ideias e a simplicidade dos meios, fez nascer um documentário cheio de originalidade e riqueza humana organizado como se de um bloco de apontamentos se tratasse.

Em cerca de hora e meia, desfilam no écran, testemunhos de luta e resistência cultural numa sucessão em que se alternam depoimentos, música e danças tradicionais dos povos, nações e tribos indígenas da América.

A mensagem de luta por «um mundo sem dominantes e dominados, um mundo sem capital, um mundo melhor» marca a parte final do filme, o comício de encerramento do encontro. A leitura das conclusões e o discurso do Subcomandante Insurgente Marcos são sinais de esperança e também de rebeldia apelando à resistência global.

Filme não legendado – falado em castelhano com alguns depoimentos em inglês.

Antígona, a peça de Sófocles, está em cena pelo grupo de teatro A Barraca


Uma peça sobre o conflito que opõe Antígona ao poder autoritário

Ler um texto sobre Antígona já publicado neste blogue: aqui



A profundidade de Sófocles a analisar problemas como a fractura entre a lei natural e a lei do estado. A contradição entre a Justiça e a Lei, a tirania que se serve de decretos casuísticos para fundamentar e apoiar a sua “vontade de poder” e a desobediência de quem se torna intolerante perante o domínio do arbitrário transformado em lei, fazem de Antígona o texto mais exemplar e duradouro da tragédia grega.

Consultar:
www.abarraca.com/info/emcenaantigona.html

Luz de Antígona ( texto de Maria do Céu Guerra)


Vinte e seis séculos depois da sua criação, “Antígona” de Sófocles ainda ilumina o nosso tempo. Estreada no século de Péricles quando em Atenas se inventava e se levava à prática a construção da primeira democracia da História, Antígona é elevada a mito pelo seu autor a partir de meia dúzia de linhas da Ilíada e de Esquilo. Sófocles quis deixar-nos uma história de proveito e exemplo. E por isso deixou-nos nas suas obras do ciclo Tebano o itinerário de Antígona paradigma de amor filial, fraternal, de resistência ao autoritarismo, de cumprimento da Justiça e da lei natural.
Sófocles, como Péricles, como Fídias, como Sólon, quiseram, no seu tempo de vida, deixar claros os fundamentos e a lei com que devia reger-se uma sociedade democrática, equilibrada, feliz e por isso duradoura e resistente. A sua Atenas não era uma utopia, pois, ainda que por pouco tempo, ela existiu. Mas passou a sê-lo para os vindouros. E Sófocles deixou-nos nesta peça-lição, lida diferentemente ao longo dos séculos, o exemplo da cidade negra onde se conflituam, sublimes ou baixos comportamentos, caracteres e destinos a evitar.
Nunca um autor se deixou tão presente distribuindo-se nas personagens do seu drama. Porque Sófocles é Creonte no que ele tem de defensor da cidade, é Antígona no que ela tem de resistente à tirania e arbitrariedade e de defensora da lei que aprendeu a respeitar como justa, e é principalmente Hémon quando este é capaz de confrontar o pai com a discricionariedade com que ele vive o exercício do poder e quando sintetiza em três frases a essência do poder absoluto, e é Tirésias quando antevê a desgraça do que a injustiça de Creonte irá trazer de volta à sua cidade: a Guerra, o Caos. E é também, ainda que a meu ver, menos, o Coro que à maneira ocidental vê, ouve, lê, não ignora, mas aceita viver dentro de parâmetros que o paralisam para além do seu direito de usar a palavra e deixar acontecer.


Ao longo da História Antígona foi lição e luz. No tempo da construção do Estado-Nação, Antígona e Creonte foram vistos como opositores iguais na dicotomia Família / Estado, chegando Hegel a considerar Creonte uma figura da mesma qualidade da sua antagonista. Eram extremos opostos que personificavam um conflito que era preciso superar. Outra leitura faz Brecht que vê nela uma heroína pacifista. E por aí fora Antígona foi paradigma da luta anti-nazi, resistente contra a ocupação, paradigma feminista, reflexão sobre a Lei e a Justiça. Foi à volta desta última leitura que me apeteceu reflectir sobre esta tragédia porque afinal, como é possível vivermos pacífica e passivamente sob o domínio da fractura entre a Justiça (Dike) e a Lei (Nomos) onde todos os dias regulamentar é legislar contra a Lei. Todos os dias se emendam constituições, sempre ao arrepio do bom impulso que as fez nascer. Todos os dias se editam despachos normativos e decretos que corrigem na especificidade leis mais amplas e generosas, porque elas atrapalham o interesse dos mais poderosos. Todos os dias sob a capa dos direitos humanos se impõe ao mundo uma regra de eleições “democráticas” como a única maneira de chegar à legalidade que, depois não serve, quando quem ganha são os “inconvenientes”, caso do Hamas, da Fretilin, etc, etc. Todos os dias milhões de juristas trabalham nessa fractura entre a Justiça e a Lei para, por dinheiro, conseguirem defender os crimes dos seus clientes.


Antígona defende a Justiça (religiosa ou laica) contra um decreto que, publicado no rescaldo de uma guerra, não é mais do que uma demonstração da capacidade de instalar o terror obediente que, segundo Creonte, salvará a cidade. E morre por isso. Última herdeira de uma família maldita (Ismena, a irmã perde, por obediência, a Eternidade), ela nem por um momento, mesmo diante da morte que receia como todos os heróis antes do sacrifício, recua nas suas convicções. Por isso os séculos fizeram dela a heroína. E por isso Sófocles dá o seu nome à peça.


Não me perguntem onde se passa o meu espectáculo. Passa-se num pequeno país injusto chamado Mundo, onde os tempos e as referências se misturam. Onde há militares a usarem da sua força desmedidamente, onde há gente a correr atrás das macas dos seus mortos, e mortos aos milhares sem sepultura, onde há homens assassinados (príncipes enfurecidos) por quererem voltar às suas terras e casas que lhes estão vedadas contra toda a lei. E nós no meio deles. Nós, um coro de bem intencionados, nós que não gostamos de “matar galinhas, mas que gostamos de comer galinha”. Nós de sobretudo, não vá o frio desabrigar-nos, paralisados, porque não queremos incorrer no excesso, mas que, e mais uma vez como a nossa “grega” Sophia escreveu, “vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar”.
Maria do Céu Guerra

Horários:
5ª a sábado às 21h30
Domingo às 16h00
M/12

Ficha Artística e Técnica
Texto de Sófocles
Espectáculo de Maria do Céu Guerra
versão da responsabilidade de Maria do Céu Guerra, a partir da tradução de
Maria Helena da Rocha Pereira
Cenografia de Carlos Amado sob Consultoria de Lagoa Henriques

Elenco: Rita Lello (Antígona), José Medeiros (Creonte), João D’Ávila, Jorge Gomes Ribeiro, Maria do Céu Guerra, Mariana Abrunheiro, Rita Fernandes, Pedro Borges, Ruben Garcia, Sérgio Moras, Tiago Cadete
Grupo Abadá-Capoeira: Adriano (Sossego), Daniel Botelho (Alf), Diogo Ferrasso (Mister), Geovasio Silva (Dinho), Jadei (Magrão), Rodoval Ruas (Chá Preto), Yuri Buba (Kalu)




3.2.08

Excertos eloquentes do Sermão de Santo António aos Peixes a propósito do 400º aniversário do Padre António Vieira

«A maldade é comerem-se os homens uns aos outros, e os que a cometem são os maiores, que comem os pequenos»
Pe António Vieira


«…a plebe e os plebeus, que são os mais pequenos, os que menos podem e os que menos avultam na república, estes são os comidos. (…) Porque os grandes que têm o mando das cidades e das províncias, não se contenta a sua fome de comer os pequenos um por um, ou poucos a poucos senão que devoram e engolem os povos inteiros»
Pe António Vieira


«….os pequenos. São o pão quotidiano dos grandes; e assim como o pão se come com tudo, assim com tudo e em tudo são comidos os miseráveis pequenos, não tendo nem fazendo ofício em que os não carreguem, em que os não multem, em que os não defraudem, em que os não comam, traguem e devorem»
Pe António Vieira


«Parece-vos bem isto, peixes? Representa-se-me que com o movimento das cabeças estais todos dizendo que não, e com olhardes uns para os outros, vos estais admirando e pasmando de que entre os homens haja tal injustiça e maldade! Pois isto mesmo é o que vós fazeis. Os maiores comeis os pequenos; e os muito grandes não só os comem um por um, senão os cardumes inteiros, e isto continuamente sem diferença de tempos, não só de dia, senão também de noite, às claras e às escuras, como também fazem os homens. »
Pe António Vieira
A propósito do 400º aniversário do Padre António Vieira que será assinalado ao longo de todo este ano, já que aquela figura histórica nasceu a 6 de Fevereiro de 1608 em Lisboa, ocorre-nos reproduzir aqui alguns excertos do célebre Sermão de Santo António aos Peixes que foi pregado na igreja de São Luís, na véspera do seu embarque para Lisboa que se deu a 14 de Junho de 1654, viagem essa que se destinava a convencer D. João IV a aprovar uma legislação justa para os índios.
Apesar de sempre ter gravitado em torno do rei e da corte, importa lembrar que o Padre António Vieira se revelou como um persistente defensor dos grupos que na época eram os mais perseguidos: os índios brasileiros e os judeus.
Além disso, e não obstante a sua condição de religioso, os seus múltiplos textos mostram-no um ardente simpatizante das profecias do sapateiro de Trancoso, o célebre Bandarra, e que fizeram do Padre António Vieira uma viva ilustração do milenarismo utópico e universalista que se batia contra as injustiças sociais e o abastardamento e a corrupção das instituições vigentes.

E é justamente para criticar e censurar os vícios que alastravam nas sociedades humanas que o Padre António Vieira sente necessidade de pregar, dirigindo um sermão aos peixes, uma vez que os homens não dão ouvidos às suas palavras de denúncia e crítica.
Um dos vícios que é alvo da sua censura é o dos «peixes» se comerem uns aos outros, principalmente quando os grandes comem os pequenos.

http://www.anovieirino.com/

Excertos do Sermão de Santo António aos Peixes

A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande. Olhai como estranha isto Santo Agostinho: Homines pravis, praeversisque cupiditatibus facti sunt, sicut pisces invicem se devorantes: «Os homens com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes, que se comem uns aos outros.» Tão alheia cousa é, não só da razão, mas da mesma natureza, que sendo todos criados no mesmo elemento, todos cidadãos da mesma pátria e todos finalmente irmãos, vivais de vos comer! Santo Agostinho, que pregava aos homens, para encarecer a fealdade deste escândalo, mostrou-lho nos peixes; e eu, que prego aos peixes, para que vejais quão feio e abominável é, quero que o vejais nos homens.
Olhai, peixes, lá do mar para a terra. Não, não: não é isso o que vos digo. Vós virais os olhos para os matos e para o sertão? Para cá, para cá; para a cidade é que haveis de olhar. Cuidais que só os Tapuias se comem uns aos outros? Muito maior açougue é o de cá, muito mais se comem os Brancos. Vedes vós todo aquele bulir, vedes todo aquele andar, vedes aquele concorrer às praças e cruzar as ruas; vedes aquele subir e descer as calçadas, vedes aquele entrar e sair sem quietação nem sossego? Pois tudo aquilo é andarem buscando os homens como hão-de comer e como se hão-de comer. Morreu algum deles, vereis logo tantos sobre o miserável a despedaçá-lo e comê-lo. Comem-no os herdeiros, comem-no os testamenteiros, comem-no os legatários, comem-no os credores; comem-no os oficiais dos órfãos e os dos defuntos e ausentes; come-o o médico, que o curou ou ajudou a morrer; come-o o sangrador que lhe tirou o sangue; come-a a mesma mulher, que de má vontade lhe dá para a mortalha o lençol mais velho da casa; come-o o que lhe abre a cova, o que lhe tange os sinos, e os que, cantando, o levam a enterrar; enfim, ainda o pobre defunto o não comeu a terra, e já o tem comido toda a terra.
Já se os homens se comeram somente depois de mortos, parece que era menos horror e menos matéria de sentimento. Mas para que conheçais a que chega a vossa crueldade, considerai, peixes, que também os homens se comem vivos assim como vós. Vivo estava Job , quando dizia: Quare persequimini me, et carnibus meis saturamini? «Porque me perseguis tão desumanamente, vós, que me estais comendo vivo e fartando-vos da minha carne?» Quereis ver um Job destes?
Vede um homem desses que andam perseguidos de pleitos ou acusados de crimes, e olhai quantos o estão comendo. Come-o o meirinho, come-o o carcereiro, come-o o escrivão, come-o o solicitador, come-o o advogado, come-o o inquiridor, come-o a testemunha, come-o o julgador, e ainda não está sentenciado, já está comido. São piores os homens que os corvos. O triste que foi à forca, não o comem os corvos senão depois de executado e morto; e o que anda em juízo, ainda não está executado nem sentenciado, e já está comido.
E para que vejais como estes comidos na terra são os pequenos, e pelos mesmos modos com que vós comeis no mar, ouvi a Deus queixando-se deste pecado: Nonne cognoscent omnes, qui operantur iniquitatem, qui devorunt plebem meam, ut cibum panis? «Cuidais, diz Deus, que não há-de vir tempo em que conheçam e paguem o seu merecido aqueles que cometem a maldade?» E que maldade é esta, à qual Deus singularmente chama maldade, como se não houvera outra no Mundo? E quem são aqueles que a cometem? A maldade é comerem-se os homens uns aos outros, e os que a cometem são os maiores, que comem os pequenos: Qui devorant plebem meam, ut cibum panis. Nestas palavras, pelo que vos toca, importa, peixes, que advirtais muito outras tantas cousas, quantas são as mesmas palavras. Diz Deus que comem os homens não só o seu povo, senão declaradamente a sua plebe: Plebem meam, porque a plebe e os plebeus, que são os mais pequenos, os que menos podem e os que menos avultam na república, estes são os comidos. E não só diz que os comem de qualquer modo, senão que os engolem e os devoram: Qui devorant. Porque os grandes que têm o mando das cidades e das províncias, não se contenta a sua fome de comer os pequenos um por um, ou poucos a poucos senão que devoram e engolem os povos inteiros: Qui devorant plebem meam. E de que modo os devoram e comem? Ut cibum panis: não como os outros comeres, senão como pão. A diferença que há entre o pão e os outros comeres, é que para a carne, há dias de carne, e para o peixe, dias de peixe, e para as frutas, diferentes meses no ano; porém o pão é comer de todos os dias, que sempre e continuadamente se come: e isto é o que padecem os pequenos. São o pão quotidiano dos grandes; e assim como o pão se come com tudo, assim com tudo e em tudo são comidos os miseráveis pequenos, não tendo nem fazendo ofício em que os não carreguem, em que os não multem, em que os não defraudem, em que os não comam, traguem e devorem: Qui devorant plebem meam, ut cibum panis. Parece-vos bem isto, peixes? Representa-se-me que com o movimento das cabeças estais todos dizendo que não, e com olhardes uns para os outros, vos estais admirando e pasmando de que entre os homens haja tal injustiça e maldade! Pois isto mesmo é o que vós fazeis. Os maiores comeis os pequenos; e os muito grandes não só os comem um por um, senão os cardumes inteiros, e isto continuamente sem diferença de tempos, não só de dia, senão também de noite, às claras e às escuras, como também fazem os homens.

(…)
os maiores que cá foram mandados, em vez de governar e aumentar o mesmo Estado, o destruíram; porque toda a fome que de lá traziam, a fartavam em comer e devorar os pequenos.

Manifestação regicida em Lisboa ( 1 de Fevereiro de 2008)


Para comemorar essa grande data da história da luta pela liberdade em Portugal, que foi o regicídio levado a cabo em 1908 por Alfredo da Costa e Manuel Buíça, e para honrar a memória daqueles que praticaram tamanho acto de libertação pagando pelo mesmo com as próprias vidas, realizou-se uma manifestação em Lisboa na tarde de 1 de Fevereiro.

Pelas 17.30, enquanto se realizava uma concentração monárquica no Terreiro do Paço, cerca de 30 pessoas irromperam pela dita praça , empunhando bandeiras negras e três faixas onde se podia ler


“O rei morreu. Viva o Costa”
“O rei morreu. Viva o Buíça”
“Xeque Mate”.


Foram gritadas palavras de ordem como


“Buíça está vivo nos nossos corações. Nem Rei. Nem Deus. Nem Pátria. Nem Patrões”
“Passaram cem anos desde o regicídio. Para os próximos governantes recomendamos o suicídio”
“Nem República, nem Monarquia. Morte ao Estado e viva a Anarquia”.


Após alguns minutos de permanência no Terreiro do Paço, como estávamos a estragar a festa de glorificação dos opressores do povo e de apagamento da memória das lutas sociais em Portugal, um grupo de polícias abordou a manifestação, dizendo que não podíamos estar ali “a provocar” e logo tratando de tentar apreender as faixas. Firmes no propósito que ali nos levava, não deixámos que nos tirassem as faixas e gritámos ainda com mais ânimo. Retirámos então em bloco do Terreiro do Paço e percorremos a Rua Augusta até ao Rosssio.

Terminámos o percurso no Rossio, em frente ao Café Gelo, local de encontro e conspiração dos revolucionários de há cem anos, em frente do qual afixámos duas faixas, após o que a manifestação dispersou.

Via http://redelibertaria.blogspot.com/

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Foi entretanto divulgado um folheto assinado por um grupo intitulado «Os Amig@s de Buíça e Costa» em homenagem a Alfredo da Costa e Manuel Buíça, que deram a vida pela causa da Liberdade e que pode ser lido aqui

«Sou pelas greves como sou por todos os métodos de resistência utilizados pelos fracos, pelos oprimidos, em defesa dos seus legítimos interesses (...). O meu ódio maior, a minha mais viva repulsa, dirigem-se aos patrões burgueses que nos exploram e que sem altivez servimos.» Alfredo Costa, segundo Aquilino Ribeiro (Um Escritor Confessa-se, Lisboa, 1974, p. 361)

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Movimento dos trabalhadores desempregados vai manifestar-se a 7 de Fevereiro em Setúbal

O Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) marcou para 7 de Fevereiro uma acção de protesto junto ao Centro de Emprego de Setúbal.

Esta medida surge na sequência de uma reunião que teve lugar passada semana para analisar a problemática do desemprego, num distrito fortemente afectado por este flagelo. Foram debatidos os impactos das novas leis laborais e sobretudo foi referido a importância de eleger a direcção regional de Setúbal do MTD.

Fonte: aqui

O casino de Chaves e a economia de casino

Usamos frequentemente a expressão «economia de casino». Com ela queremos normalmente caracterizar fenómenos como a financeirização da economia, as fortunas feitas na bolsa ou a especulação financeira desligada da economia real.

Mas a recente abertura de um casino em Chaves dá uma outra dimensão à expressão. Em dois anos, a fúria economicista do Governo mandou encerrar 50 escolas do 1º ciclo do ensino básico no concelho – mesmo criando um novo problema, reconhecido pela autarquia: a sobrelotação das 37 escolas existentes. A Maternidade pública fechou, mas um grupo de investidores já está a construir um hospital privado, mesmo ao lado do casino, com serviço de urgência 24 horas e maternidade, a inaugurar para o ano. Fala-se da possibilidade de encerrar o bloco operatório do Hospital Distrital durante a noite e de conceder a privados áreas como a medicina física e de reabilitação, as análises clínicas e a diálise. Os concelhos vizinhos da Régua, Alijó, Murça e Vila Pouca de Aguiar ficaram sem SAP. A agricultura é alvo da gula dos grandes interesses da Política Agrícola Comum. Os micro, pequenos e médios empresários tentam sobreviver à concorrência do lado de lá da fronteira - o IVA, 5% mais baixo em Espanha, arruina o comércio local.

Mas «Chaves abre as portas à diversão», como anuncia a publicidade do novo casino do Grupo Solverde. Que de resto também não faz cerimónia a explicar que o alvo não são propriamente as depauperadas populações de Trás-os-Montes e Alto Douro, mas antes os espanhóis, ali tão perto. A concessão de jogo ao Grupo Solverde é de 25 anos, o investimento de 40 milhões de euros e estão prometidos 220 postos de trabalho. 15% das receitas brutas do casino financiarão o turismo (que lhes trará mais jogadores), 1% irá para «entidades de relevância social» (a moderna forma da esmolinha ao pobre) e 4% para «requalificação ambiental» (que as autarquias da região já decidiram que servirá para pagar o aumento das taxas do lixo ao sistema multimunicipal).

O casino de Chaves e a realidade que o rodeia podiam servir de monumento à estratégia de desenvolvimento que o Governo do PS quer impor ao povo e ao país


Texto de Margarida Botelho retirado do jornal Avante

2.2.08

Acção de denúncia da precariedade foi realizada esta tarde no centro comercial Colombo pelos precários inflexíveis

Uma chuva de papelinhos de Carnaval com mensagens contra a precaridade no trabalho caiu no centro comercial Colombo em Lisboa.

A acção foi "reinvindicada" pelos Precários Inflexíveis, um colectivo que pretende chamar a atenção para a precariedade laboral, um problema que atinge cada vez mais portugueses.





Hoje à tarde houve festa no centro comercial Colombo, com papelinhos carnavalescos antiprecariedade.

http://www.precariosinflexiveis.blogspot.com/



O precariado está a acordar por aqui!


Notícia na RTP – aqui

Carnaval Animal no Bacalhoeiro( 4 Fevereiro, a partir das 21h)

Nota complementar e muito importante:

Pelas informações que nos chegaram o Bacalhoeiro foi obrigado a recolher os seus cartazes espalhados por Lisboa que anunciavam uma festa de Carnaval e onde se via um elemento da polícia de choque.
A este propósito transcrevemos o seguinte comentário:

«A razão apontada para a ordem de recolha dos cartazes é hilariante: violação da privacidade. Sim, o senhor da foto, apesar de estar em acção pública, tem direito constitucional a não ver a sua imagem divulgada.

Privacidade no país onde guardam a informação sobre a nossa utilização da internet e telefone durante um ano, no país onde Estado regista nomes e moradas de manifestantes e lhes tira fotos para mais tarde recordar.

Sim, rapidez e eficácia no país em que os homens de azul demoram horas a acorrer a uma queixa de violência doméstica (quando aparecem).»
(daqui)

http://bacalhoeiro.blog.com/


Rua dos Bacalhoeiros, 125 – 1º e 2º andar
Lisboa
Telef. 21 886 48 91
geral@bacalhoeiro.pt

O Bacalhoeiro é uma associação cultural criada em 2006.Tem como objectivo ajudar a criar uma rede de pessoas ligadas às artes e proporcionar um núcleo de expressão artística em Lisboa.Com uma programação variada que dedica um dia a cada disciplina artística, o Bacalhoeiro convida-te tanto a disfrutar do espaço como a mostrar o teu trabalho

Vai haver festa de Carnaval no 555 ( dia 4 à noite até ao romper do dia) e o peixinho da horta vai reabrir

O Peixinho da Horta vai butar a mascarilha e preparar uns pratos que vão ser uma maravilha!

Segunda-feira dia 4 a partir das 20:00h a peixaria tá pronta pa servir a iguaria, depois há festança na casa até ao romper do dia.

Apareçam mascarados e comam um rico jantar para ficarem pujantes e não pararem de bailar.

O Peixinho da Horta é um tasco vegan/vegetariano que aposta no consumo consciente, na comida góstózza e no consumo de binho com alguma moderação(se possivel). Quanto ao consumo consciente, o peixinho, opta pelas alternativas que contribuam para o bem estar humano, animal e ambiental. Para isso usa produtos de comércio justo, produtos de agricultura biológica (que por questões económicas aínda não são em maioria..), produtos artesanais, reutilização e reciclagem de materiais, tentando fugir a 7 pés das multinacionais e de grande parte dos produtores que não têm estas preocupações.


http://www.peixinhodahortavgt.blogspot.com/

O 555 é na Rua do Almada, nº 555
Porto

Jantar de amizade da Unicepe no próximo dia 6 com sermão de Santo António aos Peixes no 400º aniversário do Padre António Vieira

O próximo Jantar de Amizade da Unicepe, Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, CRL é no dia 6 de Fevereiro, próxima Quarta-feira, e servirá como homenagem a um grande vulto da história portuguesa, o Padre António Vieira, no dia em que se comemora o seu 400º aniversário.
JORGE LINO, um dos associados da cooperativa livreira pregará o SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO AOS PEIXES.
Contactos:
www.unicepe.com

Versos cantados em defesa do mercado do Bolhão

O Bolhão é nosso;
É nosso, e há-de ser;
O Bolhão é Nosso;
É Nosso até morrer!





Malhão

Ó Bolhão, Bolhão!
Que vida é a tua?

Se é pra vender
ó trim tim tim
vem lutar pra rua!

Ó Bolhão, Bolhão!
Que vida é a tua?

É pra preservar
ó trim tim tim
Ninguém o destrua.

Ó Bolhão, Bolhão!
Que vida é a tua?
Não é do Rui Rio
ó trim tim tim
é minha e é tua.

Ó Bolhão, Bolhão!
A alma do Porto

Centro Comercial
ó trim tim tim
é um Mercado Morto!




Canto ao Bolhão


OH MERCADO DO BOLHÃO, ) bis
ÀGUA O DEU DO CHÃO P’RA FORA )-
E NENHUM RIO PARVALHÃO )
TE HÁ-DE ARRUINAR AGORA ) -bis

I
Dizem que é o progresso
Que é grande evolução
Isto é mas é retrocesso )
E cega destruição ) -bis

II
Aqui a invicta cidade
Nunca passou tantos perigos
Cuidado! O Rio ‘inda há-de )
Vender a torre dos Clérigos ) -bis

III
Bolhão –mercado do povo
Dos pregões e vendedeiras!
Não mais um shopping novo )
Sem couves, tripas(*1) e alheiras ) -bis

IV
Bolhão das bancas abertas
E dos pregões convincentes
Grandes ganâncias despertas )
Aos tai$ que afiam os dentes ) -bis

V
E se eles afiam os dentes
É por causa salafrária
Que lhes põe as mãos tão quentes? )
Espéculação imobiliária! ) -bis

VI
Em vez do Bolhão do povo
Na baixa e zona central
Quer a Câmara um centro novo )
De lixo multinacional ) -bis

VII
E em vez das vendedeiras
E das pequenas lojinhas
Serão só” butiques” cheias )
De mil inúteis merdinhas ) -bis

VIII
Mas cá a gente do burgo
Que se impôs pelo Coliseu
VAI É MANDAR PASTAR O BURRO )
DO RIO PR’A LÁ DE VISEU (*2) ) -bis

IX
E este marco do Porto
Não deixemos destruir
O Bolhão não será morto )
Se nos soubermos unir! ) -bis


Zérpa –Jan.2008




Era sítio frequentado
por pobre ou remediado
por rico ou por meliante
E era natureza sua
o ser da gente da rua
o ser sítio cativante

Mas um dia os cifrões
mais gordos que os corações
para o mercado olharam
E um bando de bandalhos
torceram a rama aos alhos
e seu reino cobiçaram

Como precisava de obras
os cifrões viraram cobras
e o mercado sua presa
Decidiram em segredo
semear veneno e medo
para não haver defesa

Uma vez delineado
novo rumo p'ró mercado
marcaram demolição
Porém o povo tripeiro
tem afecto verdadeiro
pelo seu velho Bolhão...

Ponha aqui o seu pezinho
ó vizinha, ó vizinho
que nos roubam o mercado
Meta os butes ao caminho
venha mostrar o focinho
e mostrar seu desagrado

Já temos shoppings a mais
e outras lojas que tais
preferimos o Bolhão
Agora arrebenta a bolha
e há que fazer a folha
a quem quer demolição

Ó talhantes, ó peixeiras,
floristas e vendeiras
de hortaliça e de fruta
Aqui viemos dizer
que o nosso querer é poder
abaixo os filhos da puta

Nada somos separados
mas juntos somos danados
e já cresce o furacão
Não baixaremos os braços
fortes são os velhos laços
que nos ligam ao Bolhão

Esta casa que habitais
por peritos especiais
até foi classificada
Património construído
pela lei é protegido
em terra civilizada

Mas as pedras sem as gentes
são como chão sem sementes
nada criam nada falam
Se há malta que não se sente
filha é de fraca gente
gritai pois o que eles calam

Convosco faremos frente
à proposta indecente
de demolir o Bolhão
No fim faremos banquetes
mas segurai os foguetes
agora é preciso acção

Com teimosia e revolta
se dará talvez a volta
a esta pouca vergonha
Mas cautela, ó ocupante,
urge ser perseverante
porque os gajos vendem ronha

Aqui estamos e estaremos
muitos embora pequenos
e não arredamos não
Contra a corja de bandidos
de vendilhões presumidos
que cobiçam o Bolhão

Quando na cova estivermos
passados alguns Invernos
os vindouros pensarão
Obrigado companheiros
porque fostes altaneiros
na defesa do Bolhão

Acaba a canção de rua
mas a luta continua
até gritarmos vitória
O Bolhão não vai morrer
se a malta não ceder
porque é nossa esta história

Para cantar com a modinha açoreana «Ponha aqui o seu pezinho»)
Regina Guimarães








Ao Rui Rio! (musica de marco Paulo, a loira na mesa....)

Quando..
tu vens com essa cara
de presidente da câmara….
a olhar pr’a cidade

dá-me ...um arrepio na pele,

sinto a revolta do estômago,

só de pensar no que fazes!

mas tu não tens um pingo de vergonha,
queres vender o património,
nem perguntas a ninguém…
idealizando vendas e recursos,
só para o teu bolso,
vem falar para mim…

o bolhão ainda é nosso,
o ferreira Borges também,
o Rivoli escapou,
e tu fazes de conta...

mas na nossa cabeça
desvarios e loucuras
quando tu apareces
ninguém já nos segura….

rui rio
rui rio
não venhas
pr’a cá
com as tuas conversas
dar chá….

rui rio
rui rio
atira-te ó rio
não queremos contigo
vender
a cidade….





Reportagem da SIC sobre a acção realizada esta manhã às portas do mercado do Bolhão

1.2.08

Todos ao Mercado do Bolhão este Sábado (2 de Fever. às 10h)

O mercado do Bolhão corre o risco de desaparecer para sempre...

ESTE SÁBADO, 2 DE FEVEREIRO - A PARTIR DAS 10 H.
TODOS AO BOLHÃO!


O povo do Porto não está a dormir!
Este típico mercado da cidade do Porto, tem vindo a resistir ao longo dos anos, mas agora está ameaçado por fortes interesses económicos num edifício que está classificado como Património Nacional.

O presidente da Câmara do Porto, decidiu que a melhor forma de reabilitar este velho edifício era entregá-lo a uma empresa privada para o gerir nos próximos 50 anos!
A escolhida foi a multinacional holandesa TCN – Tramcrone que já está a elaborar um projecto para o mercado.

Esse projecto vai destruír o mercado tradicional, transformando este fantástico espaço em mais um Centro Comercial igual a muitos outros. Todo o interior do edifício será demolido para dar lugar à especulação imobiliária (supermercado, lojas, habitações...)

Este edifício começou a ser construído em 1851, e é actualmente o único mercado tradicional do centro da cidade, considerado a alma do Porto onde se podem ainda encontrar as típicas vendedeiras e as genuinas gentes do Porto.

Ajude-nos a salvar o mercado do Bolhão. Denuncie este atentado contra o património.

Escreva ao Presidente da Câmara do Porto:
Praça General Humberto Delgado
4049-001Porto
Email: geral@cm-porto.pt





A Baixa do Porto está triste e degradada.
A Câmara do Porto, é responsável pela manutenção dos espaços públicos e por desenvolver projectos de requalificação da cidade!

Não podemos ficar de braços cruzados a ver (des)acontecer!

Que futuro para o mercado do Bolhão?
Privatização? NÃO
Espaços públicos? SIM
Centro comercial? NÃO
Comercio tradicional? SIM
Especulação imobiliária? NÃO
Recuperação e reabilitação? SIM



Próximas vítimas: Mercado Ferreira Borges, Pavilhão Rosa Mota, Praça de Lisboa, Mercado do Bom Sucesso.

Vitimas do passado: Rivoli, Palácio do Freixo

2 de Fevereiro, 10h – ao Mercado do Bolhão: Leilão da cidade do Porto

Reunião de preparação do movimento Porta 65 Fechada (Sábado, 2 Fev, às 22h no café Piolho)

O movimento Porta 65 Fechada marcou para o fim de semana de 9 e 10 de Fevereiro uma jornada de mobilização e luta contra os condicionamentos e as reduções que foram impostas aos arrendamentos para jovens.
Para esse efeito vão realizar uma reunião final da preparação do MANI-FESTA-ACÇÃO.

O ponto de encontro será no Café Piolho este sábado, dia 2, às 22h00.

Iremos distribuir flyers e cartazes pela cidade e ultimar os preparativos. Como sempre o movimento precisa da ajuda e colaboração de todos,

Apareçam!


A fraude à lei praticada pelo primeiro-ministro: Sócrates assinava projectos de obras de que não era autor.

Um exemplo de uma casa cujo projecto tem a assinatura de Sócrates ( perdão, do Sr.Pinto de Sousa) e vejam se não tem mesmo aspecto de ser uma casa projectada à imagem do actual governo


Notícia de última hora do jornal Público:

Sócrates assinou durante uma década projectos da autoria de outros técnicos

José Sócrates assinou numerosos projectos de edifícios na Guarda, ao longo da década de 80, cuja autoria os donos das obras garantem não ser dele. Nalguns casos, esses documentos eram manuscritos com a letra de Fernando Caldeira, um colega de curso do actual primeiro-ministro que era funcionário do município e que, por isso, não podia assumir a autoria de projectos na área do concelho.

O primeiro-ministro diz que assume “a autoria e a responsabilidade de todos os projectos” que assinou e que a sua actividade profissional privada se desenvolveu “sempre nos termos da lei”. Embora se trate de uma prática sem relevância criminal, as chamadas “assinaturas de favor” em projectos de engenharia e arquitectura constituem uma “fraude à lei”, no entendimento do penalista Manuel Costa Andrade, e são unanimemente condenadas pelas organizações profissionais dos engenheiros técnicos e dos engenheiros.

31.1.08

Bilhete ao dr. A. Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados

Deixe que lhe endosse felicitações, doutor A.Marinho Pinto.

É minha convicção que, se V.Exa. continuar a falar alto e claro, vão triturá-lo, estragar-lhe a vida, insinuar que é um agitador senão mesmo um louco.

O sr. presidente do Sindicato dos magistrados já deu um sinal inquietante: V.Exa. não devia dizer o que disse, visto que de acordo com aquele notável cidadão e sindicalista, o doutor Marinho Pinto é um membro do Estado. Dadas as funções que desempenha, não devia dizer e cito de memória “o que se costuma dizer nos cafés”.

E eu direi: benditos cafés, onde pelos vistos se fura o bloqueio de negrume que começa a cobrir-nos.

E mais: pelo que se entende, é nos cafés que se dizem as coisas - que partem da convicção geral - que em certos lugares expressos e estatais não se dizem mas deviam dizer-se. E mesmo descriptar-se.

Pelo que, sr. doutor, não lhe almejo grande futuro - a não ser que como sempre sucede passem por alto as suas afirmações como se fossem fumo e, num passe de mágica ou numa finta, escondam esse “esqueleto”,que o senhor acaba de destapar, no mais profundo armário.

Seja como for e mesmo que no futuro próximo o cubram de véus ou de opróbrio, V.Exa já prestou um enorme serviço ao Povo Português: abrir como que uma fresta por onde se soltou um livre e luminoso grito de indignação.

Que as pessoas do Povo, A NÃO SER NOS CAFÉS, por medo ou desesperança, já não se atrevem a soltar!

Bem haja, sr. Bastonário da Ordem dos Advogados!

Nicolau Saião

Nota – O dr. António Marinho Pinto, actual Bastonário da Ordem dos Advogados (cargo a que na recente eleição acedeu por maioria absoluta) deu uma entrevista à rádio na qual chamava vivamente a atenção para as “ligações perigosas” entre políticos dos governos e empórios argentários e comerciais.

(Texto enviado como comentário, mas não publicado, como ultimamente costuma ser cada vez mais frequente em relação aos comentadores em geral, no Portugal Diário).

O texto supra foi encontrado em:
http://triplov.com/blog/?p=510

A engorda do capital com a ajudinha do xuxialista Pinto de Sousa (vulgo, Sócrates)

Milhões para o capital

Entre 2004 e 2006, os lucros da banca cresceram 135 por cento.

Em 2006, os lucros das 500 maiores empresas não financeiras aumentaram 67 por cento. Nesse ano, os lucros dos cinco maiores grupos bancários, somados aos da PT, e Sonae, ultrapassaram 5 mil milhões de euros. E em 2007 continuaram a subir (mais 22 por cento, só no primeiro semestre). Os bancos e seguradoras alcançaram os lucros mais elevados de sempre (2 721 e 704 milhões de euros, respectivamente).

Só no primeiro semestre de 2007, os lucros das grandes companhias petrolíferas aumentaram 71 por cento, relativamente ao mesmo semestre de 2006, enquanto os lucros dos bancos cresceram 25 por cento.

No final de 2007, a lista das cem pessoas mais ricas do País juntou fortunas no valor de 34 mil milhões de euros (mais 36 por cento do que 2006), o que representa quase um quarto da riqueza produzida em Portugal e equivale a um salário mensal de 500 euros, pago a um milhão de trabalhadores, durante 5 anos.

São generosamente recompensados vários «gestores de topo» (que, por regra, fazem carreira associados a grupos económicos e aos partidos do «centrão»).
Paulo Teixeira Pinto, ex-presidente do BCP, saiu com uma indemnização de 10 milhões de euros e uma pensão anual de 500 mil euros (mais de 35 mil euros por mês).
Excluindo as remunerações variáveis (que representam outro tanto!), Henrique Granadeiro e administradores da PT recebem quase 87 mil euros por mês; a Brisa paga 137 mil euros; o BCP, 211 mil euros; a Sonae, 65 mil; o BPI, 62 mil; o BES e a Semapa, 50 mil.


Dar a quem mais tem, essa foi a opção no Orçamento de Estado

No Orçamento de Estado para 2008, quase duplicaram os benefícios fiscais destinados ao off-shore da Madeira, que passaram de mil milhões de euros, em 2007, para 1 780 milhões. Esta verba representa 44 por cento do défice das contas públicas previsto para este ano.

Ficaram apartados 1 200 milhões de euros, para estudos e pareceres, muitos dos quais vão alimentar a clientela que gravita ao redor da oligarquia que tem o comando do País.
O mesmo Governo e o mesmo PS que decidiram estas benesses, impuseram aos reformados um novo agravamento dos impostos, colocaram os salários da Administração Pública a perder poder de compra pelo sétimo ano consecutivo


Subida dos preços acima da inflação

No início do ano ocorreu um novo aumento generalizado de preços, em regra superiores à inflação prevista pelo Governo e que é esgrimida para travar a justa actualização de salários.

Os portugueses têm que pagar mais 3,9 por cento nos transportes; até mais 30 por cento no pão; mais 5 a 10 por cento, nos restantes produtos alimentares (e ainda mais no leite e derivados); mais 2,9 por cento na electricidade; mais 4,3 a 5,2 por cento no gás; mais 2,6 por cento nas portagens.

Na saúde, em 2007, as despesas subiram em média 7,5 por cento, o triplo da inflação registada; só os custos dos serviços hospitalares cresceram 53,8 por cento; e o Governo tenciona aumentar as taxas moderadoras em 4 por cento.

O aumento das taxas de juro sobrecarrega os orçamentos de um milhão e seiscentas mil famílias com empréstimos para habitação, cujas taxas de juro subiram quase 25 por cento em 2007. No ano anterior, já tinham disparado 46 por cento. Esta subida das taxas, no ano passado, traduziu-se, em média, num aumento de cerca de 13 por cento nas prestações mensais, segundo uma estimativa do Diário de Notícias (2 de Janeiro).
Acresce a subida do preço dos combustíveis...


O desemprego não pára de subir, ainda por cima com menos apoio social

Os níveis de desemprego são os mais elevados desde Abril de 1974, afectando 451 mil trabalhadores (média dos três primeiros trimestres de 2007), com uma taxa de 8 por cento, em sentido restrito (em sentido lato, incluindo as categorias estatísticas dos «inactivos disponíveis» e do «subemprego visível», são 595 mil desempregados e 10,5 por cento).

A taxa anual de desemprego está em crescimento desde 2001, e desde 2002 sobe o desemprego de longa duração (12 meses ou mais).

Entre o 1.º trimestre de 2004 e o 3.º trimestre de 2007, o número de desempregados aumentou 29 por cento (de 347 200 para 444 400), mas passaram a receber subsídio de desemprego menos 9 por cento (de 290 200 para 264 200). A percentagem de desempregados com direito a subsídio desceu de 89,6 por cento para apenas 59,5 por cento.

Portugal é campeão da desigualdade na divisão de rendimentos

A parte dos salários no rendimento nacional, que atingiu 59 por cento em 1975, era de 40 por cento em 2004.

Em 2005, Portugal apresenta o maior nível de desigualdade de rendimentos entre os estados membros da UE27.
Na relação entre as partes recebidas pelos 20 por cento com maiores rendimentos e os 20 por cento com menores rendimentos, Portugal (e Lituânia) apresentavam um rácio de 6,9 (a média da UE25 era 4,9 e o rácio mais baixo pertencia à Finlândia, com 3,5). Em 2006, este indicador baixou... para 6,8.

Pobreza aumenta nos trabalhadores

Quase dois milhões de pessoas estão em risco de pobreza, com o INE a revelar, no dia 15, que esta situação abrangeu, no inquérito de 2006, 18 por cento da população residente (com rendimentos até 366 euros por mês, por adulto equivalente).

Em 2004, 12,2 por cento dos assalariados trabalhando a tempo completo recebiam menos de dois terços do ganho mediano (Quadros de Pessoal), uma indicação da incidência da pobreza laboral.

O estudo a «Pobreza em Portugal» revelou que 40 por cento dos pobres são trabalhadores por conta própria ou por conta de outrem. Em cada quatro assalariados a tempo inteiro, um aufere salário de base que não supera o salário mínimo nacional em mais de 15 por cento.

O salário mínimo afastou-se progressivamente do salário médio (de 68 por cento, em 1981, para menos de 50 por cento, em 2004).

Ainda mais grave se apresenta a situação das mulheres, cujo salário médio, em 2005, era de cerca de 77 por cento do dos homens. O indicador de baixos salários (até dois terços do ganho salarial mediano) teve no final do período analisado pela Comissão do Livro Branco (1995-2005), quando equivalia a 432 euros, o ponto mais elevado dos últimos sete anos (12,8 por cento do total de trabalhadores e trabalhadoras a tempo completo e com remuneração completa); mas era de 18,6 por cento, para as mulheres, e de 8,6 por cento, para os homens.

Migalhas e indignidade

As pensões (de reforma e outras) tiveram, este ano, aumentos diários médios que se situam entre 21 cêntimos e 32 cêntimos, no regime contributivo, e que foram de 16 cêntimos, no caso da pensão social, e 19 cêntimos, nos agrícolas. Graves perdas sofrem ainda com a aplicação da nova fórmula de cálculo e do «factor de sustentabilidade», que o Governo PS introduziu.

Em 2004, a pensão média de velhice das mulheres correspondia a 61 por cento da dos homens; no caso da pensão por invalidez, representava 75 por cento.


Fonte: aqui